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Capítulo 3: Metodologia

3.1 O grupo inicial da pesquisa

A partir do primeiro contato estabelecido durante a reunião de planejamento anual, com os docentes de Ciências/Biologia nestas escolas pesquisadas, o objetivo passou a ser o de selecionar professores que se encaixassem no perfil pretendido para esta pesquisa, ou seja: professores que se identificassem com a Proposta Curricular de Ciências em implantação no estado de Minas Gerais e ainda que considerassem que suas práticas refletiam os objetivos desta Proposta. Assim, reunimos um grupo de 12 professores de Ciências e/ou Biologia nas escolas selecionadas, grupo este que passaremos a chamar de grupo inicial da pesquisa, bastante jovem, o que nos deu a oportunidade de conhecermos pessoas diversas que, possivelmente, teriam práticas profissionais também diversas.

Entre os dias 03 e 06 de março de 2009, foram realizados dois encontros com o grupo inicial da pesquisa na Escola Terra. Esta escola foi escolhida para os encontros por ser de fácil localização e acesso, na região central de Pirapora.

No primeiro encontro fizemos uma conversa informal, onde foram esclarecidos os objetivos da pesquisa, salientando aos professores que a intenção não era de qualificar, muito menos comparar, a prática de cada um deles enquanto professores, mas sim buscar dados para compreender como o currículo proposto estava sendo posto em prática, ou seja, como cada docente aplicava a Proposta Curricular de Ciências no interior da sala de aula. A leitura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo 6) também foi feita e entregue uma cópia a cada docente para que pudessem refletir sobre a pesquisa e se autorizariam a participação na mesma.

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Por ser uma cidade pequena, os professores da área biológica são conhecidos da pesquisadora principal deste trabalho, mas isto não se constituiu num dificultador, ao contrário, os professores se mostraram solidários e interessados em participar da pesquisa.

No segundo encontro, realizado nas mesmas condições do primeiro, os doze professores do grupo inicial da pesquisa devolveram o Termo de Consentimento, autorizando a participação na mesma. Ainda neste segundo encontro, esses professores responderam ao questionário (Anexo 7), instrumento construído para identificar o perfil do grupo, no sentido de conhecermos a formação, a participação dos professores nos cursos de formação continuada, a utilização dos documentos oficiais no planejamento de suas aulas, o conhecimento das ferramentas de ensino disponibilizadas pela SEE/MG entre outros aspectos. O questionário foi escolhido por ser uma ferramenta de fácil aplicação, poder ser aplicado ao mesmo tempo a todos os docentes presentes neste encontro e ao fato da padronização das frases garantir maior uniformidade para a mensuração dos dados (GOLDENBERG, 2005, p.87).

Além de responderem ao questionário, os professores foram entrevistados coletivamente seguindo um roteiro semi-estruturado (Anexo 8). Este roteiro tinha como objetivo refinar, orientar e triangular os dados para a escolha de quais profissionais fariam parte das demais fases da pesquisa, já que detalhava aspectos da prática pedagógica desses profissionais. Neste contexto partimos do pressuposto que a entrevista face a face é fundamentalmente uma interação humana em que estão em jogo as percepções do outro e de si, expectativas, sentimentos, preconceitos e interpretações para o entrevistador e o entrevistado (SZYMANSKI et al., 2002, p.12). Por outro lado, a entrevista também se torna um momento de organização de ideias e de construção de um discurso para um interlocutor, o que caracteriza o caráter da experiência e reafirma a situação de interação como geradora de um discurso personalizado (Ibidem et al., 2002, p.14).

Este grupo inicial da pesquisa era bastante heterogêneo, com média de 34 anos de idade, sendo 12 deles de docência. Apenas três professores haviam concluído um curso de pós- graduação Latu Sensu, dois na área ambiental e um em biologia geral. Os doze docentes

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possuem graduação específica para a área e participaram das discussões para a elaboração das Propostas Curriculares no ano de 2004.

No período da coleta dos dados, esses docentes atuavam no ensino fundamental e/ou médio, nas disciplinas de Ciências e Biologia e continuavam a integrar os Grupos de Desenvolvimento Profissional de Educadores em suas respectivas escolas. Participaram dos cursos de aperfeiçoamento profissional promovido pela SEE/MG, em especial o curso de Imersão no ano de 2007 e alguns deles participaram de outros cursos de formação geral, em maior parte, cursos de informática também ofertados pela SEE/MG. Com isso podemos fazer uma leitura de que sejam profissionais atuantes em suas escolas e comprometidos com o seu desenvolvimento profissional.

Após a análise dos dados obtidos com o questionário e a entrevista coletiva, selecionamos três docentes do grupo inicial da pesquisa, um de cada Escola pesquisada, que atendiam ao perfil pretendido para esta pesquisa, e que, por meio de seus depoimentos nos davam indícios de que poderíamos obter dados para compreender nosso objeto de investigação.

Cada um desses três docentes foi contatado isoladamente em suas respectivas escolas e nesta segunda conversa, apresentamos detalhadamente quais seriam as demais etapas da pesquisa: o acompanhamento de uma sequência de ensino a partir da observação direta das aulas, desde seu planejamento até a sua conclusão.

Consideramos „sequência de ensino‟ um tópico de conteúdo com início e conclusão, sendo

avaliado ou não pelo professor.

Nesta mesma conversa individual, os docentes foram novamente entrevistados (Anexo 9), na tentativa de ratificar nossa escolha por cada um deles e estabelecer uma relação de confiança entre pesquisador-pesquisado, fato este que propicia o surgimento de outros dados (GOLDENBERG, 2005, p.88). Essas entrevistas foram transcritas na íntegra e apontam dados mais específicos da Proposta Curricular de Ciências e a sua atuação como docente em sala de aula.

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Nesta dinâmica de contato com os professores escolhidos, um docente se manifestou contrário em continuar participando das demais etapas da pesquisa e solicitou seu afastamento desta fase, o que foi aceito sem questionamento pela pesquisadora. Este docente não foi substituído pelo fato de não haver outro professor com o perfil pretendido na sua Escola de origem. Outro docente que poderia substituir o desistente estava atuando apenas no ensino médio, desta forma optamos por prosseguir o estudo com apenas dois docentes, visto que o nosso foco são as séries finais do ensino fundamental.

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