• Nenhum resultado encontrado

Inovação, tecnologia e rastros das visualidades nas produções

CAPÍTULO II – MARCAS DO TELEJORNALISMO NA

3.1 Inovação, tecnologia e rastros das visualidades nas produções

A televisão brasileira tem seu início datado de 1950, apresentando em sua formação a influência de diversos fatores peculiares que influenciaram, de forma decisiva e determinante, sua constituição. Em sua primeira fase, teve influência direta do rádio que, nesse momento, mantinha uma grande popularidade no cenário nacional. Definida, sob um viés de ser um “rádio com imagens” a gramática televisiva desse meio estava sendo construída e conhecida a partir de novas experiências, estruturas e formatos.

As produções televisivas, nesse momento inicial, tinham ainda pouca dinamicidade, baseavam-se em apresentações ao vivo - na chamada “arte do improviso”- e, tinham seus sustentáculos, fundados na oralidade. Sua produção estava centrada, de certa forma, a uma limitação temporal, pois a condição de transmissão direta de imagens e sons, em sincronia com sua recepção por parte do telespectador ainda estava sendo estipulada.

Mais tarde, com a transmissão de “forma simultânea ao tempo de ocorrência dos acontecimentos no mundo natural” puderam ser transmitidos em tempo real (DUARTE, 2004, p.55). A transmissão ao vivo é uma das marcas mais importantes da televisão (MACHADO, 2003; DUARTE, 2004; GOMES, 2011) e, guarda, todo um caráter na sua constituição e projeção de imagens, não apenas no que concerne a sua

realização, mas a sua representatividade. Ainda, essa possibilidade de transmissão, de imagens ao vivo e simultânea dos acontecimentos diretamente para diversos locais, ainda continua sendo um fator importante e decisivo para que os telejornais se constituam como um produto privilegiado na TV (DUARTE, 2004). Nessa mesma direção, complementa Machado (2003):

Nada poderia ser mostrado, se não estivesse, ao mesmo tempo enquadrado pelas câmeras dos cinegrafistas e reportado pelos repórteres e correspondentes da rede. Ou seja: a enunciação do evento mostrava-se explicitamente como condição fundante do relato e a mediação da staff televisual aparecia como um, fato da própria estrutura significante do telejornal, sem a qual não haveria mensagem alguma. (MACHADO, 2003, p. 102).

Depois, a partir de 1959, com a chegada do videotape, aliado ao maior alcance de transmissão com a implementação de satélites, em 1969, e com a transmissão a cores, em 1972, houve, novamente, a possibilidade de criar um novo condicionamento e ritmo às gravações. Isso se refletiu, diretamente, na produção das imagens, contribuição significativa para a TV, uma vez que, permitiu ainda, se criar um registro das filmagens e aprimoramento dos produtos, favorecendo a criação efetiva da programação fixa e da grade horária37. Os meios técnicos, ou dispositivos tecnológicos influenciaram, então, a maneira de “se fazer e ser TV”, pois muito da forma de produção dos programas foram sendo intercalados e, impulsionados, por processos diferenciados, tanto a nível da produção, quanto na forma de captura das imagens.

Todos esses fatores influenciaram na estrutura e na narrativa televisiva. Abriu-se então, um importante período para a TV, principalmente, pela maior flexibilidade na produção e no armazenamento, pois os recursos imagéticos da televisão, a partir desse marco, poderiam ser gravados e editados, além de, propiciar que a programação na grade começasse a ser transmitida em diferentes horários, e retransmitida para diversos locais no país. Com o passar do tempo também, a visualidade passou a ser incorporada de forma mais efetiva em suas produções, contudo, ainda de forma inerme e artesanal, com objetos de cena, cartazes e

37

Isso refletiu na criação de hábito nos telespectadores de assistir televisão durante um período constante, em um horário rotineiro.

quadros durante a programação - esses elementos remetiam, principalmente, à ideia de entretenimento.

Diante desse cenário, a televisão começa a interessar para pesquisa, justamente, quando as tecnologias potencializam as formas de produção, de edição e de apresentação dos elementos visuais. Principalmente, quando outras e diversas manifestações da imagem passam a ser incorporadas nas práticas televisivas, mesmo que ainda, tenha como característica principal a oralidade (REZENDE, 2000; MACHADO, 2003; MATTOS, 2010; BRASIL, 2012; EMERIM, 2012). O “culto às imagens”, fruto da sociedade da imagem, condiciona a pensar que a “televisão é apenas imagem”, porém apesar de toda a capacidade expressiva e de leitura da imagem, a linguagem audiovisual não despreza o poder do verbal. É, justamente, aliando os códigos verbais textuais, sonoros e não verbais - elementos que compõem a linguagem televisiva - que a diferencia dos outros meios de comunicação e que a torna, de certa forma, universal. Como um meio de comunicação eletrônico, a televisão é “multidimensional quanto à forma e multisensorial em relação aos sentidos”, por isso exerce sua distinção mediante aos meios radiofônicos e impressos (REZENDE 2000, p.39-40).

Baseado numa perspectiva cronológica da televisão, desde o modelo concebido em seu início, a comunicação de informações era realizada de forma muito diferente do que se tem hoje. Programas como o “Repórter Esso” da extinta TV Tupi é um exemplo da fase inicial televisiva, no qual o apresentador era uma figura ícone, exercendo um lugar de excelência para apresentação das informações. No entanto, a televisão passou por diversas transformações, que foram intercaladas, naturalmente, por tempos e fases diferentes, se configurando também como uma mudança de paradigma (TOURINHO 2009, p. 176).

Por isso, a utilização de recursos visuais como gráficos, mapas, tabelas, fotografias, infográficos, etc. em produtos telejornalísticos passaram a se constituir, gradativamente, como um rompimento com os modelos, anteriormente, dispostos e dando origem a novas práticas para a produção jornalística. Assim, a produção e a utilização de tais imagens na TV e no telejornalismo constituem-se como uma prática que pode ser considerada inovadora. De modo geral, “não vai importar se a novidade apresentada pelo telejornal é ou não é totalmente „inédita‟ ao longo de sua existência” (TOURINHO 2009, p. 176).

O que importa é a utilização dessas práticas (antigas e novas) em um determinado contexto e fim, no qual seus efeitos, transformações e estruturas, também são observados mediante o reconhecimento de sua linguagem, em cada produto televisivo em específico. Trata-se então, de reconhecer e compreender o aporte das práticas no meio televisivo, juntamente, com o intercâmbio de suas linguagens articulada às próprias características do telejornalismo que, por sua vez, herdaram diretamente da constituição da TV brasileira (REZENDE, 2000; BARCA, 2004; MATTOS, 2010).

3.2 Telejornalismo e telejornal: formas específicas de jornalismo na

Documentos relacionados