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81 da informação e à falta de apoio e recursos na prática clínica Apesar da introdução de

métodos de pesquisa nos currículos de enfermagem, ainda há muitos enfermeiros que não foram formados com o conhecimento e as habilidades necessárias para implementar a evidência na prática. Assim, intervenções educativas com um nível de formação mais exigente sobre pesquisa de evidências é necessário para motivar os enfermeiros a procurar conhecimentos baseados na evidência científica, os quais sejam passíveis de ser aplicados na prática clínica e, consecutivamente, uma obtenção na melhoria dos cuidados relativamente às UP. Também Beeckman (2011) refere que as principais barreiras para o uso do conhecimento na prática clínica incluem que as guidelines não estão disponíveis, não há acesso à investigação, instalações precárias para a implementação, a falta de colegas competentes, a falta de tempo para a leitura e aplicação, as características dos enfermeiros, falta de autoridade na organização, o processo de utilização e organização, entre outros. De acordo com Kajermo et al. (2008), os enfermeiros e gestores de enfermagem devem criar metas e estratégias claras/realistas para apoiar o desenvolvimento e as possibilidades dos enfermeiros para implementar os resultados da investigação na prática clínica. Rodrigues (2009) afirma que o conhecimento de prevenção e tratamento de UP, por si só, podem não ser indicadores de que os enfermeiros, na prática clínica, estão atentos à problemática ou prestam, de facto, os cuidados que explicitam, pois Gunninberg (2001), refere que, por vezes, os enfermeiros apresentam altos conhecimentos na área, mas não os utilizam na definição de prioridades, aplicação de estratégias e métodos de prevenção na prática. O conhecimento adquirido pelos profissionais de saúde é limitado pela sua colocação em prática, visto que o conhecimento é necessário, mas não é suficiente para a ação, pois é necessária a sua aplicação. Assim, por muita que seja a aquisição de conhecimentos, não é garantido que as mudanças ocorram na prática (Arblaster, 1998).

No que toca à relação entre as variáveis estudadas e o tempo de experiência profissional, verifica-se que o tempo de experiência profissional apenas influencia os conhecimentos dos enfermeiros relativamente ao tratamento das UP, não se encontrando diferenças estatísticas significativas relativamente às restantes dimensões estudas. Este é um achado que se encontra totalmente em concordância com o estudo de Pancorbo-Hidalgo et al (2007), no qual se inferiu que o número de anos de experiência profissional afeta significativamente o nível de conhecimento relativamente às intervenções de tratamento de UP, mas não influencia a prática clínica. Já no estudo de Gallant et al (2010), os anos de experiência não têm influência sobre o conhecimento dos enfermeiros.

Ainda em relação à dimensão “conhecimentos de tratamento” dos enfermeiros, inferiu-se que os enfermeiros com mais conhecimentos são os que têm mais de 15 anos de experiência profissional. Verificamos no estudo de Rodrigues (2009) que os extremos em anos de experiência são os que menos conhecimentos apresentam, portanto os enfermeiros com menos de 2 anos e com mais de 20 anos de serviço. Quanto ao tempo de exercício

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profissional, Pancorbo et al (2007) afirmam que uma maior experiência melhora a prática no entanto explica, também, que a partir dos 20 anos de experiência profissional é possível existir uma desatualização das práticas devido ao cansaço, à rotina e à menor capacitação cognitiva.

Relativamente à correlação entre formação em UP durante a licenciatura e os conhecimentos de prevenção e tratamento de UP, o nosso estudo não demonstrou valores estatisticamente significativos. O estudo de Gallant et al (2010) mostrou que em relação ao nível de ensino, este não tem qualquer influência sobre o conhecimento dos enfermeiros. No entanto, os resultados obtidos contrariam o estudo de Pancorbo-Hidalgo et al (2007), no qual os enfermeiros que reportaram ter formação específica em UP (durante a licenciatura) obtiveram melhores resultados, tanto no conhecimento como na prática clínica, do que aqueles que não tiveram formação na área. Este facto da não correlação entre a formação de UP na licenciatura e os conhecimentos, poderão ser devidos à média de anos de formação que os enfermeiros do nosso estudo têm, tendo em conta a atualização constante das guidelines nesta área.

Constatámos, através do estudo de El Eneim (2011) que apenas 25,4% dos participantes no seu estudo tiveram formação sobre UP na licenciatura.

As dimensões que apresentam valores estatisticamente significativos no que toca à participação dos enfermeiros em Congressos/Jornadas são: “prática de tratamento” (t = -2,89; p = .005) e score global de prática (t = -2,58; p = .012). Gallant et al (2010), também verificaram no seu estudo que ler artigos e participar em conferências têm uma influência positiva sobre os conhecimentos dos enfermeiros. O estudo realizado por Rodrigues (2009), também defende que a qualificação profissional influencia os conhecimentos sobre as UP, pois quanto maior for a qualificação do enfermeiro maior será o aporte a nível de leitura de artigos científicos e de assistência em congressos e jornadas, o que contribui para um alargamento no nível de conhecimentos e na sua atualização.

Na nossa investigação, procedeu-se ao estudo das várias dimensões, e as que apresentam diferenças estatisticamente significativas no que refere à participação em Cursos de Pós- graduação ou de formação avançada sobre prevenção e tratamento de UP, são as seguintes: “conhecimento tratamento”, “prática prevenção” e “score global de conhecimento”. Nas restantes dimensões não existem diferenças estatisticamente significativas. Pancorbo-Hidalgo et al (2007) concluíram que os enfermeiros que têm formação nesta área têm melhores resultados. Assim, segundo Rodrigues (2009), as formações avançadas e/ou pós-graduadas desenvolvem as tomadas de decisão e, por sua vez, uma boa tomada de decisão pode reduzir a prevalência e a incidência das UP. Já Tweed e Devadas (2006), através de um estudo sobre

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