EXTENSIVE LIVESTOCK PRODUCTION AND ENVIRONMENT B EEF C ATTLE E XTENSIVE S YSTEM – T RADITION AND I NNOVATION
INOVAÇÃO COMO COMPLEMENTO DA TRADIÇÃO
Todas as inovações no campo da produção de bovinos (extensivo e não só) têm “permitido” algumas crises. Numa tentativa sã para que deixem de perturbar o sector agro-pecuário, inovou-se com a nova reforma da PAC.
Os objectivos da reforma da PAC – 2000, passam pela: ⇑ Competitividade da agricultura comunitária; ⇑ Mercado orientado;
⇑ Agricultura sustentável/durável; ⇑ Desenvolvimento rural forte.
E partindo de um princípio que os objectivos serão concretizados, as perspectivas, tendo por base uma Europa a 15, são do ponto de vista da Direcção Geral de Agricultura da Comissão Europeia as seguintes:
Maior competição de outros cereais para alimentação
+ Quebra da produção de forragens conservadas, caso da silagem (7 %) + Menor produção de cereais (2,1 %)
= Menor área semeada (procura melhores solos e maior produção = Melhores preços dos cereais
=> Indirectamente redução dos incentivos á produção intensiva de carne de bovino
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+ Abandono da produção
+ Diminuição das vacadas (14 %)
= Menor produção de carne bovina (2,7 %) = Mais terra para alimentar menos bovinos => Sistemas mais sustentáveis/duráveis
=> Melhores preços para a carne bovina (7,1 %)
=>Sistemas de produção de bovinos em extensivo
No entanto, continua a ser inimaginável a dimensão da dependência, perante uma Comunidade Europeia, dos sistemas de produção de menor produtividade por ha ou por CN, e as continuadas críticas dos países ricos, etc, mas no fundo, todos eles sonham com um campo mais ou menos ondulado, com distribuição adequada de árvores e uns bovinos recortados no horizonte ... (como consigo disfarçar este meu facciosismo!)
É este sistema extensivo de produção de bovinos que o Alentejo, Beiras e Trás-os-Montes representam, que responde melhor que nenhum outro, ao paradigma da agricultura multifuncional que deveria ser fomentado pela PAC.
O calcanhar de Aquiles continua a ser a comercialização dos produtos derivados das explorações de bovinos em extensivo, por ser, em linhas gerais, deficiente e inadequada.
Os produtores de vacadas comerciais, deveriam seguir o exemplo dos agrupamentos de produtores ligados às raças autóctones, e passando a publicidade, pôr os olhos na MONTADOALENTEJANO E TRADIÇÃO , como exemplo de um esforço cooperativo de produção, mas principalmente de comercialização. Deverá haver, mais que a tão apregoada modernização técnica, um esforço de todas as administrações com competência na matéria (estatais- pensando no bem comum; e particulares – pensando no bem do sector) para fomentar uma melhor comercialização e distribuição destes produtos, quer através de marcas de qualidade, sem ambiguidades de interpretação, ou quer através de produto, mesmo sem um título ou marca, que o seja, isso sim, um produto de qualidade, de modo que cada vez mais, sejam reconhecidas e apreciadas pelo consumidor (de médio a alto poder de compra ou de bolsa reduzida, respectivamente).
Temo-nos debruçado quase exclusivamente sobre o papel do criador de bovinos de carne em extensivo, mas também a Administração Central ou os representantes dos principais partidos políticos, com lugar em Bruxelas, é essencial que saibam explicar e afrontar (no bom sentido) de maneira decidida e valente, as características diferenciais dos nossos sistemas de produção extensivos frente aos de alguns dos nossos sócios comunitários, também denominados extensivos
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(só pelos animais andarem no campo). Só assim, os criadores do extensivo poderão estar de acordo com algumas das reformas (ou melhor entendê-las), e não se convertendo num sector seguidista de políticas que nada têm que ver com a produção de carne de bovino extensiva, quando englobados num mercado globalizado.
Outra inovação, o “desligamento” às ajudas directas, deixa segundo a opinião de alguns, numa situação de indefesa aos produtores de vacas “aleitantes”, em geral, e aos produtores dessas mesma vacadas quando exploradas em extensivo, em especial. Além de consolidar a discriminação existente entre ganadeiros que tiveram ou nunca tiveram acesso aos prémios e, com esta reforma, tão pouco a eles irão poder ter acesso.
O sector bovino está caracterizado por ser constituído por dois subsectores bem diferenciados: o sector produtor de vitelos, representado fundamentalmente pelas vacadas “aleitantes” e aquele dedicado à engordas dos mesmos, de modo que o primeiro proporciona ao segundo os animais para a engorda e acabamento. Até ao momento, nas operações normais de intercâmbio (compra e venda) entre os dois subsectores mencionados, o prémio ao bovino macho, actuava como amortecedor da pressão de compradores sobre vendedores, de modo que num dado momento o produtor de vacas “aleitantes” poderia decidir prolongar a recria ou engorda e cobrar o prémio se os intermediários/recriadores/engordadores optassem por pagar mal.
Com a nova proposta, a situação muda radicalmente, porque o “alforge” (subsídio ou ajuda comunitária) ficará nas mãos dos engordadores, que cobravam tradicionalmente o prémio ao bovino macho. Os donos das vacadas não têm elementos com que pressionar a fixação dos preços e ver-se-ão obrigados a suportar os cortes nos preços que se transmitem ao longo da cadeia da carne bovina. Como último elo da cadeia, o produtor de vitelos não pode fazer repercutir esses cortes ou descida de preços em outro operador, e deste modo não pode amortecer as perdas.
Este é o cenário que se apresenta, do ponto de vista de grande parte do sector, se houver “desligamento” total do prémio ao macho. O sector terminal da produção de carne de bovino ficará reduzido a algumas grandes engordas intensivas que se abastecerão, principalmente de animais importados.
Existe alguma consciência que os pagamentos ao sector de produção de bovinos em extensivo devia ser mediante o estabelecimento de uma ajuda única à vaca “aleitante”, mantendo-se a extensificação como forma de premiar os sistemas extensivos, geradores de qualidade ambiental, bem-estar animal e de produtos de qualidade.
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intermediário ou engordador. Esta não é mais que uma consequência de um ensinamento básico da economia elementar em tempos de liberdade de mercado: o engordador não decide pagar nem bem nem mal, mas são os mecanismos de oferta e procura os que determinam os preços, de maneira idêntica à de todos os mercados não intervencionados.
No entanto, e a juntar a isto, o produtor continuará querer ter acesso às ajudas PAC, mas para isso, ele deverá demonstrar o cumprimento de um sem fim de compromissos de índole ambiental, trabalho, sobre o bem-estar animal, sobre segurança alimentar, etc., pelo qual ter-se-á de converter num verdadeiro “ex- pert” em tramitação e gestão de papéis se quer ter acesso a essas ajudas.