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3 DOCÊNCIA UNIVERSITÁRIA: INTERFACES ENTRE SABERES,

4.3 Informações sobre os docentes dos cursos pesquisados

Nesta seção, detalhamos alguns dados referentes aos docentes que responderam aos questionários. Inicialmente, destacamos no Quadro 8, o que os cursos apresentam em seus projetos pedagógicos como sendo papel da docência. Enfatizamos que grande parte das exigências apontadas, sugere um profissional com conhecimentos pedagógicos para a execução de sua ação docente, mesmo que esses conhecimentos não estejam apresentados de forma explícita.

Quadro 8 Funções docentes

Ciência da Computação Sistemas de Informação

1. elaborar o plano de ensino de sua(s) disciplina(s);

2. ministrar a(s) disciplina(s) sob sua responsabilidade cumprindo, integralmente, os

programas e a carga horária;

3. registrar a matéria lecionada e controlar a frequência dos alunos;

4. estabelecer o calendário de eventos, em comum acordo com os alunos, divulgando-o entre os demais professores;

5. elaborar e aplicar os instrumentos de avaliação do aproveitamento dos alunos, entregando à Coordenação cópia da prova aplicada, que não deve ser de questão única;

6. conceder vista de prova, quando o aluno tomará conhecimento do grau, do gabarito da prova e tirará suas dúvidas quanto à correção;

7. fornecer ao setor competente o resultado das avaliações e a frequência dos alunos, nos prazos fixados;

8. observar o regime disciplinar da Instituição; 9. participar das reuniões e dos trabalhos dos órgãos colegiados a que pertencer e das comissões para as quais for designado;

10. comparecer a reuniões e solenidades programadas pela Diretoria e pelos órgãos colegiados da Instituição;

11. orientar trabalhos escolares e atividades complementares relacionadas com a(s) disciplina(s) sob sua regência;

12. planejar e orientar pesquisas, estudos e publicações;

13. comparecer ao serviço, mesmo no período de recesso letivo, sempre que necessário, por convocação do coordenador do Curso, do diretor da unidade acadêmica ou da administração superior da instituição;

14. elaborar, quando solicitado, questões para processos seletivos, aplicar provas e fiscalizar sua realização;

15. participar da elaboração dos Projetos Pedagógicos da Instituição e do seu Curso;

16. exercer outras atribuições pertinentes (p. 51- 52).

O papel do professor é de ser mediador entre o estudante e o que precisa ser aprendido. É de parceria com os estudantes e de dividir a responsabilidade pela aprendizagem com eles. É de incentivo e motivação para buscar informações, produzir conhecimento significativo, dialogar, debater e desenvolver competências do cidadão crítico, criativo e atualizado para o embate da vida profissional, particularmente no caso da Computação. Nesse contexto, o Bacharelado de Sistemas de Informação propõe-se formar profissionais com conhecimentos básicos relacionados aos vários ramos da Ciência da Computação, das ciências econômicas, das ciências físicas, da matemática e administração, capazes de responder, rapidamente, as exigências atuais do chamado setor produtivo, bem como induzir mudanças estruturais por sua capacidade analítica e crítica. (p. 14, 15).

Orientação acadêmica - Tutoria Uma ação importante prevista nesse projeto diz respeito ao acompanhamento do aluno e de seu rendimento escolar. Esse acompanhamento é feito através da atuação do Colegiado de Curso e da figura de um professor Orientador Acadêmico, também chamado de Tutor. São responsabilidades dos professores-tutores: a) Orientar, a cada período letivo, a matrícula dos estudantes tutorados; b) Orientar seus estudantes tutorados na escolha de disciplinas optativas; c) Reunir-se periodicamente com os estudantes tutorados, com pelo menos duas reuniões em cada semestre, sendo receptivo ao relato de seus problemas e dificuldades; d) Acompanhar o desempenho acadêmico dos estudantes tutorados; e) Identificar dificuldades de aprendizagem e aplicação prática na formação e desempenho dos estudantes tutorados, auxiliando na sua superação e contribuindo para seu crescimento acadêmico; f) Identificar habilidades criativas (vocações) dos estudantes tutorados, direcionando-os para o seu melhor aproveitamento; g) Orientar os estudantes, a partir do seu desempenho, sobre opções de atividades extracurriculares relacionadas com o Curso que visem uma melhor formação complementar; h) Adotar iniciativas ou encaminhá-las a quem de direito, objetivando o melhor desempenho acadêmico e formação profissional do estudante tutorado (p. 41).

Fonte: Elaborado pela pesquisadora, com base em dados extraídos do PPC dos cursos referenciados (grifos nossos).

Destacamos a prevalência de questões mais burocráticas e o cumprimento de formalidades explícitas no Curso de Ciência da Computação, ao passo que no Curso de

Sistemas de Informação explicitam-se concepções que apontam para práticas pedagógicas mais abrangentes, com maior protagonismo dos estudantes. Quando são apresentadas afirmações do tipo “[...] ministrar a disciplina cumprindo integralmente os programas e a carga horária”, assinalamos que não há nenhuma observação de que o cumprimento integral dos programas depende do desenvolvimento da aprendizagem dos estudantes, pois entendemos que não é uma via de mão única, ou seja, o programa é cumprido à medida que os estudantes, de fato, aprendem e constroem conhecimentos sobre os conteúdos estudados. Ainda, averiguamos a centralidade na “prova” como praticamente o único instrumento de avaliação, o que avaliamos ser insuficiente para que a aprendizagem seja constatada. Conforme Luckesi (2002, p. 35), a avaliação exercida apenas com a função de classificar alunos, não dá realce ao desenvolvimento e em nada auxilia o crescimento deles na aprendizagem. Ainda o autor afirma que a função classificatória “[...] subtrai da prática da avaliação aquilo que lhe é constitutivo: a obrigatoriedade da tomada de decisão quanto à ação, quando ela está avaliando uma ação”.

A partir das atribuições referidas no quadro, outro aspecto a que dedicamos atenção é a formação desses profissionais em relação aos saberes pedagógicos.

4.3.1 Incentivo à formação pedagógica do docente

Através de um programa de formação e atualização, os docentes do Bacharelado em Ciência da Computação deverão participar de ciclos de debates oferecidos pela FACOM e seu Programa de Pós-Graduação com vistas a propiciar:

a formação profissional contínua do docente com ênfase especial em ensino, história, filosofia da ciência e da tecnologia;

a consolidação de uma massa crítica de educadores vivamente engajados em questões filosóficas e pedagógicas, através de cursos oferecidos pela Pós- Graduação (UFU 2010, p. 54 -PPP do Curso de Ciência da computação e 2008, p. 47- 48 – PPC do Curso de Sistemas de Informação).

Nesta seção, a pertinência da formação pedagógica dos docentes é reconhecida como sendo de responsabilidade do Programa de Pós-Graduação. Entretanto, os documentos analisados não esclarecem as concepções de docência, de formação, de prática pedagógica que estão presentes nesses ciclos de debates, assim como não foi localizado o detalhamento da forma pela qual ocorre a participação dos docentes.

Em seguida, apresentamos o que os documentos abordam a avaliação dos docentes dos referidos cursos, feita pelos alunos:

4.3.2 Avaliação didático pedagógica Professor/disciplina: avaliação realizada pelos alunos

Os alunos deverão fornecer ao professor um feedback (avaliação) do seu desempenho didático-pedagógico referente à disciplina ministrada no semestre letivo. Essa avaliação é coordenada pelo Colegiado de Curso. Assim, o colegiado deve realizar semestralmente avaliações da disciplina e respectivos professores para empreender ações que melhorem a qualidade do Curso. Essas avaliações serão feitas pelos alunos através do formulário próprio. O resultado das avaliações será comunicado aos professores para que o mesmo procure melhorar os itens em que foi mal avaliado e para que possa manter seu desempenho nos itens que foram bem avaliados (UFU, 2010, p. 60 -PPP do Curso de Ciência da computação e 2008, p. 53 – PPP do Curso de Sistemas de Informação). Grifos nossos.

A avaliação docente pelos discentes, conforme apresentada no PPC dos dois cursos indica uma abordagem formativa, pelo menos, na dimensão intencional, pois implica “empreender ações que melhorem a qualidade do Curso”.

4.3.3 Autoavaliação por parte do docente

Os docentes deverão fazer, de maneira progressiva, ao longo do período letivo, uma autoavaliação, baseado no comportamento e aprendizado dos discentes e utilizando a ficha de autoavaliação própria. Essa autoavaliação deverá conduzir o docente ao “incômodo” do que pode e deve ser melhorado no planejamento e na sua prática pedagógica, procurando motivar o aluno para o sucesso final do processo de ensino referente à disciplina (UFU, 2010, p. 60 -PPP do Curso de Ciência da computação e 2008, p. 54 – PPP do Curso de Sistemas de Informação). Grifos nossos.

A concepção explicitada de autoavaliação por parte dos docentes também está alinhada à perspectiva formativa, pois demanda atitudes quanto ao processo de ensino- aprendizagem. Ao enfatizar que a autoavaliação será pautada no “comportamento” e “aprendizado” dos discentes, fica evidente a concepção alinhada aos pressupostos teóricos do comportamentalismo (behaviorismo). Essa abordagem, segundo Mizukami (1986), tem como finalidade básica promover mudanças nos indivíduos, que implicam tanto a aquisição de novos conhecimentos, quanto o reforço a comportamentos já existentes. Sendo assim, os modelos de ensino são realizados por meio da análise do comportamento humano, tendo em

vista a possibilidade de modelar e de reforçar atitudes e modos de agir dos estudantes. A avaliação, na abordagem comportamentalista, consiste em verificar se o aluno aprendeu e atingiu os objetivos propostos, relacionados ao cumprimento adequado dos programas de ensino (MIZUKAMI, 1986).

5 DIALOGANDO COM OS DADOS: APREENSÕES SOBRE O APRENDIZADO DA DOCÊNCIA DOS PROFESSORES BACHARÉIS

Este capítulo tem como finalidade evidenciar as interlocuções com os dados da pesquisa obtidos por meio da análise documental nos projetos pedagógicos dos cursos pesquisados – Ciência da Computação e Sistemas de Informação e da análise das informações obtidas por meio dos questionários respondidos pelos docentes11.