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Inserção no Comércio de Bens dos Três Polos Econômicos da

Os Polos Exportadores da Amazônia Legal 1

2 Inserção no Comércio de Bens dos Três Polos Econômicos da

Amazônia Legal

De acordo com os dados da SECEX disponíveis no DataViva, em 2015, a maior mesorregião exportadora de bens da Amazônia Legal foi o Sudeste Paraense (8ª maior no ranking total do Brasil/ expor-tou US$ 6,5 bilhões), seguida pelo Norte Mato-grossense (10ª/ US$

5,5 bilhões), Nordeste Paraense (20ª / US$ 2,9 bilhões). Após outras do Mato Grosso e do Maranhão, o polo de Manaus ficou na 46ª

posi-ção nacional entre os maiores ex-portadores, de aproximadamente US$ 844 milhões, apesar de deter a maior população da região.

Por outro lado, quando se analisa a complexidade das exportações brasileiras de produtos em 2015, tomando-se as mesorregiões, lo-calidades de São Paulo e do Rio de Janeiro encabeçam o ranking, e o polo manauara (centro Amazonen-se) aparece em 6º lugar. A próxima região da Amazônia a aparecer no ranking é o Vale do Acre, em 31º (exportações de US$ 28 mi-lhões apenas e, por isso, na 112ª posição nesse quesito), seguido do Nordeste Mato-Grossense na 37ª posição. O Norte Mato-grossense e o Sudeste Paraense, mesorregi-ões da Amazônia Legal que mais exportaram em 2015, apresenta-ram complexidade da pauta muito baixa, respectivamente na 107ª e 108ª colocações no ranking desta variável em 2015.

O Centro Amazonense engloba a Zona Franca de Manaus, criada em 1967 fundamentalmente para abastecer o mercado interno brasi-leiro (SIROEN; YUCER, 2011), mais do que como centro exportador.

Essa característica se manteve até a atualidade, embora a região tam-bém atuasse no comércio externo.

Desde 2000 (Figura 1), a pauta de exportações deixou de ser concen-trada em máquinas (cerca de 40%

do total exportado pela região em

2000 e 22% em 2015), diversifi-cando para transportes, metais e, principalmente, gêneros alimentí-cios (cerca de 30%). E o principal destino das exportações tem sido, majoritariamente, a América do Sul. O recorde de exportações em valor da região aconteceu em 2005, respondido essencialmente por máquinas exportadas para a Amé-rica do Norte, mas este montante apresentou tendência declinante na década seguinte. Examinando ao nível das posições de produtos, conforme classificação do Data-Viva, em 2015, outros preparos comestíveis (que correspondem a, essencialmente, produtos associa-dos às proteínas texturizadas – no caso, da soja) respondiam por 33%

da pauta exportadora da mesor-região do Centro Amazonense – o que explica a participação da seção outros gêneros comestíveis. Isola-damente, motocicletas (16%), da seção transportes, foram o segun-do principal produto de exporta-ção – seguido dos metais navalhas e lâminas de barbear (10%) e das máquinas acessórios para trans-missão de rádio e TV (4,4%) e cir-cuitos integrados (4,2%).

Por outro lado, o Centro Amazo-nense teve um desempenho em 2015 de sexto maior importador em valor do Brasil, US$ 8,8 bilhões (ou seja, dez vezes o valor das ex-portações). As importações da me-sorregião cresceram de 2000 a 2013, quando alcançaram o pico,

declinando em 2014 e 2015. Foram provenientes es-sencialmente da Ásia e concentraram-se em máquinas – especialmente, em 2015, acessórios para transmis-são de rádio e TV (23%) e circuitos integrados (12%).

O perfil mais sofisticado das importações está associa-do à participação em cadeias de valor de eletrônicos, na qual a Zona Franca de Manaus atua essencialmente como montadora.4

Figura 1 – Evolução da Pauta de Exportações e Importações, por Seções, do Centro Amazonense – 2000 a 2015, em US$

Fonte: Secex, DataViva, 2016.

A inserção externa do Sudeste Paraense, entretanto, é diametralmente oposta. De 2000 a 2015, as exporta-ções passaram de US$ 1 bilhão para US$ 6,5 bilhões, o período todo concentradas em minérios de ferro (61%) e de cobre (24%) produzidos principalmente pela Vale, e ao longo do tempo a Ásia definitivamente superou a Europa enquanto destino central (Figura 2).

Por serem uma atividade inicial das cadeias de valor, que não possui significativos efeitos multiplicadores de renda e de emprego, as importações da região são muito reduzidas em relação às exportações (US$ 404 milhões em 2015), sendo a fatia maior oriunda da América do Norte. A composição das importações, em 2015, concentrava-se em máquinas (36%). Porém, olhando por posição, predominam bens para a infraes-trutura da extração mineral: veículos de grande porte para a construção (14%), pneumáticos novos (17%) e caminhões de carga (25%).

Já a inserção do polo Norte Mato-grossense se baseia em produtos de origem vegetal (soja: 51% do total, e milho: 26% em 2015 − ver Figura 3), mas apresenta padrão semelhante ao do Sudeste Paraense: exporta-ções gigantescas e de baixa sofisticação com importa-ções reduzidas em valor, porém sofisticadas. De 2000 a 2015, a mesorregião transformou-se na 10ª maior exportadora do Brasil, destinando para a Ásia e a Eu-ropa a maior parte dos bens vendidos externamente.

Sublinha-se uma tendência de crescimento da parti-cipação do farelo de soja nas exportações, processa-mento óbvio do principal produto de exportação. Por sua vez, as importações provieram principalmente da Ásia; porém, esta teve parcela de mercado menor do que nos outros casos, seguida por Europa e América do Norte. As importações servem totalmente à produ-ção agrícola, de modo que em 2015 estiveram concen-tradas em fertilizantes químicos (potássicos, 75% , e mistos minerais ou químicos, 25%).

Figura 2 - Evolução da Pauta de Exportações e Importações, por Seções, do Sudeste Paraense – 2000 a 2015, em US$

Fonte: Secex, DataViva, 2015.

Figura 3 – Evolução da Pauta de Exportações e Importações, por Seções, do Norte Mato-Grossense – 2000 a 2015, em US$

Fonte: Secex, DataViva, 2015.

Logo, os três perfis de especialização estrutural apon-tados na seção 1 guardam estreita relação com as res-pectivas inserções externas. Em primeiro lugar, o polo da Zona Franca de Manaus segue não apresentando como principal objetivo a exportação, mas a produção local de manufaturas para o mercado interno brasilei-ro. Trata-se de uma mesorregião industrializada, que pratica a transformação de diversos produtos, espe-cialmente eletrônicos e veículos de transportes, mas que não centraliza as atividades que adicionam mais valor dessas cadeias. Ao contrário, são importadores líquidos de bens sofisticados, embora também sua pauta de exportação esteja entre as mais sofisticadas

do País. As oportunidades seriam participar de ativi-dades mais nobres dessas cadeias e aproveitar melhor os mercados dos países vizinhos. É preciso atentar para o crescimento, entretanto, dos derivados da soja – como complementaridade produtiva provável da ati-vidade agrícola na Amazônia Legal.

O segundo polo, sudeste Paraense, destaca-se como um dos grandes exportadores nacionais da indústria extrativa mineral (ferro e cobre). A economia da me-sorregião, centrada em Parauapebas, é pouco dinâmi-ca. Deste modo, as importações equivaleram a menos de 15% das exportações da localidade, de caráter

mais complexo e destinado princi-palmente a servir à infraestrutura produtiva. O terceiro polo, por fim, é o do Norte do Mato Grosso, das fronteiras agrícolas da soja e do milho, exportador de grande porte no País. Todavia, as economias lo-cais, tal qual no caso paraense, são pouco dinâmicas. As importações são baixas (mesmo 10% do valor exportado), concentradas em ferti-lizantes químicos sofisticados para viabilizar a produção em grande escala.