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1. INTRODUÇÃO

1.3. Inquéritos de saúde

Diante dos fenômenos já conhecidos da transição demográfica e epidemiológica, em

que se observa o envelhecimento da população e crescimento das prevalências de doenças

crônicas em detrimento das infecto-contagiosas, os sistemas de informação em saúde de

registro contínuo têm apresentado limitações no monitoramento e avaliação das políticas e

programas direcionados para tais agravos. Frente a essa realidade, que tem como

consequência a ampliação do conceito de saúde, os inquéritos de saúde de base

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informações e o monitoramento e avaliação não só das doenças, mas também das condições

de saúde, assim como do desempenho do sistema de saúde, sendo complementares aos

tradicionais sistemas de informação (Goldbaum et al., 2005; Barros, 2008).

Por serem dirigidos à população em geral, com exceção dos institucionalizados, esses

inquéritos possibilitam o conhecimento de grupos que não percebem suas necessidades de

saúde, não procuram ajuda, procuram ajuda em local diferente do sistema oficial de saúde

ou mesmo que não têm acesso ao sistema de saúde, obtendo informações além daquelas

que são obtidas nos serviços públicos de saúde por meio dos registros contínuos (Cesar &

Tanaka, 1996).

Os inquéritos de saúde fornecem dados relativos às diversas dimensões do estado de

saúde, aos determinantes demográficos, socioeconômicos e culturais da saúde-doença, além

de informações a respeito dos comportamentos relacionados à saúde, estado de saúde e

acesso e uso dos serviços de saúde, permitindo revelar o padrão das desigualdades sociais

em saúde (Barros, 2008). Em termos de posição socioeconômica, o nível de escolaridade, a

classe social, obtida por meio da ocupação, e a renda são as principais variáveis para o

estudo das desigualdades sociais em saúde. Os inquéritos são muito úteis no planejamento

de ações que considerem equitativamente os diferentes segmentos da população estudada

(Rohlfs et al., 2007).

Dentre os inquéritos nacionais, destacam-se os suplementos de saúde das Pesquisas

Nacionais por Amostras de Domicílios (PNADs), que possuem ampla cobertura territorial e

acontecem periodicamente, desde 1986; os inquéritos realizados pelo Instituto Nacional de

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comportamentos relacionados à saúde; e o sistema de vigilância de fatores de risco para

doenças crônicas (VIGITEL), em que as informações são obtidas por meio de entrevistas

telefônicas (Barros, 2008).

Há ainda os inquéritos de saúde locais e os regionais, que são “espaços e oportunidades

fundamentais de experimentação e validação de instrumentos, de compreensão dos

determinantes da variação dos valores médios nacionais ou regionais, e de aprofundamento

de questões que necessitam de investigações mais específicas e detalhadas” (Barros, 2008).

Dentre eles está o Inquérito de Saúde de Campinas (ISACamp), que teve início em 2008,

com o objetivo de obter dados por meio de questionários aplicados em domicílio por

entrevistadores previamente treinados, gerando informações como comportamentos

relacionados à saúde, estado de saúde, uso de serviços, além das condições demográficas e

socioeconômicas dos entrevistados, viabilizando estudos relacionados às desigualdades

sociais em saúde.

Dado que os homens são os mais acometidos pelas maiores taxas de mortalidade em

todas as idades, especialmente nas idades mais precoces, estão mais propensos à adoção de

comportamentos prejudiciais à saúde e, por consequência, ao desenvolvimento de doenças

graves, há necessidade de tomá-los como foco de investigações que considerem seus estilos

de vida e suas implicações sobre a saúde, nos diferentes segmentos sociais.

Conforme observado, a forma pela qual o homem é socialmente construído relaciona-se

diretamente com as altas prevalências de morbidades e sobremortalidade por diversas

causas. Tendo em vista que os comportamentos influem significativamente na saúde

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gênero e, particularmente, entre seus distintos segmentos, quanto aos estilos de vida como:

hábito de fumar, ao consumo de álcool, à qualidade da dieta, à prática de atividade física,

ao peso corporal, dentre outros fatores.

Considerando-se que tais aspectos são influenciados pela estrutura social, que os

homens adultos jovens (que correspondem à parcela preponderante da força produtiva)

compõem as estatísticas da sobremortalidade em maior proporção e que há poucas

pesquisas sobre desigualdades sociais na saúde dos homens, faz-se oportuno estudar a

saúde de homens adultos jovens, de 20 a 59 anos. O nível de escolaridade foi utilizado

como categoria analítica, com o propósito de identificar a magnitude das desigualdades

existentes entre os diferentes segmentos sociais desta população, tendo em vista que o

conhecimento de suas particularidades pode auxiliar na elaboração de estratégias mais

direcionadas, colaborando para promover a adoção de comportamentos menos nocivos à

saúde, diminuição da mortalidade precoce e melhoria na qualidade de vida para um

envelhecimento saudável.

As investigações por inquéritos de saúde são em sua maioria de abrangência nacional

ou relativas a regiões metropolitanas, não sendo possível a desagregação dos dados

disponibilizados para municípios. Nesse sentido, este estudo, referente à população

masculina de 20 a 59 anos de Campinas, será um importante instrumento para identificar,

em nível local, as desigualdades entre eles, segundo o nível de escolaridade possibilitando o

planejamento de ações melhor direcionadas aos grupos mais vulneráveis do município,

podendo servir como experiência também para outros locais que apresentem características

semelhantes. Para tanto foram utilizados dados de um inquérito de saúde domiciliar

43 2.1. Objetivo Geral

Avaliar a magnitude das desigualdades sociais em saúde, segundo escolaridade, entre

homens de 20 a 59 anos residentes no município de Campinas.

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