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O mercado de produtos e serviços para animais de estimação está

ganhando grande destaque mundial, caracterizando-se como um novo e lucrativo segmento da economia.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (ABINPET, 2013), o Brasil representa o segundo maior mercado pet (mercado de animais de estimação) do mundo, ficando atrás somente do norte- americano. É estimado que, para 2014, o crescimento do faturamento do setor chegue a 8,2% sobre o ano passado, atingindo o valor de R$ 16,47 bilhões. De 2012 para 2013, o aumento foi de 7,3%. O valor da receita abrange os segmentos de Pet Food (alimentação), o maior de todos eles, Pet Serv (serviços), Pet Care (equipamentos, acessórios e produtos para higiene) e Pet Vet (medicamentos veterinários). Comparando com outros segmentos, o mercado pet representa 0,31% do PIB nacional, ficando na frente dos setores de produtos de beleza, geladeiras, freezeres e componentes eletrônicos.

Ainda segundo a Abinpet , rações pet de linhas standard para cães podem ocupar 4,7% e 11,1% do orçamento familiar das classes C e D, respectivamente. Quando os números analisados são referentes a rações para gatos, a porcentagens são de 1,8% e 4,1%. Os gastos mensais com cães podem ir de R$ 133 (raças pequenas) até R$ 314 (raças grandes), sendo que a ração é o produto que demanda mais gastos (de R$ 41,91 a R$ 176,22), com produtos standard. Para quem tem gatos, o valor total mensal fica em até R$ 84,19, com produtos standard. Produtos de linhas premium podem chegar a custar R$ 859,98 para cães de raças grandes e R$ 278,12 para gatos. Com isso, a diferença entre gastos standard e premium pode chegar a R$ 545,63. Segundo José Edson Galvão de França, presidente da Abinpet, o mercado é amplo e atende a todas as classes. A pesquisa é resultado de uma análise entre informações do IBGE e a inteligência de mercado da Abinpet. (ABINPET, 2013)

Segundo os dados da pesquisa “Radar Pet” realizada, no ano de 2009 pela Comissão de Animais de Companhia (COMAC) que integra o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sidam), foram registrados 25 milhões de cães e 7 milhões de gatos no país. Essa pesquisa também relacionou

esses números com os tipos de famílias e suas classes econômicas, indicando que na classe A, 52% dos domicílios possuem “pets”. Esse percentual cai para 47% na classe B e 36% na classe C. Os gatos equivalem a 9% da preferência da primeira classe e os cães são os prediletos, correspondendo a 85% dessa preferência.

Além da existência de donos que tratam seus animais como seres humanos, desejando sempre que eles desfrutem de uma vida de qualidade e conforto, esse segmento conta também com o crescimento da população humana no planeta, que faz crescer proporcionalmente o número de animais de estimação inseridos nas famílias. De acordo com a pesquisa “O Radar Pet” (2012), a população de cães e gatos só tende a crescer, assim como o número de domicílios classe ABC com a presença destes “pets”. Esse crescimento é provocado pelos seguintes fatores:

- A elevação natural do número de domicílios nos últimos 4 anos; - O crescimento da penetração de gatos;

- Elevação marginal do número médio de animais por domicilio;

- A ascensão da classe C, que representa uma grande oportunidade para indústria e para o mercado pet.

Hoje o país conta com cerca de um animal doméstico para cada dois habitantes, o que incentiva ainda mais a multiplicação de negócios no setor. Existem, no Brasil, atualmente, cerca de 37,1 milhões de cães e 21,3 milhões de gatos. Além deles, há 26,5 milhões de peixes e 19,1 milhões de aves. Outros animais somam 2,17 milhões, totalizando 106,2 milhões de pets em escala nacional. O Brasil é a 4ª maior nação do mundo em população total de animais de estimação e a 2ª em cães e gatos.

Diante deste cenário, o segmento pet traz consigo o surgimento de diferentes serviços e adaptações no mercado para atender a este público. Algum tempo atrás o segmento “pet” envolvia apenas produtos de alimentação, de higiene e medicamentos, mas agora se encontra em plena expansão, e vem mobilizando muito mais que isso. O mercado de luxo foi o que melhor aderiu a esse novo segmento, com um público fiel e disposto a gastar uma parte de seu dinheiro para aumentar o conforto e a qualidade de vida dos seus animais. Existem clínicas veterinárias especializadas em oferecer sessões de

massoterapia para cães e gatos, a fim de melhorar a saúde do animal através de um tratamento alternativo. A grife Ralph Lauren que já investe no mercado pet há algum tempo, lança diferentes modelos de roupas a cada nova coleção, o que vai das suas famosas camisas pólo até ao cachemere com gola abotoada. Atenta a esse crescimento, a Deca, líder de fabricação de louças e metais sanitários, lançou no ano de 2011 a linha pet, com o produto de armazenamento de água e ração para animais de estimação. A Gucci, já bastante conhecida pelas suas famosas bolsas, vestidos e sapatos, também faz seu investimento no setor pet, lançando pingentes de identificação de alto padrão, com designs diferenciados, como o pingente “Gucci Square G Dog” com o logotipo “Gucci Dog” inscrito, no valor de aproximadamente R$ 290,00. Ela também já possui em sua linha bolsas para cães, bolsas de alto padrão e extremo conforto para o dono poder carregar seu animal de estimação. (WEBLUXO,2013).

Foi criado no Rio de Janeiro um restaurante exclusivo para “Pets”, onde são servidas comidas naturais, que podem ser compostas por frango, carne, cordeiro, sementes de linhaça, abobrinha, arroz integral, entre muitos outros ingredientes. Os pratos além de nutritivos são totalmente decorados, o restaurante “Pet Delícia” se localiza na Rua Anita Garibaldi em Copacabana.

Em algumas cidades como Nova Iorque, Tokyo e São Paulo, já se pode ouvir falar em Pet Fashion Week, um evento que lança as tendências e produtos da área da moda, tosa e lifestyle destinados a cães e gatos. Nos desfiles são apresentados aos espectadores apetrechos como carrinhos, malas de mão, diversos tipos de coleiras, jóias, roupas, sapatos e acessórios. Um evento destinado aos consumidores e profissionais interessados no assunto. Em São Paulo, a primeira edição do desfile ocorreu em abril 2010, e a segunda edição acorreu nos dias 18 e 19 de junho de 2011, no Shopping Vila Lobos. (REVISTA PLANETA, 2011).

Figuras 02 e 03. Amimais usando roupa e cama de grifes famosas. Fonte: Webluxo (2014)

Um grande número de estabelecimentos como cafés, bistrôs, shoppings passaram a aceitar a presença dos animais de estimação. Para atrair os “pets”, juntamente com seus donos, os estabelecimentos oferecem mimos variados. Vasilhas com água filtrada, tapetes para brincadeiras, biscoitos balanceados e até mesmo ração ficam à disposição dos cães na área externa do Restaurante e Bar Joaquina, na Cobal de Botafogo – RJ. O shopping Rio Design Leblon, além de aceitar os animais, inclui no passeio a opção carrinhos semelhantes aos de bebês para dar mais conforto aos animais.

Outro exemplo desta expansão é a criação de creches para cães. Uma pesquisa realizada pelo Datafolha (2014) revela aumento de 55% nos valores do serviço de creche para cachorro, tanto mensal quanto diário.

Levaram-se em consideração as cotações médias praticadas em maio de 2013 (R$ 582 para mensalidade e R$ 56 para diária) e junho de 2014 (R$ 900 e R$ 87,respectivamente). Portanto, as variações médias dos preços desses serviços, no mesmo período analisado, ficaram acima do IPC-Fipe (Índice de Preços ao Consumidor do Município de São Paulo), que foi de 0,04%, conforme o gráfico abaixo que mostra os valores médios mensais e diários em 2013 e 2014: (DATAFOLHA,2014)

Gráfico: sobre valores médios de creche para cachorro Fonte: Datafolha (2014)

Não diferente dos outros mercados, o mercado do turismo também já identificou a potência do segmento pet e também está se adaptando para atender essa parcela de clientes importantes para obter um maior faturamento.

Segundo o livro “Camping & RVing with Dogs” (2006) escrito pelos autores Jack Meltzer e Julee Meltzer, existem alguns motivos para que as pessoas tenham o desejo de viajar juntamente com seus animais de estimação. São eles:

 O animal de estimação é um membro da família e, da mesma forma que as crianças não são deixadas em casa sozinhas pelos adultos quando viajam, também não fazem isso com os animais, para que assim não se sintam culpados;

 Os animais de estimação facilitam o contato com outras pessoas;  Os animais de estimação são uma boa companhia, são bons ouvintes e estão sempre por perto quando se precisa deles;

 Os animais de estimação podem ajudar na prevenção contra o crime e aumentam a sensação de segurança dos seus donos;

 As férias se tornam mais movimentadas quando os animais de estimação estão juntos;

 Os animais de estimação adoram viajar e são uma ótima companhia para a viagem;

 Desde quando o homem era nômade, o animal sempre foi uma companhia para as suas viagens;

Para dar atenção a essa fatia do mercado, estão sendo criados muitos serviços dedicados aos animais na área. Existem hotéis, agências de viagens e empresas aéreas preparadas para atender a demanda que está disposta a viajar junto com seu “pet”. A Disney criou um resort só para animais, um hotel de alto padrão que oferece diversos serviços especiais, como por exemplo, televisão e a “hora da historinha”, hora em que os monitores lêem histórias para os animais até que peguem no sono. O resort se chama “Best Friends Pet Care Resort”, nele uma suíte VIP (Very Important Pet) custa em média 69 dólares.

Figuras 04 e 05. Cães no Resort da Disney.

Fonte: Best Friends Pet Care,20

Em São Paulo, a agência de viagens “Turismo 4 patas”, se especializou em oferecer eventos e roteiros turísticos para cães, o site funciona como um divulgador dos hotéis “pet friendly” (hotéis que aceitam e oferecem serviços especializados) , além de oferecer aos clientes várias informações de como se viajar com seu animal. Nos Estados Unidos também foi criada uma companhia

aérea de luxo especializada em transporte nacional de animais domésticos, a “Pet Airways”. A companhia conta com uma frota de vinte aeronaves, oferecendo passagens a partir de 149 dólares.

Algumas empresas aéreas permitem que o animal de pequeno porte viaje debaixo da poltrona de seu dono em uma gaiola com o tamanho máximo de 41 cm x 36 cm x 33 cm. Caso contrário o dono paga pelo peso do animal que é despachado pelo compartimento de carga, em caixas especiais, que possibilitam a movimentação do animal, permitindo que fiquem de pé, e consigam dar uma volta em seu próprio corpo. A TAM permite que o animal viaje junto com seu dono na cabine de passageiro, sendo que seu peso somado à caixa de transporte não pode ultrapassar 10 kg. O passageiro irá pagar uma taxa de noventa reais somada ao peso total (do animal junto a caixa) correspondente a 0,5% da tarifa cheia, do trecho a ser voado, para vôo nacionais. Nos vôos internacionais, os animais não poderão viajar em cabine de primeira classe, e será cobrada uma taxa de U$$ 50,00, mais excesso de bagagem, mais impostos para destinos operados através de sistema de peso ou dois excessos de bagagem para destinos operados através do sistema de peça. A América Air Lines permite apenas o transporte de cães e gatos, sendo que o limite máximo é de sete animais por vôo.

A Datacasa, pesquisa mensal realizada pela datafolha sobre preços de serviços domésticos em São Paulo, passou a inserir em suas tabelas valores de cuidados com os animais de estimação. A Edição de 29 de junho de 2014 divulgou os seguintes valores da diária de hotéis para cães e gatos:

Hotel valor da diária Mín Médio Máx

Cachorro de médio porte 50 83 120

Gato 45 73 110

Figura 06. Valor da diária média por tipo de animal Fonte: Adaptado de Datafolha (2014)

Além dos hotéis para cães e gatos, com objetivo de se diferenciar no mercado, as redes hoteleiras também estão atentas em oferecer serviços ao público que faz questão de viajar com seus pets. Para hotéis especializados no segmento calcula-se que a receptividade aos animais representa um incremento médio de 10% no faturamento. A outra vantagem é a possibilidade de fidelização deste tipo de público. Para o turista, este tipo de serviço pode representar mais comodidade em não ter que se separar do seu pet na hora da viagem e também uma economia com veterinário e cuidadores, além da prevenção de problemas causados por longos períodos de afastamento dos donos.

De acordo com o levantamento da Associação dos Revendedores de Produtos, Prestadores de Serviço e Defesa destinados ao uso Animal (Assofauna), 63% das famílias brasileiras de classes A e B possuem animais de estimação e os consideram membros da família. O que os levam a crer que os animais merecem desfrutar do mesmo lazer e conforto que os outros parentes. E com essa justificativa, a turismóloga Idealizadora da agência e portal “ Turismo 4 patas” Larissa Rios, resolveu criar o primeiro “Sistema de Classificação de Hospedagens Pet Friendly” do Brasil . Em entrevista ao portal “Diário do Nordeste”, a turismóloga declara que "O mercado para empreendimentos pet friendly está em franca expansão. Os animais de estimação ganharam status de membro da família e hoje são inseridos nas programações". (DIÁRIO DO NORDESTE, 2014).

O Sistema possui três níveis de classificação dos meios de hospedagem, Super Premium, Premium e Standard. Utiliza-se como base critérios que atendem especialmente às necessidades dos animais, como segurança, bem-estar e a diversão, a consequência é a satisfação dos donos. Os critérios vão desde lixeiras para fezes, higienização dos quartos, veterinário, até serviços especiais como monitores. Os hotéis que atendem as exigências padronizadas pelo sistema, ganha o selo “Pet Friendly” e pode ser encontrado facilmente nas ferramentas de busca do portal.

Segundo a pesquisa divulgada no portal PanHoteis ( realizada pelo Kayak), Florianópolis é a cidade com o maior número de hotéis que aceitam animais de estimação no Brasil, com 25% dos empreendimentos pet friendly. São Paulo encontra-se com o menor percentual, com 11%. O Rio de Janeiro ocupa o 3º

lugar com 18%. A justificativa para a baixa aceitação na capital paulista é o fato de ser um destino tradicional no turismo de negócios. Com exceção de Florianópolis (líder do ranking), as demais capitais brasileiras não chegam a atingir a marca de 20% dos hotéis que aceitam animais de estimação. (PANHOTEIS, 2014)

O ranking ficou da seguinte maneira:

1º - Florianópolis: 25% 2º - Salvador: 19% 3º - Rio de Janeiro: 18% 4º - Fortaleza: 17% 5º - Brasília: 16% 6º - Recife: 15% 7º - Belo Horizonte: 15% 8º - Porto Alegre: 13% 9º - Curitiba: 12% 10º - São Paulo: 10%

Esse tipo de pesquisa evidencia o crescimento do número de turistas que possuem a necessidade de viajar junto com seus animais de estimação e que buscam um serviço especializado, resultado também da humanização dos “pets”. A fim de comprovar esta tendência na cidade do Rio de Janeiro, o presente estudo terá como base uma pesquisa de campo baseada nos hotéis da cidade.

5 ANÁLISE DA ACEITAÇÂO DOS PETS NOS HOTÉIS DA CIDADE DO RIO DE

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