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Para estudar a influência da distribuição temporal das chuvas, Arnell (1984) apud Canholi (2005) realizou uma análise comparativa entre os volumes de reservação necessários para bacias de detenção em função da chuva de projeto adotada. Em seu estudo, foi realizada a distribuição temporal das precipitações para quatro métodos (Huff 1° e 2° quartil, Método de Chicago, e Blocos Alternados), a fim de comparar a forma dos ietogramas para cada método de distribuição espacial da chuva, conforme Figura 7. O estudo mostra que os menores picos de vazão excedente ocorreram para chuvas que se comportam de acordo com a distribuição de Huff 1º quartil.

Figura 7 - Comparação entre distribuições temporais de chuva para amortecimento de bacias de detenção Fonte: CANHOLI, 2005

Conte (2001) apud Canholi (2005) apresentou resultados de experiências obtidas na utilização do método SCS com a finalidade de definir diretrizes de projeto em bacias hidrográficas da região metropolitana de São Paulo, recomendado para bacias de drenagem

entre 1 km2 e 100 km2. Em suas análises, foi adotada a equação IDF para São Paulo com chuva de 2 horas de duração e distribuição temporal de Huff 1º quartil. Assim, foram calculadas as vazões de pico para áreas densamente povoadas de 1, 5, 10, 25, 50 e 100 km2, conforme Figura 8.

Figura 8 - Hidrogramas característicos para TR=25anos; CN=86; P=75,8mm; e d= 2 horas. Fonte: Conte (2001) apud Canholi (2005)

Para a elaboração de ietogramas de projeto característicos para Portugal, Brandão et al. (2001) aplicaram o método de Huff (1967) em três postos pluviométricos, localizados nas cidades de Lisboa, Évora e Faro em Portugal.Para isso, foram elaborados pelos pesquisadores:  Inventário com a lista descritiva das chuvas, com a data, hora de início, precipitação

total, intensidade e duração do evento;

 Seleção dos eventos intensos, considerados como aqueles com precipitação total superior a 25 mm;

 Determinação da precipitação acumulada percentual do evento pluviométrico;

 Subdivisão dos eventos nos quatro quartis de acordo com a metodologia proposta por Huff (1967);

 Determinação das probabilidades de excedência com destaque para as probabilidades de 10%, 50% e 90% para cada quartil;

 Comparação dos resultados com os obtidos por Huff.

Dentre as conclusões dos autores, verificou-se a predominância nas chuvas analisadas de ietogramas tipo Huff do 1º Quartil, ou seja, ocorrência da maior percentagem da

precipitação total da chuva no primeiro quarto de duração. As frequências das precipitações ocorridas em cada quartil obtidas pelos pesquisadores são apresentados no Quadro 2.

Quadro 2 - Frequência de precipitações ocorridas em três postos de Portugal e os respectivos quartis de ocorrência

QUARTIL Postos Pluviométricos Frequência Relativa (%)

1º Quartil Lisboa 31,1 Évora-Cemitério 30,4 Faro-Aeroporto 26,7 2º Quartil Lisboa 28,0 Évora-Cemitério 27,2 Faro-Aeroporto 23,0 3º Quartil Lisboa 19,7 Évora-Cemitério 25,0 Faro-Aeroporto 24,4 4º Quartil Lisboa 21,2 Évora-Cemitério 17,4 Faro-Aeroporto 25,9

Fonte: Adaptado de Brandão et. al (2001)

Foram realizadas também análises das precipitações em relação a sua probabilidade de ocorrência, de modo a comparar os resultados com aqueles obtidos por Huff (1967). Dessa forma, os dados foram analisados estatisticamente para agrupá-los em relação a probabilidade de excedência do evento de 10%, 50% e 90%. Os resultados mostraram boa correlação de dados com relação aos obtidos por Huff. Os resultados para os postos pluviométricos analisados com 10% de probabilidade de excedência são apresentados na Figura 9.

Figura 9 - Resultados obtidos por Brandão et. al (2001) para os postos de Portugal e comparação dos resultados com os obtidos por Huff (1967) com 10% de probabilidade de excedência

Fonte: BRANDÃO et. al (2001)

Vasconcelos (2007) realizou análise estatística das chuvas baseada no método de Huff para a região do Córrego do Gregório em São Carlos/SP. Foram utilizados dados de uma estação hidrometeorológica próxima ao divisor de águas da bacia e de um pluviômetro às margens do Córrego do Gregório (próximo ao Fórum municipal de São Carlos – SP).

Foram selecionados 71 eventos no período de janeiro de 2004 a Dezembro de 2005, sendo considerados apenas os eventos com precipitação total superior a 10 mm e de duração entre 45min e 6 horas. Para caracterizar os eventos, foram elaborados gráficos adimensionais de precipitação no tempo para dividir as chuvas nos respectivos quartis.

Os resultados mostraram que 31% das chuvas pertencem ao grupo do 1º quartil, 45% ao grupo do 2º quartil, 21% ao grupo 3º quartil e 1% ao grupo 4º quartil. Dessa forma, as chuvas na região situam-se entre o primeiro e o segundo quartil em 76% das ocorrências.

A lâmina precipitada média foi de 22 mm, com duração de 161min e intensidade de 10 mm/h.As distribuições adimensionais das chuvas obtidas pelos autores são apresentadas nas Figuras 10 a 13. Nestes gráficos o eixo da abscissa corresponde a proporção do tempo em

relação a duração total da chuva, e o eixo da ordenada a proporção da precipitação acumulada em relação ao total precipitado.

Figura 10 – Resultados dos eventos de precipitação com pico no 1o quartil para chuvas localizadas no Córrego

do Gregório – São Carlos/SP Fonte: VASCONCELOS (2007)

Figura 11 - Resultados dos eventos de precipitação com pico no 2o quartil para chuvas localizadas no Córrego do

Gregório – São Carlos/SP Fonte: VASCONCELOS (2007)

Figura 12 - Resultados dos eventos de precipitação com pico no 3o quartil para chuvas localizadas no Córrego do

Gregório – São Carlos/SP Fonte: VASCONCELOS (2007)

Figura 13 - Resultados dos eventos de precipitação com pico no 4o quartil para chuvas localizadas no Córrego do Gregório – São Carlos/SP

Fonte: VASCONCELOS (2007)

Dessa forma, em estudos de drenagem urbana em que os eventos de maior impacto são os de curta duração, as contribuições dos autores acerca das distribuições temporais de chuva apontam uma melhor representatividade dos resultados utilizando-se do método de Huff para o 1º quartil, como evidenciado por Vanconcelos (2007) para o Córrego do Gregório em São Carlos – SP; Canholi (2005); Conte (2001) para a região metropolitana de São Paulo; Brandão et al. (2001) para cidades de Portugal; e Arnel (1984).