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Influência de práticas silviculturais na tensão de crescimento

2.4 Influência de práticas silviculturais na qualidade madeira de eucalipto

2.4.2 Influência de práticas silviculturais na tensão de crescimento

Normalmente, desbastes em populações de eucalipto proporcionam madeira de excelente qualidade, porém, March & Burger (1967) recomendam desbastes conservadores durante a primeira metade da vida útil das populações e um aumento na intensidade, suficiente para manter constante a taxa de crescimento, pois alterações bruscas na taxa de crescimento podem aumentar as rachaduras de topo (Kubler, 1987).

Malan (1988), estudando características de crescimento em E. grandis, na África do Sul, supõe que práticas silviculturais podem não ser um instrumento para

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33 reduzir o nível de tensões de crescimento em árvores, pois os fatores genéticos podem estar envolvidos.

Ponce (1994) afirma que existe uma tendência de se atribuir às grandes taxas de crescimento a causa das tensões de crescimento e suas conseqüências nos eucaliptos. Todavia, não está provado que taxas maiores de crescimento induzem maiores níveis de tensões de crescimento. Deve-se entender então que tensão de crescimento não se trata de tensão de velocidade de crescimento.

Ferrand (1983), estudando o efeito dos desbastes no nível de deformação de crescimento em E. delegatensis e E. nitens, verificou que desbastes moderados não influenciaram o nível de deformação de crescimento. Entretanto, desbastes intensos e precoces reduziram o nível de deformação de crescimento. O nível de deformação de crescimento parece ser fortemente relacionado com a competição entre árvores. Isso pode ser verificado comparando-se a área basal do povoamento e o nível de deformação de crescimento.

Enquanto as intensidades de desbastes não provocarem reorientação das copas das árvores, elas poderão diminuir o nível de tensão de crescimento. Entretanto, quando as intensidades de desbaste forem muito rigorosas, fato que pode provocar novas orientações das copas das árvores, então o nível de tensão de crescimento pode ser aumentado (Kubler, 1987).

Wilkins & Kitahara (1991) avaliaram os efeitos de desbastes em

E.grandis no nível de deformações periféricas de crescimento e concluíram que houve

um aumento na taxa de crescimento aliado a uma diminuição no nível de deformações periféricas de crescimento.

Wilson (1985) observou, seis semanas após o corte de obtenção das toras, um aumento da intensidade de rachaduras de topo de toras com o aumento do diâmetro para o E. macarthurii e E. elata e presumiu que isso foi devido ao aumento da proporção de madeira juvenil em relação à madeira adulta, uma vez que nessas espécies o lenho juvenil é mais suscetível ao colapso.

Shield (1995) considera que com o aumento do diâmetro da tora, seja através de desbastes ou da extensão da rotação, diminui o efeito da tensão de crescimento sobre as peças serradas. Entretanto, segundo o autor, isso é atribuído a uma diminuição do gradiente de tensão com o aumento do diâmetro e não a diminuição propriamente dita da intensidade da tensão.

34 Malan & Hoon (1992) analisaram um povoamento de E. grandis de 34 anos de idade, em diferentes séries de desbastes sucessivos. Concluíram que os desbastes gradativos não tiveram uma tendência sistemática de reduzir ou aumentar os níveis de tensões de crescimento.

Zobel (1992) destaca que qualquer alteração do padrão de crescimento de uma árvore, resultante ou não de intervenções silviculturais, pode causar variações na qualidade da madeira, sendo que não é possível prever em que sentido essas variações ocorrerão. O autor sustenta que a adoção de um espaçamento maior no plantio evita mudanças abruptas nas condições de luminosidade, umidade e competição entre árvores, evitando alterações súbitas na qualidade da madeira. O mesmo foi observado por Wilkins & Kitahara (1991) que verificaram a existência de uma forte correlação entre as deformações de crescimento com o aumento do grau de competição entre árvores.

As árvores que são plantadas em espaçamento mais amplo normalmente crescem mais rapidamente do que aquelas plantadas em espaçamento mais estreito. Entretanto, em determinada idade, elas terão maior tendência ao forquilhamento devido à ação dos ventos, maior conicidade, maior tortuosidade, ramos mais grossos e copas mais extensas que as árvores de plantios mais densos. Também existe a possibilidade dessas árvores favorecerem a formação de maior proporção de lenho de reação (Couto et al. ,1977 e Daniel et al., 1979).

Miranda & Nahuz (1999), em um estudo sobre a influência do espaçamento sobre os índices de rachamento após o desdobro e após a secagem de

E. saligna, concluíram que o espaçamento influenciou esses índices. Porém, não foi

possível estabelecer a relação entre o espaçamento e rachamento das tábuas após o desdobro e após a secagem.

Segundo Malan (1984), na África do Sul, em geral, para populações de eucaliptos em sítio de melhor qualidade ocorre um aumento da rachadura e em sítio de pior qualidade ocorre uma diminuição de rachadura na madeira.

Garcia & Lima (2000), em um estudo da variação da tensão de crescimento em uma população de E. grandis de 18 anos de idade, manejada através de desbastes sucessivos, concluíram que os índices de rachaduras de extremidades de tora sofreram uma pequena influência da intensidade de desbaste. A influência dos

35 desbastes também, não apresentou uma tendência marcante, sendo em geral benéficos para essa variável.

Poda severa aplicada em E. grandis aos 10 anos e avaliada em seguida causou aumento das rachaduras de topo, devido à nova orientação das copas das árvores (Luckhoff, 1967); entretanto não tiveram nenhum efeito significativo em árvores colhidas 10 anos após a poda, pois com o passar do tempo, as árvores tendem a se estabilizarem e as tensões de crescimento também se estabilizam ( Bredenkamp et al., 1980).

3 MATERIAL E MÉTODOS

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