As secções em estudo no âmbito do LTPP foram construídas segundo as normas e especificações das administrações rodoviárias envolvidas, encontrando-se em serviço e, portanto, submetidas ao tráfego real. Podem ser classificadas como GPS General Pavement Studies ou SPS Specific Pavement Studies. No primeiro caso, são consideradas as secções de pavimentos já existentes e em serviço à data do início do LTPP, enquanto no segundo caso são incluídas vários tipos de secções que envolvam diferentes formas de intervenção (construção nova, tratamento de manutenção ou reabilitação).
Os pavimentos pertencentes ao programa GPS pretendem evidenciar as boas práticas no que toca à escolha de materiais e ao dimensionamento estrutural dos pavimentos, apresentando interesse numa perspetiva/estratégia futura. Uma vez que o programa abrange todo o território Norte-Americano, os estudos são limitados a estruturas de uso comum nos EUA.
As secções abrangidas pelo programa GPS pertencem a pavimentos cuja construção se realizou 15 anos antes do início do programa do LTPP. Embora não existam registos dos primeiros anos de serviço, é possível obter resultados a partir de novas secções de teste.
No Quadro 3.1 encontram-se os diferentes tipos de soluções construtivas monitorizadas no programa do LTPP.
As secções abrangidas pelo programa SPS suportam o estudo detalhado e a longo prazo dos pavimentos sob observação, complementando a informação do programa GPS. Um conjunto de aspetos controlados, tais como o dimensionamento das estruturas e as características de construção, manutenção e reabilitação são comuns às secções SPS.
Às múltiplas secções de teste consideradas, podem ser adicionadas secções suplementares, de acordo com as necessidades das agências rodoviárias. Os fatores investigados nestas secções dependem dos interesses individuais de cada administração, podendo ser diferentes entre as diferentes administrações.
Quadro 3.1– Lista de soluções construtivas pertencentes ao programa GPS (FHWA, 2009)
Ensaio Designação da Solução de Pavimentação
GPS-1 Pavimento Betuminoso de Base Granular
GPS-2 Pavimento Betuminoso de Base Aglutinada
GPS-3 Pavimento Rígido com Betão com Juntas
GPS-4 Pavimento Rígido com Betão Armado com Juntas
GPS-5 Pavimento Rígido com Betão Armado Contínuo
GPS-6A Pavimento Betuminoso com Camada de Reforço Betuminosa
GPS-6B Pavimento Betuminoso com Betume Convencional na Camada de Desgaste – Sem Fresagem
GPS-6C Pavimento Betuminoso com Betume Modificado – Sem Fresagem
GPS-6D Reforço Betuminoso sobre Anterior Reforço de Pavimento Betuminoso Convencional
GPS-6S Pavimento Betuminoso com Betume Modificado ou Convencional, com Camada de Desgaste Anterior Removida por Fresagem
GPS-7A Pavimento Rígido com Camada de Reforço Betuminosa
GPS-7B Pavimento Rígido com Camada de Reforço Betuminosa Convencional GPS-7C Pavimento Rígido com Camada de Reforço com Betume Modificado GPS-7D Reforço Betuminoso sobre Anterior Reforço Betuminoso Convencional de
Pavimento Rígido
GPS-7F Pavimento Rígido Fraturado com Reforço Betuminoso incorporando Betume Convencional ou Modificado
GPS-7R Tratamentos de Reabilitação de Pavimentos de Betão sem Reforço GPS-7S Segundo Reforço Betuminoso, o qual inclui Fresagem ou Aplicação de
Geotêxtil, sobre Pavimento Rígido sem Reforço Betuminoso Anterior GPS-9 Camada de Reforço em Betão de Cimento Dessolidarizada do Pavimento
Tal como monstra o Quadro 3.2, existem nove grupos de secções SPS, de SPS-1 a SPS-9, integrados em cinco categorias que envolvem a monitorização da construção de secções novas, ou de secções já existentes que sofreram tratamentos de manutenção ou reabilitação durante o seu tempo de serviço.
Na presente dissertação são analisados dados referentes aos estudos do tipo SPS-5 — Reabilitação de Pavimentos Betuminosos — nos quais são estudados o nível de realização de trabalhos de preparação da superfície existente, a espessura da camada reabilitada e a utilização de materiais reciclados ou novos nas novas camadas. A monitorização utilizada nestes estudos observa as condições atuais no pavimento e estima o carregamento do tráfego. No SPS-5 fazem a monitorização do comportamento de oito combinações de camadas betuminosas, colocadas sobre pavimentos já existentes, abordadas com maior pormenor no Capítulo 4.Além disso, analisam a evolução das patologias, tal como o fendilhamento (longitudinal, transversal, por fadiga e em malha), a desagregação superficial, o índice de irregularidade internacional (IRI) e as rodeiras.
Quadro 3.2 – Lista dos estudos pertencentes ao programa SPS (FWHA, 2009)
Categoria Ensaio Designação do Estudo
Fatores Estruturais do
Pavimento
SPS-1 Estudos Estratégicos dos Fatores Estruturais de Pavimentos Flexíveis
SPS-2 Estudos Estratégicos dos Fatores Estruturais de Pavimentos Rígidos
Práticas de Manutenção do Pavimento
SPS-3 Eficácia das Práticas de Manutenção Preventivas de Pavimentos Flexíveis
SPS-4 Eficácia das Práticas de Manutenção de Pavimentos Rígidos
Práticas de Reabilitação do Pavimento
SPS-5 Reabilitação de Pavimentos Betuminosos SPS-6 Reabilitação de Pavimentos de Betão de Cimento com
Juntas
SPS-7 Reforço com Betão de Pavimentos Rígidos Efeitos
Ambientais
SPS-8 Estudo dos Efeitos Ambientais na Ausência de Carregamentos Pesados
Especificaçõe s das Misturas
Betuminosas
SPS-9P Validação e Refinamentos das Especificações Superpave para Materiais Betuminosos e para o
Processo de Formulação de Misturas
Cada secção de teste, quer se trate do programa GPS ou SPS, tem 152 m de extensão (com exceção das secções SPS-6), com zonas de controlo antes e depois destas, com 152 e 76 m, respetivamente, tal como ilustrado na Figura 3.1.
Figura 3.1– Configuração de uma secção do programa GPS genérico (adaptado de FHWA, 2009)
A Figura 3.2 retrata esquematicamente o modelo simples de um projeto SPS. Uma vez que este consiste em secções de teste múltiplas, as zonas de controlo de manutenção poderão estar separadas por distâncias significativas, de forma a englobar todos os grupos de secções de estudo adjacentes.
Figura 3.2 – Configuração de um modelo do programa SPS genérico (adaptado de FHWA, 2009)
Pela filosofia do LTPP, nas secções de teste não é permitida a realização de ensaios destrutivos ou amostragens dentro das zonas de monitorização.