Capítulo II Metodologia
2.4. Técnicas e instrumentos de recolha de dados
2.4.2. Inquéritos por entrevista
A entrevista pode ser considerada uma técnica de recolha de dados importante numa investigação deste tipo, na medida em que possibilita compreender, num contexto mais lato, aquilo que é observado e experienciado pelo investigador. Baseia-se em conversas orais, individuais ou em grupo, com pessoas atentamente escolhidas, com o intuito de se recolher determinadas informações. Tal como referem Bogdan e Biklen, (1994: 134) a entrevista “consiste numa conversa intencional, geralmente entre duas pessoas (…) dirigida por uma delas, com o objetivo de obter informações sobre a outra.”
Estes dizem ainda que as entrevistas podem estabelecer a estratégia principal para a recolha de dados com a intenção de recolher dados descritivos da linguagem do sujeito, transmitindo ao investigador uma conceção sobre a forma como os sujeitos analisam determinados aspetos.
Para Bell (2008:137) a grande vantagem da entrevista é que esta é adaptável, pode proporcionar informações que uma resposta escrita não mostra e existe ainda a hipótese da resposta ser desenvolvida e clarificada.
A escolha desta técnica para um grupo específico de pessoas é justificada por considerar-se ser a que mais se adequa à obtenção de determinadas informações acerca do que sabem, fazem, pensam e sentem acerca do tema que estamos a investigar, bem como das suas justificações ou fundamentos.
Atendendo a que existem vários tipos de entrevista, escolheu-se a semiestruturada pois combina perguntas abertas e fechadas, onde os entrevistados tiveram a possibilidade de dissertar sobre o tema sugerido. Tal como afirma Bell (2008:141):
são feitas determinadas perguntas, mas os entrevistados têm a liberdade de falar sobre o assunto e de exprimir as suas opiniões. O entrevistador limita-se a fazer habilmente as perguntas e, se necessário, a sondar opiniões na altura certa; se
porém, o entrevistador se mover livremente de um tópico para o outro, a conversa poderá fluir sem interrupção.
A escolha teve ainda em conta o facto deste tipo de entrevista limitar o volume das informações, pois podemos direcionar mais facilmente o tema e intervir com o intuito de atingir os nossos objetivos. Na ótica de Quivy e Campenhoudt, (2008:194) este tipo de entrevista:
não é inteiramente aberta, nem encaminhada por grande número de perguntas precisas. Geralmente, o investigador dispõe de uma série de perguntas guias, relativamente abertas, a propósito das quais é imperativo receber uma informação da parte do entrevistado. Mas não colocará necessariamente todas as perguntas na ordem que as anotou e sob a formulação prevista.
Segundo Bell (1997:121) este tipo de entrevista encontra-se entre a entrevista estruturada e a não estruturada e
é constituída por um pequeno número de perguntas abertas, o que permite ao investigador uma certa liberdade de ação, ou seja, a entrevista semiestruturada é desenvolvida com a ajuda de um conjunto de perguntas que permitem a existência de uma conversa entre o investigador e o entrevistado não se limitando à simples pergunta/ resposta, como é efetuado na entrevista estruturada, facilitando a interação entre entrevistador e sujeito.
Geralmente são conduzidas a partir de um guião, sendo este o instrumento que orienta a entrevista. O guião é traçado a partir de questões de pesquisa e constituído por objetivos, questões e tópicos. A cada objetivo corresponde uma ou mais questões. A cada questão estão associados um ou mais tópicos, aproveitados do discurso do entrevistado, em relação a cada questão. Desta forma, o entrevistador necessita de ser perspicaz e conduzir, no momento oportuno, a discussão para o assunto que pretende. Este deve fazer perguntas adicionais a fim de esclarecer algumas questões que não tenham sido claras ou para reorganizar o contexto da entrevista, pois por vezes existe a tendência para o entrevistado se desviar do tema.
Ao serem realizadas entrevistas semiestruturadas às coordenadoras pretendeu-se perceber a perceção dos entrevistados face à articulação curricular entre o pré-escolar e o 1º ciclo;
caracterizar as representações dos entrevistados face à forma como se encontra estruturada a organização e dinâmica do agrupamento; identificar constrangimentos ao estabelecimento de uma articulação curricular eficaz e identificar os principais aspetos que podem favorecer um trabalho articulado entre os professores e educadores.
Com a entrevista realizada ao elemento da direção aspirou-se conhecer a situação do agrupamento no que respeita à articulação curricular entre os dois níveis de ensino e conhecer como se processa; conhecer e compreender os efeitos da articulação curricular entre estes dois níveis de ensino ou as consequências da não existência; conhecer as estratégias da direção; identificar constrangimentos ao estabelecimento de uma articulação curricular eficaz; identificar os principais aspetos que podem favorecer um trabalho articulado entre os professores e educadores; apreender a perceção do entrevistado face à articulação curricular entre o pré-escolar e o 1º ciclo e caracterizar as representações do entrevistado face à forma como se encontra estruturada a organização e dinâmica do agrupamento. Foi construído um Guião de Entrevista (ver anexo 2) e procedeu-se à sua aplicação.
Mais uma vez para que se possa ter uma melhor perceção da organização importa fazer referência ao que se pretendia obter.
Quadro 2 – Organização dos blocos da entrevista às coordenadoras
Blocos temáticos Objetivos específicos
Perceção do conceito de articulação
Perceber a perceção dos entrevistados face à
articulação curricular ente o pré-escolar e o 1º ciclo. Caracterizar as representações dos entrevistados face à forma como se encontra estruturada a organização e dinâmica do Agrupamento.
(Vantagens e desvantagens da articulação)
Identificar constrangimentos ao estabelecimento de uma articulação curricular eficaz
Identificar os principais aspetos que podem favorecer um trabalho articulado entre os Professores e
Educadores
Quadro 3 – Organização dos blocos da entrevista ao elemento da direção
Blocos temáticos Objetivos específicos
Perceção sobre a forma de articulação existente no Agrupamento
Conhecer a situação do agrupamento no que respeita à articulação curricular entre os dois níveis de ensino e conhecer como se processa.
Efeitos da articulação Conhecer e compreender os efeitos da articulação curricular entre estes dois níveis de ensino ou as consequências da não existência.
Estratégias da direção Conhecer e compreender as estratégias da direção relativamente à articulação curricular entre estes dois níveis de ensino.
Vantagens e desvantagens da articulação
Identificar constrangimentos ao estabelecimento de uma articulação curricular eficaz
Identificar os principais aspetos que podem favorecer um trabalho articulado entre os Professores e
Educadores Perceção do conceito de
articulação
Perceber a perceção do entrevistado face à articulação curricular ente o pré-escolar e o 1º ciclo.
Caracterizar as representações do entrevistado face à forma como se encontra estruturada a organização e dinâmica do Agrupamento.