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5.5  Resultados e discussão 31 

5.5.2  Influência da subestimação de FLO em amostras 2,00 mm para

Em geral, ocorreu uma maior subestimação da FLO nos sistemas com maior aporte de C, o que poderia mascarar os efeitos dos sistemas de manejo. Este aspecto é fundamental, por exemplo, quando se avalia diferentes

35 sistemas de manejo do solo quanto à sua eficiência na proteção física da MOS, onde a FLO é a fração de principal interesse. Na Figura 4 observa-se a variação de C-FLO entre os dois sistemas de manejo em cada solo (Δ C-FLO), quando utilizado amostras de < 2,00 mm e < 9,51 mm (ver equações 4 e 5).

Em todos os solos avaliados a diferença de C-FLO entre o sistema de manejo com maior aporte de C e menor aporte de C diminuiu em amostras < 2,00 mm. Nas amostras < 9,51 mm, esta diferença variou de 3,3 a 3,6 (g C kg-1), enquanto, nas amostras < 2,00 mm, as diferenças foram menores, e variarando de 2,1 a 2,8 (g C kg-1). Esta menor diferença entre os sistemas de manejo deve-se a liberação de MO oclusa com o rompimento dos agregados entre 9,51 e 2,00 mm, a qual foi maior nos sistemas de manejo com maior aporte de C, reduzindo assim as diferenças em comparação aos sistemas com baixo aporte de C.

Figura 4. Variação no estoque de C da fração leve oclusa (C-FLO), obtida pela diferença entre o sistema de manejo com maior aporte de carbono ao solo e o com menor aporte, para cada solo avaliado, utilizando C-FLO obtida em fracionamento físico com amostras de 9,51 e 2,00 mm. Nos solos LV-D e LV-M ocorreu a maior redução na diferença de FLO entre os dois sistemas de manejo em cada experimento, e desta forma, estes seriam os solos mais afetados com uso de amostras < 2,00 mm para avaliar o efeito dos sistemas de manejo na proteção física da MOS. Porém, como se trata de sistemas de manejo extremos em cada experimento de campo, apesar

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 PVd–ES LVdf-CG LVdf-D LVd-M LVdf-CR Δ C-FLO (g kg -1 solo) 9,5 mm 2,00 mm 2,0 mm 9,51 mm

36 da subestimação de FLO ainda foi possível observar diferenças entre os tratamentos. Entretanto em casos onde a diferença entre os sistemas de manejo fossem menores, a utilização de amostras < 2,0 mm poderia não as demostrar diferenças.

O percentual de participação da FLO no C total da fração leve e do solo inteiro também foi alterado, reduzindo em todos os sistemas de manejo com uso de amostras < 2,00 mm (Figura 7). Para o total de C da fração leve (FL), a FLO representava mais de 60% do total de FL em amostras < 9,51 mm, e com o uso de amostras < 2,00 mm, este percentual reduziu, principalmente nos solos com maior estoque de C (Figura 5A). No LV-CG em PC, o estoque de C- FLO foi menor que da FLL para amostras < 2,00 mm (Tabela 5). Este comportamento não é esperado quando se utiliza o politungstato de sódio no fracionamento físico (Conceição et al., 2007), pois a FLL está mais sujeita à decomposição enquanto que a FLO que conta com a proteção física no interior de agregados, e por isso pode permanecer no solo por mais tempo (Golchin et al., 1994b; Conceição, 2006).

No C total do solo, o efeito da subestimação em amostras < 2,00 mm foi mais pronunciado que na FL total (Figura 5B). Em amostras < 2,00 mm a participação da FLO no C total do solo foi praticamente a metade do encontrado em amostras 9,51 mm. No caso do LV-CG, o sistema de manejo com menor aporte de C (PC) e menor massa de agregados > 2,00 mm passaria a ter uma relação C-FLO/COT maior que o sistema de manejo com alto aporte e presença de gramíneas (LV-CG), quando do uso de amostras < 2,00 mm.

Na avaliação da qualidade de sistemas de uso e manejo na proteção física da MOS, além dos valores absolutos de C-FLO é importante avaliar quanto da diferença entre os sistemas de manejo é devido ao acúmulo em FLO, para inferir sobre a magnitude dos mecanismos de estabilização em cada sistema (Conceição, 2006). Assim, tomando-se os sistemas com baixo aporte de C como referência, calculou-se quanto do aumento de COT (Δ COT) nos sistemas de manejo com alto aporte foi devido ao acúmulo de C na FLO (Δ C- FLO), obtendo-se a relação (Δ C-FLO/ΔCOT) em cada granulometria de amostra utilizada (ver equações 6 e 7).

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Figura 5. Proporção de C-FLO na fração leve (A) no carbono total do solo (B), em fracionamento físico com amostras de 9,51 e 2,00 mm.

Em todos os solos, a participação da FLO no acúmulo de C no solo diminuiu com fracionamento físico a partir de amostra < 2,00 mm devido à menor recuperação da FLO neste tamanho de amostra (Tabela 5). O efeito foi maior nos dois solos que combinam maior teor de argila (LV-D e LV-M) e pastagem permanente do sistema com maior aporte de C. Nestes solos, ambos os sistemas de manejo têm mínimo revolvimento do solo o que beneficia a

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 FLO/FL FLO/FL A 9,51 mm 2,00 mm 0 5 10 15 20 25 30 PC PC PD PD PC PD PP PP PP PD PVd – ES LVdf - CG LVdf - D LVd - M LVdf - CR . PVd – ES LVdf - CG LVdf - D LVd - M LVdf - CR B % FLO/FL x 100 % FLO /COT x 100

38 formação de agregados > 2,0 mm, sendo assim, a FLO neste tamanho de agregado é de maior importância na diferenciação entre os sistemas de manejo.

Em Campo Grande (LV-CG), havia pastagem permanente no sistema com alto aporte de C, enquanto que o outro sistema de manejo era cultivado com lavoura de soja em PC somente no verão, tendo assim um baixo aporte de resíduos na parte aérea e via sistema radicular, apresentando apenas 12% de agregados > 2,00 mm (Tabela 6), e além disso tem menor teor de argila (Tabela 3). Todos esses fatores somados podem ter colaborado para que a obtenção de FLO com amostra < 2,00 mm tenha sido tão elevada. Com a ausência de gramínea no sistema PC e maior teor de areia, quando o solo é submetido à moagem para passar em peneira de 2,00 mm, poderia ocorrer um maior rompimento da sua estrutura, “pulverizando” o solo, enquanto que em solos com gramíneas, o entrelaçamento dos agregados pelas raízes (Silva & Mieniczuk, 1997) poderia ajudar a mantê-los unidos em estruturas menores sem a total desfragmentação.

Figura 6. Variação na relação carbono da fração leve oclusa e carbono do solo (Δ C-FLO/COT), obtida pela diferença entre o sistema de manejo com

maior aporte de carbono ao solo e o com menor aporte, para cada solo avaliado, utilizando C-FLO obtida em fracionamento físico com amostras de 9,51 e 2,00 mm. 0 5 10 15 20 25 30 35 40 PVd–ES LVdf-CG LVdf-D LVd-M LVdf-CR Δ C-FLO/ Δ C-solo 9,5 mm 2,0 mm

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