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Influência da Geologia

No documento Sara Sousa Pedro Goulart Rocha (páginas 97-108)

4. Geotermia na Ribeira Grande – Caso de Estudo

4.3. Resultados e Tratamento de Dados

4.3.4. Discussão dos Resultados

4.3.4.2. Influência da Geologia

A introdução de uma condicionante geológica tem como objectivo estudar um possível padrão de distribuição das temperaturas em zonas da área em estudo com a mesma litologia. A carta escolhida para esta comparação foi a carta geológica de S. Miguel de Moore (1991) representada na Figura 4.38.

Nesta carta as unidades geológicas descritas estão estruturadas da seguinte forma, o primeiro carácter indica o tipo de depósito: c – cone (incluindo os anéis das pedra-pomes), d – doma, p - depósitos piroclásticos, o – depósitos de caldeira, f – escoada lávica, k – dique. O segundo símbolo corresponde ao intervalo de idades dos materiais se encontram. Começando pelo mais recente vem: 9 – menos de 750 anos, 8 – entre 750 e 1500 anos, 7 – entre 1500 e 3000 anos, 6 – entre 3000 e 5000 anos, 5 – entre 5000 e 10000 anos, 4 – entre 10000 e 30000 anos, 3 – entre 30000 e 100000, 2 – entre 100000 e 200000 e 1 – mais de 200000 anos.

R² = 0,007 18,5 28,5 38,5 48,5 58,5 68,5 78,5 88,5 18,5 20,5 22,5 24,5 26,5 28,5 30,5 4ª M ed içã o (º C) Temperatura Ambiente (ºC)

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O último carácter simboliza o tipo de rocha: a – ankaramítico, b – basanitóide, k – basalto alcalino com olivinas, h – havaíto, m – mugearitos, y – rochas híbridas, r – tristanito, t – traquito.

Figura 4.38 - Carta geológica da área em estudo (adaptado de Moore, 1991).

O procedimento de comparação baseou-se em cruzar o mapa geológico de Moore (1991) com as temperaturas médias medidas em todos os furos/pontos do trabalho de campo, através da ferramenta informática ArcGis 9.3.1. Foi estabelecida uma análise qualitativa.

A Figura 4.39 representa a unidade mais recente da área em estudo estabelecida por Moore (1991). Não é possível traçar um padrão, uma vez que a sua área é pequena e contém

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79 apenas dois furos, um dos furos foi danificado e o outro possui de uma temperatura média de 23,7ºC.

A unidade f9b corresponde a escoadas lávicas do tipo pahoehoe resultante de uma erupção basáltica. Esta erupção teve origem no Pico Queimado, na freguesia de Santa Bárbara, situado a 5,5 km da Lagoa de Fogo. A erupção é datada de 1563 a.C. e soterrou toda a freguesia da Ribeira Seca. A rocha é composta essencialmente por 3-5% de fenocristais de olivina e numerosos xenólitos sieníticos.

Figura 4.39 - Distribuição das unidades geológicas f9b segundo Moore (1991) e temperaturas médias na área em estudo.

A Figura 4.40 mostra a escoada havaítica, correspondente a uma idade compreendida entre 1500 e 3000 anos. Na área que engloba esta unidade geológica as temperaturas situam-se maioritariamente entre os 20ºC e os 25ºC. Não existindo mais nenhum local com estas

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características na área em estudo, não se pode criar um padrão de comparação para temperaturas do solo.

Nos depósitos piroclásticos tipo spatter (c7h) e nas escaodas lávicas tipos pahoehoe e aa, os havaítos são compostos por 2-4% de plagiocase e menos de 1% de fenocristais de piroxena. Estes depósitos estão intercalados com a unidade p da carta geológica (esta unidade será descrita mais à frente).

Figura 4.40 - Distribuição das unidades geológicas f7h-c7h segundo Moore (1991) e temperaturas médias na área em estudo.

A Figura 4.41 representa as unidades geológicas depositadas entre 3000 e 5000 anos. As temperaturas estão compreendidas maioritariamente entre [22,50 – 24,49] ºC, havendo cinco furos nulos.

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81 As unidades dos depósitos piroclásticos (c6y) e das escoadas lávicas dos tipos pahoehoe e aa, do basalto híbrido têm os seguintes composições: 4-8% de plagioclase e menos de 1% de fenocristais de olivina e piroxena. Estas unidades estão intercaladas com a unidade p.

Figura 4.41 - Distribuição das unidades geológicas c6y-f6y segundo Moore (1991) e temperaturas médias na área em estudo.

O mapa da Figura 4.42 mostra as unidades c5y-f5y, c5a-f5a, c5b e f5b. Nestas unidades as temperaturas mais abundantes estão no intervalo de [22,50 – 24,99] ºC, apesar desta maioria, as temperaturas assistidas nestas unidades são muito dispersas, havendo temperaturas de todas as classes acima de 20ºC, existindo quatro furos com temperaturas muito elevadas [27,50 – 79,55] º C, todos localizados na unidade f5b, correspondente a fluxos de lava pahoehoe e aa. Todas estas unidades estão datadas entre 5000 e 10000 anos.

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Figura 4.42 - Distribuição das unidades geológicas c5y-f5y; c5a-f5a; c5b; f5b segundo Moore (1991) e temperaturas médias na área em estudo.

As figuras seguintes correspondem a unidades geológicas com idades compreendidas entre os 30000 e os 100000 anos. Nas Figuras 4.43 e 4.44 estão representadas as unidades de f3r – Escoada lávica de Tristanito, e de d3t – Domas traquíticos, respectivamente. O tristanito é composto essencialmente por 10-15% de feldspato alcalino e 1-2% de fenocristais de piroxena, a composição mais comum dos traquitos é 5-12% feldspato alcalino e menos de 1% de fenocristais de biotite.

Nestas unidades, que ocupam uma pequena área, as temperaturas predominantes estão compreendidas entre os [20,00 – 22,49] ºC, não revelando um padrão de distribuição.

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83 Figura 4.43 - Distribuição da unidade geológica f3r segundo Moore (1991) e temperaturas médias na área

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Figura 4.44 - Distribuição da unidade geológica d3t; área em estudo.

A unidade o3t representa depósitos de uma caldeira de escoamento. O traquito pedra- pomes contém nas suas propriedades 4-8% de feldspatos alcalinos, 1-3% de plagioclase e menos de 1% de fenocristais de biotite.

O padrão de temperaturas na unidade o3t (Figura 4.45) está compreendido entre [20.00 - 22.49] ºC e contém poucos furos pelo que não se podem estabelecer correlações fidedignas.

A Figura 4.46, unidade litológica f3 corresponde a uma escoada vulcânica de 30000 a 100000 anos de existência. Nesta unidade só está representado um ponto, com temperaturas entre [19,00 – 19,99] ºC. Como só existe uma amostra é impossível identificar-se um padrão de temperaturas.

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85 Figura 4.45 - Distribuição da unidade geológica o3t; área em estudo.

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Figura 4.46 - Distribuição da unidade geológica f3; área em estudo.

A unidade o2t (Figura 4.47) é representativa dos anos 100000 a 200000, e tem a classificação de tufos ricos em obsidiana e associado a depósitos piroclásticos de fluxo. Os traquitos pomíticos representantes desta unidade têm os seguintes componentes: 3-10% de feldspatos alcalinos, e menos de 1% de fenocristais de biotite.

Como se pode verificar através do mapa Figura 4.47, esta unidade situa-se na costa norte da ilha ao longo das freguesias da Ribeirinha até Porto Formoso e praticamente não contém pontos de observação.

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87 Figura 4.47 - Distribuição da unidade geológica o2t; área em estudo.

Na Figura 4.48 pode-se visualizar a unidade p, que corresponde a depósitos piroclásticos de pomitos traquíticos. Quanto às temperaturas da unidade p, predominam as temperaturas entre os [20,00 – 22,49] ºC e [22,50 – 24,99] ºC.

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Figura 4.48 - Distribuição da unidade geológica p; área em estudo.

Pode concluir-se que os afloramentos rochosos não afectam directamente as temperaturas medidas neste trabalho de campo, uma vez que a profundidade dos furos realizados não foram profundos o suficiente para chegar à rocha mãe desta unidade e porque as temperaturas médias de todas as unidades geológicas foram muito semelhantes, não se podendo fazer uma correlação entre as litologias e de temperaturas registadas em campo.

De qualquer maneira a unidade geológica onde as temperaturas registadas foram mais elevadas corresponde à unidade f5b.

No documento Sara Sousa Pedro Goulart Rocha (páginas 97-108)

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