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Informação para leigos: pacientes e acompanhantes

As bibliotecas especiais visam proporcionar o bem-estar e auxiliar na prevenção de doenças e na recuperação dos pacientes por intermédio da informação. De acordo com as Diretrizes da IFLA para bibliotecas que atendem pacientes hospitalares, idosos e deficientes em instituições nas quais ficam internados por longos períodos (c2000), tais organizações possuem o objetivo de adquirir, organizar e disponibilizar materiais e serviços da unidade de informação capazes de atender tanto as necessidades informacionais dos pacientes sobre saúde, doenças e suas causas, diagnósticos e tratamentos quanto de viabilizar alternativas para amenizar o sofrimento dos pacientes e o desconforto causado pelo ambiente hospitalar por meio de terapia, recreação e cultura.

Entretanto, a internet apresenta comportamento dual, pois ao mesmo tempo em que viabiliza à população oportunidades para aprimorar seus conhecimentos e assumir uma postura mais proativa, de modo a exigir maior qualidade e transparência nas explicações dos profissionais da saúde sobre diagnósticos, medicações, terapias e entre outras medidas tomadas. O acesso a infinitas informações disponíveis na web também pode impulsionar a desinformação e situações de insegurança e pânico, pois muitos sites de saúde não possuem credibilidade e fundamentam seus conteúdos em dados não científicos, em interesses comerciais, em informações desatualizadas e até inverídicas. À vista disso, a triagem das informações disponíveis na internet exige habilidades do leitor para ponderar e assimilar o conteúdo disponível, sendo recomendado ao leigo no assunto buscar referências com bibliotecários que por sua vez buscarão fontes seguras e confiáveis e/ou com profissionais da saúde, pois se trata de conhecimentos específicos (GALVÃO; LEITE, 2008; SILVA, 2005; TARGINO, 2009).

Perryman (2006) afirma que com os avanços e maior acessibilidade à informação sobre saúde, o público leigo está progressivamente adquirindo maior conhecimento e consciência a respeito de temáticas voltadas para a área da saúde, dessa forma ele busca informações pertinentes nas bibliotecas hospitalares e passa a questionar as decisões médicas não as aceitando mais como verdade absoluta.

Segundo Hollander (1996) a sociedade está assumindo um comportamento mais ativo em relação à saúde ao buscar informações sobre a credibilidade dos médicos, diagnósticos, tratamentos, terapias, intervenções cirúrgicas, além de adotar hábitos saudáveis e medidas preventivas contra doenças fato que contribui para progressos na saúde geral da população. Dessa forma, o conhecimento sobre assuntos médicos não é mais monopolizado pelos

profissionais da saúde, fato corroborado por esses que declaram que os pacientes passaram a participar do processo decisório.

A falta de conhecimento é um fator limitante que impossibilita o indivíduo de assumir responsabilidade pela própria saúde. Portanto, faz-se fulcral o acesso a informações atualizadas, confiáveis e precisas sobre saúde. Contudo, há cidadãos que apresentam dificuldades em extrair e assimilar a grande quantidade de conteúdos disponível, o que requer o auxílio de bibliotecários para identificar, filtrar e avaliar as informações, de modo a satisfazer as necessidades informacionais desses indivíduos (HOLLANDER, 1996).

O documento da IFLA, referido acima, apresenta recomendações para uma biblioteca hospitalar especial, cujos níveis de serviços são ideais, sendo competência das instituições selecioná-los e adaptá-los conforme as suas necessidades e disponibilidade de recursos.

O público da biblioteca para pacientes são os pacientes, acompanhantes e funcionários do hospital. Vale salientar, que tal ambiente possibilita a interação entre esses indivíduos sem as barreiras da formalidade e terminologias técnico-cientificas, o que viabiliza um melhor relacionamento (IFLA, c2000).

Tais bibliotecas podem fornecer tanto obras literárias quanto materiais com informações sobre saúde. Este último serviço varia de acordo com a instituição e pode ser fornecido por bibliotecas hospitalares especializadas, por meio da colaboração com bibliotecas públicas ou pela própria biblioteca especial (IFLA, c2000).

Durante o processo de planejamento dos serviços da biblioteca a serem oferecidos, deve-se considerar a heterogeneidade da clientela, que é composta por indivíduos de diferentes faixas etárias, econômicas, sociais, culturais, étnicas e educacionais, mas que devido às doenças e tratamentos podem apresentar características comuns como fraqueza, redução da concentração, cansaço, depressão, coordenação motora limitada, dificuldades respiratórias, deficiências visuais e auditivas. Dessa forma, é preciso atentar para a função terapêutica da biblioteca, na qual seus profissionais visam proporcionar por meio da leitura novas perspectivas e inspirações aos pacientes, além de ensinar, informar e eliminar sentimentos de desconforto e desamparo, provocando o relaxamento (IFLA, c2000).

Além de uma equipe devidamente treinada, as bibliotecas especiais devem contar com coleções impressas e não impressas atualizadas, livros, folhetos, jornais, revistas, materiais de referência, materiais audiovisuais e equipamentos para utilizá-los, máquina copiadora, carrinhos de livros tanto para as estantes e serviços de manutenção da biblioteca quanto para levar materiais para os pacientes, computadores com acesso à internet, dispositivos de assistência que auxiliarão os deficientes no uso dos materiais, como lentes de aumento,

viradores elétricos de páginas, sintetizadores de voz, teclados em braile e entre outros (IFLA, c2000).

Dentre os serviços e programas descritos nas Diretrizes da IFLA (c2000) estão:

a) Serviço de carrinho de livros regularmente agendado: deve circular pelos andares dos hospitais semanalmente, prioritariamente duas vezes na semana, mas caso não seja possível deve-se obedecer a certa periodicidade estabelecida em um cronograma. Há também a possibilidade de solicitar materiais da biblioteca via telefone, mas o ideal é a visitação da biblioteca, como forma de proporcionar uma maior socialização.

b) A disponibilização de pequenas coleções, jornais e revistas atuais em lugares estratégicos, como salas de espera, áreas especiais de tratamento, como unidades de diálise e quimioterapia. Em tais locais há grande risco de perda de materiais, sendo interessante que as coleções selecionadas para tais ambientes não sejam valiosas e dispensem a necessidade de retorno para biblioteca.

c) O empréstimo entre bibliotecas, tal serviço possibilita que as bibliotecas possuam amplo campo de abrangência.

d) Serviço de referência, às vistas de orientar o usuário sobre os recursos da Internet, fontes de informação de qualidade, além de fornecer materiais e recursos de informações sobre saúde, realizar empréstimo e devolução de materiais e entrar em contato com bibliotecas parceiras.

e) Orientação do usuário: visa promover a educação, informação, diversão ou terapia através da leitura, e consiste em conhecer as necessidades e interesses do paciente e associá-las aos materiais disponíveis.

f) Fornecimento de materiais de apoio para os programas educacionais e de reabilitação da instituição.

h) Alguns serviços recomendados para atender pacientes que ficaram por períodos prolongados nos hospitais estão: grupos de discussão de livros, programas de artes e artesanatos, filmes, apresentações de slides, palestras, apresentações musicais, jogos, leituras de poesias, debates, discussões, entretenimento especial de férias. No caso das crianças é interessante realizar atividades como artes e artesanato, apresentações com marionetes, histórias de flanelógrafo, horas de história e leitura em voz alta. E se for necessário providenciar maneiras de atender às limitações dos pacientes, por exemplo, disponibilizar materiais bibliográficos em braile, para deficientes visuais. i) Musicoterapia, capaz de aliviar a dor, o estresse e a tensão, relaxar, acalmar e

atua como complemento da medicina paliativa.

j) Biblioterapia que consiste em uma prática mais estruturada e intensiva.