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Inquérito sobre as causas da concentração do mercado

3 Atividade e mercado de auditoria

3.7 Fatores responsáveis pela concentração do mercado

3.7.7 Inquérito sobre as causas da concentração do mercado

A London Economics (2006) realizou um inquérito com vista a aferir a visão das Firmas de auditoria e Empresas clientes sobre as causas que levaram à concentração no mer- cado de auditoria. O estudo separou as respostas em três categorias, Big 4, PMPSA e empresas clientes. De seguida apresentam-se os resultados obtidos.

Tabela 5 – Importância dos vários fatores numa escala de 1 a 5 Fatores Firmas Big 4 Pequenas e médias empresas Empresas Clientes (não SROC) Economias de escala 3.5 3.3 3.8 Economias de âmbito 3.1 3.3 3.6 Risk management 3.1 2.8 2.8

Variação das necessidades dos clientes 4.2 3.5 4.0 Alterações nas normas contabilísticas 2.4 3.1 2.9 Outras mudanças regulatórias 3.3 2.8 2.6 Desaparecimento de algumas das grandes

empresas de auditoria 3.8 2.8 3.5 Maior ênfase no conhecimento detalhado da

indústria 3.6 3.2 3.0

Maior ênfase na formação do pessoal 3.7 3.5 3.2

Fonte: Inquérito da London Economics (2006:38) a empresas de auditoria e empresas listadas na UE 25

Todas as empresas são unânimes em apontar que a principal causa da concentração é a variação das necessidades dos clientes.

Na categoria das Big 4, é dado grande enfâse às economias de escala e ainda ao conhe- cimento da indústria e a formação do pessoal. Por sua vez os PMSA não reconhecem tanta importância quanto ao conhecimento detalhado da indústria.

As respostas dos PMPSA apresentam em geral valores mais baixos que as respostas das Big 4. Poderá significar que estes não consideram a existência de uma concentração tão elevada como as Big 4. Estes consideram que outras causas explicativas da concen- tração atual são, não só, as economias de escala e de âmbito, como a formação do pes- soal.

Por sua vez, os clientes consideram que as economias de escala e de âmbito são a prin- cipal justificação para o fenómeno da concentração. As empresas talvez ponham a tónica nestes dois pontos pois são aqueles em que o cliente tem mais contacto direto. Pode também demonstrar o quão importante são os serviços além auditora prestados pelo au- ditor.

Destaca-se ainda, que o fator desaparecimento de algumas das grandes empresas de auditoria, é visto pelos entrevistados das Big 4 e empresas (não auditoras) como sendo um dos principais contribuidores dos atuais níveis de concentração. No entanto as em- presas de auditoria de menor dimensão não colocaram a tónica nesse fenómeno.

3.7.7.1 Fatores de não concentração dos PMPSA

Existem várias razões apontadas por diversos autores que tentam explicar o fenómeno da concentração do mercado de auditoria. No entanto, seria também importante perceber qual foi o padrão de desenvolvimento seguido pelos PMPSA e quais os motivos que ex-

plicam o fosso entre as Big 4 e os PMPSA e as razões que levaram à existência ou ine- xistência de fusões entre eles.

O estudo do GAO em 2008, procura desvendar algumas das questões relacionadas com o estado da concentração do mercado de auditoria e quais as suas repercussões. Este estudo é bastante claro quanto à principal razão da reduzida existência de fusões entre os PMPSA e quais são as suas perspetivas futuras. Para GAO (2008: 5) «The concentra- tion in the large public company audit market is also unlikely to be reduced in the near term by midsize and smaller accounting firms because a significant majority is not inter- ested in auditing large public companies and those that are interested face various chal- lenges in expanding their capability to do so.» Isto deve-se, segundo a mesma fonte, mais de 70 por cento das médias e pequenas empresas de auditoria, nos Estados Unidos, não pretendam obter como clientes grandes empresas cotadas. Por sua vez, 90 por cento das grandes empresas cotadas inquiridas, citaram a falta de capacidade como uma das ra- zões para não consideram o uso de pequenas e médias auditoras. Como resultado do que atrás ficou referido, muitas destas empresas de auditoria teriam que expandir as suas capacidades e efetivos, bem como a área geográfica para servir esses grandes clientes, o que talvez explique porque é que 70% das auditoras não desejem captar cli- entes dessa dimensão.

Por outro lado, diversas empresas inquiridas de menor dimensão citam que o impedi- mento mais frequente à expansão e à captação de clientes de grande dimensão é a difi- culdade em encontrar pessoal, seguido de razões derivadas da falta de reconhecimento do nome e reputação. No rol de razões apontadas, o GAO (2008) ainda identificou o acesso limitado a capital e dificuldade em cumprir vários requisitos de licenciamento es- tatais.

Os autores Le Vourc’h e Morand (2011) entendem que as PMPSA estão cientes da ne- cessidade de aumentar as suas capacidades profissionais. No entanto, para realizar este aumento, na capacidade operacional, são confrontados com o aumento dos custos e dos riscos relacionados. Aliado a isto, dada a baixa expectativa de obterem um mandato por parte de uma empresa cotada, torna-se difícil justificar o investimento.

Também neste campo a Oxera 2006 deparou-se com um conjunto de barreias à entrada no mercado pelos PMPSA, designadamente o investimento necessário para entrar no mercado das empresas cotadas e o longo período temporal de investimento e o respetivo retorno, com riscos de negócio significativos.

Estas justificações encontram-se bastante alinhadas com os demais autores, no entanto este relatório acrescenta uma interessante barreira à entrada relacionado com a estrutura

societária das firmas de auditoria. Ainda que o investimento necessário seja atrativo para um determinado sócio ou conjunto de sócios o elevado risco associado ao conjunto da firma faz com que os demais sócios rejeitem esta estratégia. Oxera (2006:6) refere que

«Crucially, low tendering and switching rates, as well as significant uncertainties con- cerning the size of the required initial investment, seem likely to result in an unattractive risk-to-reward trade-off. ».