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2.1 Tecnologia e Pedagogia Construtivista/Construcionista

2.1.1 Inovação e Avaliação de Software Educativo

Professores e gestores da escola pública ou particular se reúnem anualmente para escolherem ou indicarem os livros didáticos que serão utilizados no ano seguinte. Muitas vezes impostos pelo Estado, tendo que seguir normas e parâmetros pré-determinados para a escolha. Outro alvo de oferta, além do livro didático, são os softwares educativos, que existem hoje no mercado e nas escolas.

Segundo Fino, não nos cabe seguir ―grelhas‖ previamente feitas ou definidas por nós mesmos em relação ao software que será utilizado pelo professor na sala de aula, pois tendemos a avaliar apenas o que somos capazes de ver. O autor comenta ―as grelhas são o que são, espartilhos rígidos do olhar, e não há nada a fazer quanto a isso‖ (Fino, 2003, p.3). Podemos, outrossim, fazer as nossas análises a partir de um modelo de avaliação de software que já tenha sido usado, como também planejar de maneira que o transforme em Software Educativo.

Muitos são os softwares existentes na sociedade e nós educadores não podemos aceitar passivamente aquilo que nos é imposto pelos editores, devemos observar a qualidade do produto e transformá-los em ferramentas educativas. Deve-se, outrossim, segundo Fino, cada um escolher ou criar ―seus próprios instrumentos, seus próprios critérios para avaliar,

software educativo.‖ (2003, p.4). As fichas de avaliação, normalmente, seguem um modelo paradigmático estabelecendo um contraste entre teoria construtivista e prática pedagógica, em que se percebe a falta de criatividade de muitos educadores na escolha de um livro ou de um

software.

Ao escolher um software, o professor deve levar em conta a importância de incentivarmos a curiosidade, o espírito investigador e a criatividade do aluno. Papert (2008) comenta que deveria ser entregue computadores às crianças para que estas, como aprendizes, utilizassem os produtos e potencializassem as suas possibilidades de aprender. Diante disso se percebe que para explorar um software no campo educacional é preciso que os computadores tenham contextos educativos, a fim de podermos entregá-los aos aprendizes e poder fazer uso deles, cuja finalidade é a de oferecer possibilidades de aprendizagem realmente significativa.

Dessa forma, necessita-se que o professor estimule o desenvolvimento cognitivo do aprendiz. Outro fator importante na utilização do computador deve ser o estímulo às transações de informação, motivando a intervenção do aprendiz como agente metagognitivo. Deve-se, para tanto, lembrando os ensinamentos de Papert e Vygotskt, favorecer a ―negociação social do conhecimento‖, em que o aprendiz constrói e testa o que foi produzido por ele. Sendo assim, estimulará a colaboração com os outros, isso é fundamental para que o conhecimento seja negociado e testado passando o aluno de um sujeito passivo para um sujeito ativo e mais responsável.

Nesse processo, mesmo com programas simples (Word, Paint, Power Point), o professor pode criar contextos estimulantes segundo as necessidades dos alunos e que venham favorecer uma aprendizagem significativa para os aprendizes; vai depender da prática mediada pelo professor.

Na concepção de Valente (1993a) ao se avaliar um Software Educativo, deve-se:

Apresentar um nível de habilidades e competências, não deixando de lado a sua funcionalidade;

Adequar-se à idade dos alunos;

Proporcionar um ensino diversificado, onde as atividades sejam praticadas, investigadas e analisadas;

Propiciar ao aluno um desenvolvimento cognitivo e crítico; Promover uma educação para a cidadania.

Ao avaliarmos um software, é importante fazermos uma análise crítica levando em conta os requisitos técnicos; o conteúdo de aplicação; os aspectos pedagógicos; a interface gráfica; como também a sua interatividade e usabilidade. Lembrando que o professor, como fomentador e mediador de aprendizagens significativas, exerce um importante papel na escolha de um software e na avaliação crítica dele, utilizando a ferramenta e explorando-a com domínio e criatividade.

De acordo com Ferreiro,

O professor é um mediador – um ‗agente da cultura‘ – talvez do processo no qual o aluno se encontra com o texto escrito e dos processos de codificação e decodificação da palavra escrita. A mediação é inerentemente um processo de socialização num aspecto do repertório da fala da comunidade. (2007, p.262)

De acordo com Fino (2003), para que seja utilizado um Software ―Educativo‖ em contextos educativos, é preciso saber qual a utilidade dessa ferramenta. Para isso, devem permitir uma atividade:

a) Situada e significativa;

b) que estimule o desenvolvimento cognitivo, permitindo a aplicação, com a ajuda de um outro mais capaz (par ou professor), de um conhecimento mais elevado do que aquele que cada aprendiz poderia aplicar sem assistência (zona de desenvolvimento proximal, segundo Vygotsky);

c) que permita a colaboração, igualmente significativa em termos de desenvolvimento cognitivo, entre aprendizes empenhados em realizar a mesma tarefa ou desenvolver o mesmo projecto;

d) que estimule transações de informação em que os outros possam funcionar como recursos;

e) que estimule a intervenção do aprendiz como agente metacognitivo, o que acontece com maior intensidade quando o aprendiz actua como tutor;

f) que permita a criação de artefatos que sejam externos e partilháveis com os outros;

g) que favoreça a negociação social do conhecimento (que é o processo pelo qual os aprendizes formam e testam as suas construções em diálogo com outros indivíduos e com a sociedade em geral);

h) que estimule a colaboração com os outros (elemento indispensável para que o conhecimento possa ser negociado e testado). (Fino, 2003,

p.6)

Dessa forma, devemos entender que o problema, segundo Fino, ―não está no software, mas nos critérios da sua utilização, incluindo nesta afirmação mesmo os melhores exemplos de software construtivista, como a linguagem Logo ou o Toon Talk, por exemplo.‖ (2003, p.6). Cabendo a escola e ao professor a decisão de fazer o seu papel, criando contextos de aprendizagens significativas.