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O projeto foi dado como viável, pois a USP (Universidade de São Paulo) guarda um acervo bibliográfico e documental sobre assuntos diversificados e relevantes na Brasil e no mundo. A responsabilidade por ampliar o acesso aos seus acervos, aliada ao fato de a Universidade reunir os recursos técnicos e tecnológicos que permitam fazê-lo, resultou no caráter estratégico do Projeto BRASILIANA USP: a formação de uma brasiliana digital, a ser construída por uma rede nacionalmente articulada de instituições públicas e privadas dispostas a dela participarem. A Universidade de São Paulo, com este Projeto, assumiu a tarefa de tornar irrestrito o acesso aos fundos públicos de informação e documentação científica sob sua guarda.29

É considerada mais importante coleção, reunindo informações sobre o Brasil. Foi construída ao longo de oitenta anos pelo bibliófilo José Mindlin e doada por este e sua família à universidade.

O acesso ao público pela rede foi autorizado em junho de 2009. Como meta, oferece para a pesquisa um grande acervo custodiado por uma instituição de ensino em escala mundial, tornando-a disponível em linha na rede mundial de computadores (Internet). O Projeto oferece, portanto, a permanente interface entre as atividades fins da USP - formação

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As informações do item 4.1 deste capítulo foram retiradas do site: www.brasiliana.usp.br. Acesso em: 05 nov. 2012.

de quadros, pesquisa e divulgação de resultados – articulados por um vetor estratégico de alcance nacional. Conta com apoio de empresas e incentivadores nacionais e governamentais. O acervo possui cerca de 17.000 títulos e mais de 40.000 volumes que contempla parte das obras de literatura brasileira e portuguesa, desde relatos de viajantes, iconografias até livros de artistas (GRUPO DE ESTUDOS DE DIREITOS AUTORAIS E SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO, 2010). A maioria destas obras já está disponível no site da Biblioteca Digital.

O Laboratório da Brasiliana USP tornou-se referência nacional no campo da digitalização de acervos, destacando-se no compartilhamento de tecnologia e inovação com outras instituições no Brasil. Funcionando como base em parceria com o laboratório de Engenharia de Computação e Sistemas Digitais da Escola Politécnica da USP e outras instituições de renome, foi instalado no coração da cidade universitária. Possui uma equipe com mais de trinta profissionais de diferentes áreas do conhecimento entre professores, pesquisadores e funcionários. Em 2009 adquiriram o primeiro sistema integrado de digitalização robotizado para livros encadernados.

No mês de janeiro do ano de 2012, foram adquiridos mais três sistemas robotizados de digitalização. Em parceria com o Sistema Integrado de Bibliotecas da USP, foram comprados outros dois scanners. Assim, além do sistema 2400 RA, tem outros cinco scanners da Kirtas Tech em funcionamento: três Kabis III (digitalização de livros encadernados) e dois Skyview (planetária, para grandes formatos). Estes equipamentos serão proporcionam agilidade para a digitalização dos conteúdos da biblioteca.

Para sustentar toda a biblioteca na parte virtual a USP criou a Plataforma Corisco, um sistema de aplicativos para sustentar a implementação e o gerenciamento do repositório digital que se estende da etapa da digitalização até a disponibilização na rede. Esta inovação vai garantir uma solução, o apoio tecnológico ao processo social de disseminação dos projetos de digitalização, preservação e publicação (difusão) dos acervos culturais e memoriais brasileiros. Em 2011, passou-se a oferecer uma distribuição (gratuita) desse sistema integrado robusto, flexível e perfeitamente replicável e adaptável aos contextos peculiares das instituições e/ou projetos culturais interessados na digitalização e publicação na internet dos seus acervos. Entre estas instituições parceiras cuja plataforma Corisco estão se baseando destacam-se: Biblioteca de Obras Raras da USP, Instituto Paulo Freire, Universidade Federal de Pernambuco, Biblioteca Mario de Andrade e Instituto Hercule Florence.

Esta parceria foi muito bem avaliada pela biblioteca, pois avança em um projeto para uma rede nacional de bibliotecas digitais e com a mesma plataforma facilitaria o

reconhecimento e processamento dos metadados transmitidos de um repositório para outro, fortalecendo os laços e incrementando a cultura.

A biblioteca Brasiliana Digital baseia-se em seis princípios retirados do Memorando de Intenções resultante dos encontros promovidos pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br.) em 2007 (MEMORANDO..., 2012). Trata-se de uma diretriz para uma política pública de apoio aos conteúdos digitais. Estes seis são:

1. uma biblioteca digital como instrumento de uma política nacional de produção de conteúdos para a rede mundial de computadores, contribuindo para a redefinição positiva da presença da língua portuguesa e da cultura nacional;

2. uma biblioteca digital para a difusão de uma coleção original: uso das novas tecnologias como forma de conciliação das necessidades de preservação do acervo e o imperativo de universalizar o acesso. Rejeição de um modelo custodial de biblioteca;

3. orientação para o contexto-usuário: a formação do acervo digital deve estar orientada por uma política de acesso universal; o usuário (e pensamos em termos polissêmicos) tem centralidade na construção deste acervo digital. 4. uma biblioteca digital como instrumento da educação nacional: compromisso

com a produção de materiais didáticos, com a formação de quadros em todos os níveis, desde o ensino fundamental até a pesquisa avançada;

5. uma biblioteca digital pública: difusão do acervo, acesso universal (preservados os direitos do autor) e democratização da cultura. Adesão à Declaração de Berlim sobre o Acesso Livre ao Conhecimento nas Ciências e Humanidades (Berlin Declarationon Open Access toKnowledge in theSciencesandHumanities), de 2003: “acesso livre significa a livre disponibilização na Internet de literatura de caráter científico, permitindo a qualquer utilizador pesquisar, consultar, descarregar, imprimir, copiar e distribuir, o texto integral de artigos e outras fontes de informação científica”. Adesão aos protocolos da Iniciativa Open Archives (OAI-PMH - Open ArchivesInitiativeProtocol for MetadataHarvesting) - protocolo desenvolvido para permitir que os metadados sejam acessíveis por diversos serviços de busca e compartilhados pelos repositórios digitais;

6. compromisso com a democratização de nossa experiência. Adesão aos princípios do software livre (open source).

Com este norte, a Brasiliana Digital vem acrescendo à rede obras literárias e científicas de incalculável valor. Prima pelo acesso democrático e deixa clara sua posição ao colocar uma plataforma gratuita e incentivar outros centros culturais a implantá-la.

Os objetos disponibilizados pela biblioteca vêm acompanhados dos direitos de uso da obra. A quase totalidade do acervo disposto pela Brasiliana é de domínio público, porém existe um gama enorme de obras que não puderam ser levadas ao público pela rede mundial de computadores. A Brasiliana USP, não pôde digitalizar obras raras de Guimarães Rosa, pois esbarram nas limitações absurdas da lei9.610/98. Uma lei tecida para um mundo onde a tecnologia digital não era patente e não há menção sobre a digitalização como forma de preservação, por exemplo. No próximo item se irá analisar o acervo de uma biblioteca digital á mercê da atual LDA, em relação á digitalização de obras em domínio público, obras órfãs e esgotadas e obras protegidas.

4.2 A LEI 9.610/98, A REFORMA E OS OBSTÁCULOS PARA A CONSTITUIÇÃO DO