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2.1 ASPECTOS DA CONTABILIDADE GERENCIAL

2.1.2 Práticas de Contabilidade Gerencial

2.1.2.5 Informações para Tomada de Decisões

Um dos objetivos declarados da Contabilidade Gerencial trata da geração de informações úteis e adequadas para a tomada de decisão interna (HORNGREN; DATAR; FOSTER, 2004). A

importância da informação é ressaltada por Bodnar e Hopwood (1990) ao afirmarem que o valor da informação deriva do impacto que ela oferece nas decisões a serem tomadas, pois para obter as informações, as organizações apresentam certos custos para isso, e se determinadas informações não provocam impacto algum na tomada de decisão, é sinal que essa informação representou um impacto negativo para o gestor. Os autores afirmam ainda que para as informações serem úteis aos gestores elas devem apresentar as seguintes características: i) Exatas – as informações devem apresentar-se de forma correta e refletindo a realidade; ii) Atualizadas – devem estar constantemente sendo atualizadas; iii) Rápidas – as informações devem ser disponibilizadas em tempo hábil; iv) Perfeitas – devem apresentar-se o mais representativo quanto possível; v) Relevantes – a maior necessidade das informações.

Abdel-Kader e Luther (2004) afirmam que para decisões regulares ou de curto prazo, os contadores gerenciais podem usar a análise do custo-volume-lucro, a análise da rentabilidade dos serviços prestados, análise da rentabilidade do cliente e o controle de estoques.

Para Morse e Roth (1986) apud Callado et al. (2007) a análise da relação custo-volume- lucro é uma técnica utilizada para analisar os impactos causados pelas alterações dos volumes de produção nos custos, nas receitas e nos lucros da organização. Essa técnica é exaustivamente utilizada no planejamento pelo fato de responder perguntas como: A que volume de operações as receitas e os custos se igualam? Que lucro vai ser obtido caso a empresa apresente um acréscimo de 10% no volume de vendas? Que volume é necessário para a empresa apresentar um lucro de R$ 50.000,00?

Para Horngrem (2000) essa análise é uma das responsabilidades primordiais da administração, uma vez que o conhecimento dos padrões de comportamento dos custos, venha a trazer esclarecimentos úteis para o planejamento e para o controle das atividades a curto e longo prazo. A análise do custo-volume-lucro, auxilia os gestores a entender a inter-relação entre as variáveis envolvidas, focalizando as interações entre os seguintes elementos: preço dos produtos; volume ou nível de atividade; custo variável; custo fixo total e mix dos produtos vendidos, margem de contribuição e o ponto de equilíbrio (PADOVEZE, 1994; GARRISON; NOREEN; BREWER, 2013).

O foco da análise da rentabilidade do cliente está configurado em avaliar aqueles clientes que são mais rentáveis. Desta forma, os gestores podem identificar seus alvos, ou seja, mais precisamente seus mercados e aumentar seus lucros (HANSEN; MOWEN, 2003). Para Fleury et

al. (2000), a análise de rentabilidade dos clientes abre possibilidades de cunho estratégico, no

sentido de que permite: a) melhorar o atendimento aos clientes altamente rentáveis: procedimentos como promoções, brindes, verbas publicitárias, dentre outros, poderiam ser

direcionados a estes clientes, propiciando aumento de faturamento, bem como a fidelização destes; b) conhecer o custo dos serviços disponibilizados ao cliente e tentar cobrar pelos mesmos; c) ofertar descontos promocionais nas operações com clientes aos quais é possível servir com custos menores; d) tentar atrair clientes que proporcionam grandes lucros aos concorrentes.

Outra fonte de informação que pode ser utilizada para a tomada de decisões regulares ou de curto prazo são os controles de estoques (ABDEL-KADER; LUTHER, 2004). Segundo Lenard e Roy (1995), o controle de estoques é estudado desde 1913 com Harris, ao introduzir a fórmula do lote econômico de compra. Para uma organização, a otimização do fluxo de materiais é de vital importância, pois os estoques representam grande parte dos seus custos logísticos. Além disso, a produção tem um ritmo que não deve ser interrompido e o custo de manutenção dos estoques representa capital parado que poderia estar sendo utilizado para outros fins. Krever

et al. (2003) demonstram em seu estudo que um gerenciamento eficiente de estoques balanceia a

disponibilidade de produtos, o nível de serviços e os custos de manutenção.

Para as decisões de investimento, os contadores gerenciais podem utilizar análises da taxa contábil de retorno e período, fluxos de caixa descontado, entre outros. Também informações sobre os fatores não-financeiros, tais como qualidade da produção, flexibilidade de processos e prazos de entrega podem afetar projetos de investimento de capital (ABDEL-KADER; LUTHER, 2004).

A taxa de retorno contábil é um dos métodos tradicionais de cálculo do retorno sobre o investimento (MILGRAM; SPECTOR; TREGER, 1999). Harcourt (1965, p. 69) define a taxa de retorno contábil como “a relação entre o lucro contábil anual com a média dos valores de abertura e fechamento da contabilidade." O payback é definido por Brigham (1999) como sendo o número esperado ou exigido de anos para recuperar o investimento original, e segundo Yard (2000), muitas vezes payback é utilizado como um primeiro dispositivo de rastreio, ou seja, o método é utilizado para verificar quais investimentos são rentáveis e quais não são rentáveis. Os investimentos que não podem ser classificados em nenhuma destas categorias são analisados com base no fluxo de caixa descontado.

A avaliação realizada pelo método do Fluxo de Caixa Descontado se baseia na teoria de que o valor de um negócio depende do fluxo de benefícios futuros, descontados para um valor presente por meio de uma taxa de desconto apropriada e que reflita os riscos inerentes aos fluxos estimados para o período analisado (DAMODARAN, 1999; BRIGHAM; GAPENSKI; EHRHARDT, 2006). Para a sua análise podem se considerar dois modelos: valor presente líquido (VPL) e a taxa interna de retorno (TIR). Para Gitman (1997), o valor presente líquido é

uma técnica sofisticada de análise de orçamento de capital, descontando os fluxos de caixa mediante uma taxa de desconto, custo de capital ou custo de oportunidade como retorno mínimo que deve ser obtido no projeto. O retorno mínimo ou taxa mínima de atratividade é a taxa de juros mínima utilizada em um projeto de investimento para ser atrativo. A TIR é definida por Weston e Brigham (2000, p.536) como “a taxa de desconto que iguala o valor presente das entradas de caixa esperado de um projeto ao valor presente de suas saídas esperadas de caixa”.

Em relação às análises de riscos, Abdel-Kader e Luther (2004) sugerem que os contadores gerenciais utilizem técnicas como simulação computacional para análises “what-if”. Nugus (2009) define a análise “what-if” ou análise de sensibilidade como a técnica de fazer perguntas específicas sobre o resultado de uma mudança ou de uma série de alterações nos pressupostos de um modelo ou um plano de negócios. A análise permite que o usuário altere os pressupostos sobre os dados de entrada para recalcular um modelo para verificar qual o impacto dessas mudanças em valores de saída.

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