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10.1. Objetivos e Métodos

Durante o estágio procedi à elaboração de um questionário, de modo a fornecer à Farmácia da Cumieira uma breve estatística acerca do tipo de utente que se dirige à farmácia para medição da pressão arterial. O objetivo seria o preenchimento de 15 questionários, no entanto apenas 9 questionários foram respondidos, devido ao facto de os utentes que se dirigem à Farmácia da Cumieira para medição da pressão arterial serem regularmente os mesmos.

Tendo em conta a pesquisa que foi realizada, achei pertinente incluir questões que abordassem aspetos que contribuem para a HTA, tal como: se é fumador, se se considera uma pessoa stressada, se tem o colesterol elevado, se tem familiares hipertensos, se pratica exercício físico e se tem cuidados com a dieta, pois todos estes podem ser considerados fatores de risco para o desenvolvimento da HTA.

TÂNIA GONÇALVES | 2016 28

10.2. Resultados

Após a descodificação das respostas e elaboração de uma simples estatística (anexo XIII), concluiu-se que os utentes que se dirigem à farmácia para medição da pressão arterial são todos hipertensos e que dos utentes hipertensos:

 A idade dos utentes questionados situa-se entre os 61 e os 75 anos;  A média das medições situa-se entre os 138/72mmHg;

 70% não consomem álcool e 78% não fumam;  Todos consideram ser pessoas com stress excessivo;  22% têm o colesterol elevado;

 Todos tomam medicação, para além da medicação anti-hipertensora;  78% têm familiares hipertensos;

 67% pratica 1 a 2 vezes exercício físico por semana;  56% afirma não ter cuidado com a dieta;

 56% afirma estar bem informado acerca da Hipertensão Arterial;  67% mede a Pressão Arterial pelo menos uma vez por semana;

 100% afirmam que tomam a medicação à hora correta e que nunca se esqueceram da sua toma;

 100% vai mais de três vezes por ano a consultas médicas com o objetivo de acompanhar a HTA;

 78% não tem a pressão arterial controlada;

 67% não tem supervisão de familiares ou amigos na toma da medicação;  78% considera os custos da medicação para a HTA como moderada.

10.3. Discussão e Conclusão

Uma vez que a amostra foi pequena, os resultados não são significativos, no entanto consegue- se perceber que os utentes que frequentam a farmácia para medição da PA são utentes adultos e idosos polimedicados que não têm a PA controlada.

A maioria dos utentes não tem cuidados com a dieta, no sentido de continuarem a praticar os seus almoços em restaurantes nos quais os pratos contêm bastante sal ou não abdicarem/reduzirem a quantidade de sal que colocam nos próprios cozinhados.

Na última questão acerca da opinião sobre a medicação, a maioria referiu que a medicação demora muito tempo a reduzir a pressão para os valores normais, o que constitui uma desmotivação para o consequente abandono desta. Metade dos utentes mostrou-se pouco à vontade para abordar a doença, pelo que foi fornececido a todos um folheto com algumas indicações e informações acerca da HTA, com vista a informar os utentes acerca da sua patologia, consequências e modos de prevenção (anexo XIV).

Para além da recolha de informação, este questionário tornou-se fundamental para abordar a patologia em questão e uma oportunidade para esclarecer certos aspetos e mitos que muitos utentes têm relativamente à terapêutica não farmacológica e farmacológica.

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11. Conclusão

A Hipertensão arterial é uma das patologias com maior prevalência nos adultos e nos idosos verificada na farmácia em estágio. Perante tal situação, houve a necessidade de estudá-la com mais pormenor. Com o desenvolvimento do tema da Hipertensão Arterial senti-me mais apta e confiante na abordagem deste tema perante o seu confronto no atendimento ao balcão e no gabinete para medição da pressão arterial.

Apercebi-me que muitos utentes apresentam um cuidado redobrado na prática de exercício físico, realizando caminhadas diárias de pelo menos 30 minutos. No entanto, a maioria continua a descuidar- se da dieta, mantendo os hábitos de almoçar em restaurantes com pratos salgados ou não diminuir o sal utilizado nos próprios cozinhados. Os farmacêuticos assumem um papel extremamente relevante na explicação da importância de cumprir com as medidas não farmacológicas com vista, em conjunto com a terapêutica, de atingirem o valor da pressão arterial ideal. Para além desta explicação, convém informar o utente sobre as complicações que poderão advir da permanência da pressão arterial alta. Constatei que sempre que abordava a questão das complicações, o utente ficava mais atento e preocupado com a sua situação, questionando prontamente quais as soluções para si e para os seus familiares no que respeita à prevenção.

Doença de Alzheimer

1. Contextualização

Durante o meu estágio em farmácia Comunitária deparei-me com um cenário dramático na dispensa de medicamentos para a demência, para um grupo de utentes de faixa etária acima dos 65 anos. Tal facto despertou-me o interesse de estudar esta área mais aprofundadamente, de modo a poder fornecer informação útil aos utentes da farmácia. Após um estudo científico acerca da Doença de Alzheimer, procedi à elaboração de um folheto com o objetivo de informar doentes, cuidadores e os restantes utentes da farmácia acerca desta patologia, sintomas, tratamento e principalmente a prevenção (anexo XV).

Segundo a Organização Mundial de Saúde, entende-se por demência “uma síndrome resultante da doença do cérebro, em geral de natureza crónica ou progressiva, no qual se registam alterações de múltiplas funções nervosas superiores, incluíndo a memória, o pensamento, a orientação, a compreensão, o cálculo, a linguagem e o raciocínio. O estado de consciência não está enevoado. As perturbações das funções cognitivas são muitas vezes acompanhadas e, por vezes, precedidas por deterioração do controlo emocional, do comportamento social ou da motivação”.54

Quando se fala de demência, fala-se de vários tipos de doenças, tais como: Doença de Alzheimer, Demência Vascular, Doença de Parkinson, Demência de Corpos de Lewy, Demência Fronto-temporal, Doença de Huntington, demência provocada pelo álcool e Doença de Creutzfeldt-Jacob. De entre as várias formas de a demência se manifestar, a Doença de Alzheimer constitui o maior grupo, com cerca de 50 a 70% de casos de demência, sendo assim a doença escolhida para o desenvolvimento da presente pesquisa.54

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2. Epidemiologia

A prevalência da demência em idade superior a 60 anos varia entre 5 a 7%, sendo que em 2012 estimava-se o aparecimento de 7,7/1000 novos casos por ano. Apesar de a demência ter vindo a aumentar drasticamente em todo o mundo, estima-se a sua estabilização, devido à melhoria do estilo de vida e ao conhecimento científico por parte da população e consequente aplicação por parte dos adultos de medidas não farmacológicas que contribuem para o atraso da demência.55

Em Portugal, no ano de 2013, as mortes provocadas pela Doença de Alzheimer representaram 1,6% da mortalidade do país, às quais 64% do total corresponde a mulheres. A Doença de Alzheimer em Portugal, no mesmo ano, foi considerada a 29º doença de causa de morte, numa lista onde constavam 55 causas.55 Em 2013, em Portugal, 5,91% da população com idade superior a 60 anos

apresentavam demência. Com o avançar da idade, o número de pessoas com demência vai crescendo, sendo que 64% dos doentes com demência posicionam-se na faixa etária acima dos 80 anos.56

Apesar de a demência ter sido considerada a 6ª causa de morte nos países desenvolvidos, em 2004 pela OMS, a morbilidade continua a ser o mais preocupante, devido à perda de autonomia por parte dos doentes e à alteração das rotinas dos familiares/amigos envolventes.57

A prevalência desta doença encontra-se diretamente relacionada com o envelhecimento e com a esperança média de vida. Contrariamente ao que foi referido acima, de acordo com outros estudos estima-se que em 2050 mais de 25% da população mundial será idosa, o que irá consequentemente aumentar a prevalência da doença, tornando-se assim, um problema de saúde pública com um enorme impacto.58

Apesar destes dados, em Portugal os custos com a medicação reduziram-se em 50% e o número de pacientes tratados quase duplicou em 5 anos.55

3. Processo fisiopatológico

Macroscopicamente, o indivíduo com Doença de Alzheimer (DA) possui um cérebro mais reduzido, devido à perda de células, comparado com o cérebro sem patologia neurodegenerativa. Esta perda ocorre principalmente no córtex, mais especificamente no hipocampo, local responsável pelo armazenamento de novas memórias, daí os primeiros sintomas estarem relacionados com tal.59

A DA é uma patologia neurodegenerativa com manifestações cognitivas e neuropsiquiátricas que resultam, de um modo geral, do stress oxidativo, da morte celular programada, da agregação de proteínas, do distúrbio na degradação de proteínas e da disfunção mitocondrial. Observando microscopicamente, depara-se com as seguintes alterações: menor número de células e de sinapses e observação de agregação de células nervosas.59 Visto que a DA ocorre em maior número a partir dos

65 anos, é importante distinguir se as alterações cognitivas resultam do processo normal de envelhecimento ou de um quadro de demência.60

Vários estudos têm sido levados a cabo, de modo a esclarecer os mecanismos por detrás destes acontecimentos. Segundo estudos mais recentes, parece que a agregação das proteínas, proteína b- amiloide, e a hiperfosforilação da proteína tau, são as causas mais prováveis para o desenvolvimento da DA. No entanto outros mecanismos têm sido apontados como possíveis: perda de células das

TÂNIA GONÇALVES | 2016 31 regiões cerebrais, áreas corticais e sub-corticais, responsáveis pela função cognitiva, respostas pro- inflamatórias, fatores genéticos e ambientais e perturbação da homeostase iónica.61

Dos mecanismos propostos, os mais plausíveis são o da agregação das proteínas beta- amilóide, que se situa nas placas senis, e a hiperfosforilação da proteína tau, nos emaranhados neurofibrilhares.

A beta-amiloide é um péptido com 36-43 aminoácidos que resulta da fragmentação da proteína precursora amilóide transmembranar pelo complexo das secretases. A sua produção excessiva originará placas amilóides, que se encontram localizadas extracelularmente. Estas placas amilóides irão provocar lesões dendríticas e sinápticas provocando assim a demência.61

A tau é uma proteína neuronal que se encontra acumulada intercelularmente nos axónios na zona do córtex formando os chamados emaranhados. A formação destes impede que os nutrientes cheguem à célula, acabando esta por morrer. Os emaranhados começam por se formar em zonas do cérebro responsáveis pela aprendizagem e memória e pelo pensamento e organização. Com o avançar dos anos, os emaranhados são cada vez mais o que irá agravar os sintomas, caraterísticos destas zonas do cérebro afetadas.59

Segundo o mecanismo prion-like os péptidos beta-amilóide podem formar oligómeros tóxicos que ativam cinases tau e catalisam a fosforilação da tau. Oligómeros tau propagam-se e, juntamente com a tau fosforilada, levam à morte dos neurónios envolvidos na memória e na cognição. Quanto aos sintomas temporais e funcionais, o seu mecanismo continua por determinar.62

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