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Inspeções médico–escolares: um inventário sobre a saúde infantil na Escola

Corpo são Mente sã

2. Quando o olhar médico se volta para a infância natalense

4.1. Inspeções médico–escolares: um inventário sobre a saúde infantil na Escola

Em 24 de maio de 1919, o candidato ao cargo de governador do Estado, Antonio José de Mello e Souza, lançava como uma das plataformas de sua campanha a realização periódica de Inspeções médico-escolares, que teriam como função principal fiscalizar e empregar os modernos preceitos higiênicos no interior das escolas. De acordo com o candidato, a falta de asseio das escolas e dos escolares eram causadores de grandes males à saúde infantil, muitas vezes deixando marcas que acompanhavam o indivíduo até a vida adulta. A falta, ou a má distribuição da luz nas salas de aula, a insuficiência do asseio, a defeituosa posição das crianças durante a leitura e a escrita, os pequenos maus hábitos adquiridos em casa ou na rua. Todas essas deficiências deveriam ser corrigidas pela escola e para tanto a inspeção médico-escolar seria um instrumento indispensável. De acordo com o plano, deveriam ser contratados alguns médicos que pudessem formar uma equipe grande o bastante para visitar periodicamente todas as escolas que estivessem sob a responsabilidade do Estado. Como função, eles seriam encarregados de levar

Recommendação especial para attenderem particularmente, no exame individual, aos órgãos dos sentidos, ao funccionamento do apparelho gastro-intestinal, ás attitudes do menino em pé ou sentado, e a tudo o mais quanto a sua competência naturalmente julgasse necessário. Em relação ao meio, estudariam as endemias porventura reinantes, o impaludismo, as verminoses e outras, e as moléstias parasitarias; examinariam a água potável, recommendando e ensinando providencias de prophylaxia usual e solicitando do governo aquellas que, por sua importância e generalidade, estivessem acima dos meios individuais.289

Ao sair vitorioso nessas eleições, as inspeções médico-escolares tiveram início no começo dos anos 1920.

As inspeções escolares já eram realizadas em vários países da Europa desde o final do século XVIII, tendo nas figuras de Lakanal, Sièyés e Daunou seus idealizadores. Na América Latina, foi adotada pela Argentina em 1884, através de

Lei escolar que a tornava obrigatória em toda a República. Já no Brasil, a municipalidade do Rio de Janeiro, através do decreto 778, de 9 de maio de 1910, criava também seu serviço de inspeção medico-escolar290. Contudo, foi sob a orientação do italiano Ugo Pizzoli, encarregado pelo governo de São Paulo da instalação de um Gabinete de Psicologia e Antropologia Pedagógica em 1914, anexo à Escola Normal Secundária de São Paulo, que as inspeções tomariam corpo. Esse gabinete procurava colocar a Pedagogia de um ponto de vista totalmente científico, desvinculando-se da Filosofia para unir-se à nova ciência da Psicologia. Como resultado da implantação desse gabinete, Pizzoli lançou um livro que tornava público seus objetivos do mesmo, assim como o seu aparelhamento. A ideia era ressaltar o máximo possível o seu caráter científico. Além dessas informações, o texto também trazia um modelo da Carteira Biográfica Escolar. Essa carteira

Deveria ser generalizada a todos os grupos escolares e abranger registros acerca da vida do aluno nos cinco anos de curso. Deveria ser elaborada e assinada pelo diretor do estabelecimento, pelos professores das classes e pelo médico escolar. Constando de nove páginas, a Carteira reunia fotografias anuais do aluno e inúmeros registros de mensurações resultantes de ‘observações antropológicas’ e ‘fisio-psicológicas’, além de anotações registradas como ‘dados anamnésticos da família’ e ‘notas anamnésticas’, estas últimas obtidas por exame médico.291

Quando, em 1922, o Dr. Alfredo Lyra escreve um compêndio sobre inspeções médico-escolares, a influência do manual de Pizzoli é claramente identificável. O doutor via na inspeção médica das escolas uma maneira de fazer desaparecer a velha dualidade entre o corpo e o espírito, affirmando o principio de Juvenal –

‘mentalidade sadia em corpo são’292. A ideia era unir higiene e Pedagogia para fazer

um estudo sistemático dos alunos, buscando conhecê-los com exatidão e permitir julgar os encaminhamentos necessários para efetuar a transformação física e mental dos mesmos. Enquanto o estudo individual de cada escolar propiciaria a medição dos valores dos regimes de exercícios estabelecidos, das prescrições de estudos aconselhadas e dos métodos pedagógicos instituídos.

290 LYRA, Alfredo. op. cit., 1922, p. 9.

291 CARVALHO, Marta Maria Chagas de. Quando a história da educação é a história da disciplina e da higienização das pessoas. In: FREITAS, Marcos Cezar de; KUHLMANN JR, Moysés. (orgs). op. cit., 2002, p. 295.

A educação uma vez firmada sobre as bases solidas da physiologia, a instrução deve fornecer o maximo de rendimento com o mínimo de usura, desde que a cultura integral das faculdades physicas, mentaes e moraes está em relação directa com o valor physiologico do escolar.293

A Inspeção vinha contrapor-se à indiferença e ao abandono criminoso em que se encontrava a escola e seus alunos pelo descuido higiênico. A prática metódica das inspeções do educando funcionaria como garantia da seguridade de sua preparação racional e científica, da saúde e do aperfeiçoamento das diversas gerações escolares, firmando as qualidades fundamentais que caracterizariam a superioridade de uma raça, fosse em relação aos aspectos físicos do corpo, ou fosse em relação ao seu desenvolvimento intelectual.

A inspeção compreenderia três pontos principais de investimento: o primeiro ponto dizia respeito à vigilância sanitária do meio escolar; o segundo, ao exame individual dos alunos; e, por fim, o terceiro ponto dizia respeito à prevenção das doenças transmissíveis. Seguindo o exemplo da Carteira Biográfica Escolar elaborada por Pizzoli, o Dr. Alfredo Lyra elaborou duas fichas a serem preenchidas pelos responsáveis pela escola e pelo médico durante a Inspeção.

A primeira ficha estaria relacionada ao cadastro geral da escola, com vistas a atender o primeiro objetivo da Inspeção. Entre os dados a serem coletados, estavam localização do edifício escolar, como a sua cidade, o bairro, a rua e a orientação do prédio no que diz respeito à direção do vento e à luminosidade; a quantidade de alunos presentes na escola e nas salas de aula; o aparelhamento do prédio, como os mictórios, os lavatórios e o mobiliário; o tipo de iluminação, se artificial ou natural; o material didático utilizado, como mapas, murais, quadros negros etc.; a estruturação física do edifício, como disposição das salas e dos pátios de recreio (Anexo A).

Esse primeiro inventário buscava fazer um levantamento inicial da situação do prédio escolar e, caso houvesse a existência de defeitos higiênicos, cabia à equipe médica propor a melhor forma de intervenção para corrigi-los. O principal quesito da higiene do prédio escolar estava diretamente relacionada à sua ventilação e à luminosidade, o interesse era abrigar no futuro as creanças contra accidentes graves

que as ameaçam e para que não seja a escola incriminada de alimentar e diffundir

moléstias infecto-contagiosas294. Além disso, a inspeção propunha corrigir os modos

considerados anti-fisiológicos, como por exemplo, os defeitos e as imperfeições do ponto de vista físico e mental, das formas como eram executados os trabalhos propostos aos alunos. Nesse ponto, também assume lugar de destaque a importância de uma mobília racionalmente higiênica, responsável por proporcionar conforto a criança e permitir que esta suportasse as exaustivas horas de aula. Garantindo uma posição física correta, o mobiliário adequado evitaria os desvios rachidianos e as

pertubações visuaes múltiplas, que attingem os alumnos, no fim dos cursos, em uma

percentagem superior a 50%295.

A carteira ideal seria aquela em que as costas estivessem seguramente apoiadas, além disso, havia a necessidade de uma mesa, posicionada a pouca distância do escolar, onde seria possível o apoio das mãos e dos braços, indicado tanto para leitura, quanto para a escrita. A distância calculada da mesa evitaria um maior esforço da visão infantil, evitando assim as possíveis perturbações visuais, como também, uma sobrecarga da coluna, causada pela inclinação do aluno para frente. Tanto a

cadeira como a mesa, caso não formassem um só conjunto, deveriam estar bem fixadas ao chão da classe, garantindo não só a distância adequada entre os estudantes, como também evitava que os mesmos diminuíssem ou aumentassem a distância indicada entre cadeira e mesa.

A segunda e a terceira ficha a serem preenchidas estavam relacionadas ao exame sanitário do escolar (Anexos B e C). Essas fichas eram constituídas através da observação, da análise e da leitura efetuada pelo médico sobre os alunos, o modelo

de ficha sanitária individual é completado por observações pedagógicas, de modo a

294 LYRA, Alfredo. op. cit. 1922, p. 10. 295 Ibid., p. 11.

constituir a ficha anthropo pedagógica em que se basêa a lei biológica fundamental

da unidade do copo humano – ‘a relação intima do physico e do espírito.296

Assim como a ficha escolar, a segunda iniciava com a coleta de dados mais gerais do aluno, como nome, idade, filiação, naturalidade, vacinação e revacinação. Em seguida, deveriam ser descriminados os antecedentes pessoais. Nessas informações era feito um verdadeiro inventário de toda a vida do escolar, o que abrangia o seu nascimento. Dados como complicações no parto, formas de aleitamento, retardamento da locomoção, da fala, doenças infecto-contagiosas, doenças congênitas, entre outras, deveriam ser precisamente coletados. Após essa descrição histórica da vida que antecedeu a entrada do aluno na escola, viriam as informações visíveis, tal como coloração da pele, se é fisionomicamente saudável, se tem inteligência, se sua constituição é boa, medíocre ou má, se seu crescimento é proporcional a sua idade ou inferior, se tem tendência a obesidade ou a magreza. Após essas informações viriam os elementos anthropométricos, onde tudo era mensurado, esquadrinhado e medido (fig. 12).

Fig. 12 Quadro de proporção das diferentes partes do corpo nas diversas faixas etárias

296 Ibid., p. 72.

Vários aparelhos científicos eram empregados para medir toda a simetria do corpo e a capacidade dos órgãos, como a simetria da cabeça, a largura do tórax, a capacidade pulmonar, a força das mãos, a adiposidade da pele, a capacidade da visão e da audição, aspectos da boca, análise dos dentes e da língua, aspectos da mucosa etc. Por fim, vinha a observação e análise do caráter. Essa descrição se dava a partir da conduta e do comportamento do aluno na escola; a conduta do escolar de acordo com o médico, dizia muito do seu espírito, demonstrando suas propensões, afetos e hábitos. Nesse ponto, as crianças eram divididas entre as de caráter regular e irregular, correspondendo os últimos àqueles que viviam constantemente em divergência com o meio. Nesse aspecto, a relação de regularidade se liga diretamente à noção de normalidade, correspondendo ao menino obediente e ativo, que se adapta facilmente às prescrições, não exigindo maiores cuidados dos professores. Tanto na sala como recreio, o “menino normal” apresentaria um espírito que vibra, se agita e

se diverte, mas contem se, desde que seja necessario297. Enquanto que os irregulares

corresponderiam àqueles indivíduos indisciplinados ou apáticos, do tipo inquieto,

Incapaz de um esforço continuado, olhar movediço, instável, que se levanta, assenta, perturba os companheiros e a classe; enfim é o tormento das escolas, onde passa de mão em mão, até ser excluído. (...). O outro typo é o do apathico, ou desfibrado, que é a creança calma, incapaz de movimentos, de vibrações, quase sempre pallida, irascível, senão encolerizavel, que evita o brinquedo, os jogos, por um capricho ou por teimosia. Também pouco ou nada aprende.298

Com a finalidade de auxiliar os médicos e os professores na identificação dos espíritos infantis, o Dr. Alfredo Lyra propôs um quadro esquemático de qualificação, assinalando as principais características que poderiam indicar o tipo de criança com a qual estariam lidando:

297 Ibid., p. 140.

Fig. 13 Esquema do espírito do Dr. Alfredo Lyra

As Inspeções e a coleta de dados gerados por elas deveriam ser renovadas anualmente e arquivadas (Anexo C), para serem utilizados sempre que necessário. Além disso, essas fichas serviriam de base de comparação, com o intuito de perceber a validade e os resultados das intervenções higiênicas e dos métodos pedagógicos empregados.

A ideia de uma Carteira Biográfica Escolar, de Fichas Sanitárias, enfim, de Inspeções Médico-escolares, demonstram, sem dúvida, a confluência de vários saberes que buscavam se tornar disciplinas, como a Antropologia, a Psicologia, a Medicina e a própria Pedagogia. Ao tornar a criança objeto, algumas dessas ciências em construção ajudaram no processo de individualização da infância, não só em relação ao adulto, como também entre seu grupo; não haveria criança nem infância, mas sim crianças e infâncias e para cada uma delas deveria ser estipulado um tipo específico de abordagem. Nesse sentido, mereceu destaque a união entre Psicologia e Pedagogia e como, historicamente, as duas buscaram juntas desenvolver um saber específico sobre o desenvolvimento físico e mental da criança com base em suas fases distintas de desenvolvimento constitutivo – físico e intelectual.

Enquanto ciência, e tentando se distanciar da Filosofia, a Pedagogia, unida a Psicologia, procurou desenvolver seus princípios e métodos a partir de um preparo tanto teórico quanto empírico dos responsáveis pela educação infantil. Nesse caso as “carteiras/fichas sanitárias” tinham o papel também de diferenciação dos indivíduos,

ou individualização dos alunos, como também constituíam-se em roteiros de observação e medida, dando o contorno aos caráter específico de cada aluno e, em seguida, possibilitava o estabelecimento de normas traçadas ao método e à didática para o ensino se pôr em harmonia com a natureza psicológica do escolar299.

Por outro lado, as Inspeções médico-escolares também podem nos fornecer outros indicativos, esses ligados ao desenvolvimento da própria Medicina e das possibilidades de novas representações sobre corpo. Dessa maneira, algumas apreciações sobre o conhecimento médico nesse momento merecem nota.

Se por um lado, vemos o surgimento de uma medicina moderna baseada no exame, não apenas visual, mas também por uma observação que ouvia, media, indagava e analisava até o interior do corpo; na empiria, podemos considerar que nessas inspeções a escola também se constituía como um laboratório experimental, tal como as clínicas e hospitais, por exemplo; e na tomada do corpo como objeto, e aqui vale salientar que o corpo passou por um longo processo de fragmentação – cabeça, membros, olhos, boca, língua, músculos, órgãos, ossos, sangue – todas as partes passavam pelo crivo da análise médica - o corpo dividido poderia ser melhor examinado e descrito.

Por outro lado, esses aspectos da medicina moderna poderiam facilmente ser tomados como um processo que culmina numa desumanização do corpo, ou em uma redução do mesmo a uma série de órgãos, de células e de mecanismos gerados por leis psicoquímicas300. Contudo, algumas permanências do que seria uma “medicina tradicional”, ainda chamavam o espírito para o corpo. As representações medicais desse período também fazem do corpo um organismo dependente de seu ambiente e

do comportamento daquele que o possui, conforme nos demonstra Olivier Faure.301

Se a descoberta microbiana de Pasteur transformava em mito as teorias miasmáticas, também continuava tomando o ambiente como um agente de doenças através de uma conotação inversa. O perigo passava a se constituir no que poderia estar escondido nele e não mais no que estava claramente à mostra. Isso sem

299 Para maior esclarecimento sobre a união entre a psicologia e a pedagogia e como esse processo foi vital para a separação entre criança e adulto e para as modernas práticas pedagógicas de ensino infantil ver: WARDE, Mirian Jorge. Para uma história disciplinar: psicologia, criança e pedagogia. In: FREITAS, Marcos Cezar de; KUHLMANN JR, Moysés. (orgs.). op. cit., 2002.

300 FAURE, Olivier. O olhar do médico. In: CORBIN, Alain; COURTINE, Jean-Jacques; VIGARELLO, Georges (dir.). op. cit., 2008, p. 14.

levarmos em consideração a permanência de uma terapêutica visivelmente influenciada pelo Tratado de Hipócrates – Ares, lugares e águas, através da contínua utilização das sangrias e purgantes na prevenção e controle das enfermidades e na tomada das variações climáticas como causadora de doenças.

Além disso, o surgimento de uma “cultura liberal” apelava para a esfera da responsabilidade individual sobre os agentes mórbidos que assolavam o próprio corpo302, e que também acabava sendo estendida para além do paciente, abarcando a sua vida familiar e, posteriormente, a sua descendência. Não podemos desconsiderar que as fichas sanitárias faziam um inventário de toda a vida do aluno, anterior e posterior ao seu nascimento; localização de sua moradia ou dos lugares que visitava; descrição dos hábitos dentro e fora de casa; como também de sua constituição moral. Podemos considerar essa atitude como uma retomada da união entre corpo e espírito. Sem dúvida, nada poderia tornar o corpo mais humanizado do que essa relação que se estabelecia entre sujeito, corpo e ambiente.

A aproximação entre Medicina e pacientes de esferas sociais cada vez mais distintas, inclusive aquelas que anteriormente estavam fora de sua influência, possibilitou a apropriação de uma nova maneira de representar o corpo, como também de percebê-lo por parte da população. Para responder aos inquéritos médicos, os alunos foram obrigados a olhar para o corpo de maneira diversa, ora como algo naturalizado, ora como espaço exterior observável. Alain Corbin chama nossa atenção para esse longo processo, sobretudo pela influência dos preceitos da cenestesia de Cabanis, que buscava unir os aspectos fisiológicos do corpo à esfera moral, ao vínculo existente entre a vida orgânica, a vida social e a atividade

mental303, através de uma atitude individual que buscava a percepção interior do

corpo e do seu conjunto de sensações orgânicas.

Nesse aspecto, podemos atribuir à medicina moderna o desenvolvimento de um discurso para descrever o corpo, assim como a ampliação desse mesmo discurso para além da classe médica. Quando o paciente passa a ser inquirido sobre os sintomas de sua doença e como estes se apresentam em termos de dor, sensações, desconforto, por exemplo, o doente precisa formular todo um conhecimento analítico

302 Ibid., p. 51.

em torno do seu próprio organismo que, nesse caso, também fala e, portanto, precisava ser escutado e melhor observado.

Nesse ponto, conforme assinalou o sociólogo Anthony Giddens, esses novos saberes corporais possibilitaram ao indivíduo tomar o corpo como parte de um sistema de ação em vez de um mero objeto passivo, tornando-se peça central na reflexividade do eu.

A observação dos processos corporais – ‘Como estou respirando?’ – faz parte da atenção reflexiva contínua que o agente é chamado a prestar a seu comportamento. A consciência do corpo é básica para ‘captar a plenitude do momento’, e envolve o monitoramento consciente dos fluxos sensoriais do ambiente, assim como dos principais órgãos e disposições do corpo como um todo304.

A responsabilidade do indivíduo sobre seu corpo e a retirada da esfera filosófica às causas das doenças asseguravam ao corpo novas possibilidades, sobretudo a de ser trabalhado.

304 GIDDENS, Anthony. A trajetória do eu. In: ______. Modernidade e identidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2002, p. 76.