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3.1Evolução do Conceito

Um dos temas mais em voga hoje em dia é, talvez, a inovação, pois tem um papel fulcral nas áreas consideradas mais importantes no desenvolvimento de um país, tais como a área política, económica e social. A inovação é uma das características apresentadas por praticamente todos os autores que debatem a gestão como um canal direcionado para o sucesso. A palavra inovação tem a sua origem no latim innovatiōne, cujo significado é renovação; mudança ( Porto Editora; 2013).

Schumpeter (1961) foi um dos primeiros autores a destacar o papel da inovação nas organizações, considerando a inovação uma mais-valia competitiva na aquisição de novos mercados. Outros autores (Alencar e Fleith, 2003) referem a inovação como um elemento essencial na teoria do desenvolvimento económico.

Schumpeter defende que o facto de haver uma constante revolução na estrutura económica – com novos e diferentes produtos que substituem os antigos, com novas tecnologias, novas empresas, com constantes ciclos de crescimento e implosão, – faz a economia capitalista estar de boa saúde (Schumpeter, 1961; Goulart e al, 2002).

Para este autor, existem cinco tipos de inovação:

Introdução de um novo bem ou qualidade de um bem; Introdução de um novo método de produção;

Abertura de um novo mercado;

Descoberta de uma nova fonte de matéria prima;

Estabelecimento de uma nova organização de qualquer indústria, com criação ou rutura de uma posição monopolista.

“A inovação é a ferramenta específica dos empresários, o meio através do qual eles exploram a mudança como oportunidade para um negócio ou um serviço diferente”. (Druker, 1985, p. 31.)

Para Druker (1985, p. 46) a inovação é sistemática –“procura organizada e intencional de mudanças e a análise sitemática das oportunidades que tais mudanças podem proporcionar à inovação económica e social”.

Para que este processo possa ocorrer é necessário examinar-se sete fontes de oportunidades, mais exatamente quatro internas e três externas à organização.

Fontes Internas:

O inesperado – seja êxito ou fracasso;

A incongruência – a realidade como realmente se apresenta e a realidade “desejada”;

Inovação baseada em necessidades operativas;

Mudanças na estrutura da própria organização ou do mercado. Fontes Externas:

Fatores demográficos, alterações a nível populacional; Mudanças de perceção, atitude e significado;

Novos conhecimentos, científicos ou não.

Este autor identifica também cinco grandes princípios da inovação:

1. Deve ser intencional e sistemática, ou seja, deve resultar de uma análise cuidada a todas as fontes de oportunidade de inovação;

2. Deve ser concetual, mas também percetual, resultante de uma análise às necessidades de mercado para assim dar uma resposta inovadora;

3. Deve reger-se pela simplicidade, focando-se apenas num ponto;

4. Deve privilegiar a especificidade (as inovações eficazes focam-se em pequenos pontos específicos);

5. Deve ter como objetivo a obtenção de liderança de mercado, pois só desta forma se consegue singrar num mercado tão concorrencial.

E, por fim, Druker identifica três condições necessárias para que a inovação possa ocorrer: 1. Trabalho – é necessário conhecimento, mas também muito engenho por parte de quem pretende aplicar conceitos inovadores, logo, privilegia-se uma determinada área onde existe maior conhecimento e espaço para a dedicação;

2. Especialidade – apesar de se fazer uma análise sobre várias áreas, é apenas sobre um determinado campo – no qual há mais capacidade de ação – que se vai insidir;

3. Realidade económica e social – é necessário prestar atenção às mudanças que ocorrem, quer nos utilizadores/consumidores, ou seja, na sociedade, quer no processo de fabrico/produção.

A inovação distingue-se, vulgarmente, em dois campos: a inovação radical e a inovação incremental.

A inovação radical refere-se a produtos ou processos completamente novos no campo das tecnologias disponíveis, enquanto a inovação incremental diz respeito a alterações de produtos ou processos que já existem, tendo em vista uma nova utilização de um determinado produto cujo objetivo é melhorar o desempenho; ou seja, apesar das alterações introduzidas em relação ao que já existia, as funções básicas permanecem iguais. Simplificando a descrição anterior, a inovação radical representa a transformação do produto, processo ou serviço e a inovação incremental representa apenas a melhoria dos mesmos (Mumfor, 2012).

3.1.1 Criatividade e Inovação nas Organizações

Para Drucker (2008), a inovação é uma ferramenta utilizada pelos espíritos empreendedores que tentam diferenciar-se através da mudança, acrescentando valor económico.

A inovação pode ser considerada um elemento em constante transição, bem como pode surgir nas mais variadas áreas dentro de qualquer organização, visando sempre o mercado com um novo produto ou um novo processo, ou ainda como forma de inovação comercial ou organizacional (Simões e Roldão, 2010).

Estando a sociedade atual em constante mudança, a inovação pode funcionar como motor de competitividade trazendo benefícios para todas as partes envolvidas, através da sustentabilidade dos mesmos.

Segundo Dziersk (2007), a criatividade é o caminho que leva à inovação, o que mostra que o modelo de negócio tradicional – controlado, pouco criativo e obedecendo a uma estratégia rígida, – está cada vez mais em desuso, substituído pelo modelo designado de “Open Innovation”. Para que uma organização permaneça competitiva, com capacidade para prestar sempre um serviço de qualidade de grau elevado, é necessário adotar e aplicar estratégias inovadoras. Dziersk define a criatividade como “o combustível que dá vida à inovação”.

A teoria organizacional exata, clara e de âmbito universal, deu lugar a uma teoria organizacional holística, permeável, flexível e de fácil adaptação a todas as necessidades da sociedade atual, sejam elas sociais, tecnológicas, ambientais ou económicas. Na tabela seguinte podemos visualizar o modo como atualmente as organizações podem dar uma resposta às necessidades segundo a pirâmide de necessidades de Maslow.

Tabela 12 - Forma como as Organizações podem Responder às Necessidades da Pirâmide de Maslow

Autorrealização

Encorajamento para o completo comprometimento do funcionário.

O trabalho torna-se numa da principais dimensões de expressão da vida do funcionário

Autoestima

Criação de cargos que permitam a realização, autonomia, responsabilidade e controlo pessoal.

Trabalho que valoriza a identidade pessoal.

Reconhecimento pelo bom desempenho, como por exemplo, promoções, condecorações, etc.

Sociais

Organização do trabalho de modo a permitit a interação com os colegas.

Possibilidade de realizar atividades sociais e desportivas. Reuniões sociais fora da organização.

Forma como as Organizações podem Responder às Necessidades da Pirâmide de Maslow (cont.)

Segurança

Seguros de doença e planos de reforma. Segurança no emprego.

Divulgação do desencadeamento do plano de carreira dentro da organização.

Fisiológicas Salário e benefícios.

Segurança e condições agradáveis de trabalho. Fonte: Adapatado de Morgan (1996; 47)

3.1.2 Práticas Empresariais

Drucker (1986), um dos principais estudiosos desta matéria, demonstra o caráter imprescindível da inovação aplicada às práticas empresariais numa organização, tais como: Focalização do gestor na oportunidade; ou seja, não pode existir apenas a preocupação pela resolução dos problemas que, de facto, têm que ser solucionados, mas também deve existir por parte do gestor uma visão centrada na oportunidade.

Partilha das ações que se destacaram, por serem melhores e diferentes, dentro da empresa.

Existência de comunicação ascendente dentro da organização, permitindo um olhar abrangente, partindo do mais restrito para o todo.

4. Caracterização do Setor

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