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Instalações e equipamentos desportivos

2. Enquadramento Conceptual

2.3. Instalações e equipamentos desportivos

De norte a sul do país, nas regiões autónomas, a marca da nossa contemporaneidade desportiva está patente nos sinais da paisagem urbana e mesmo rural. O pavilhão desportivo, a piscina, o polidesportivo, o campo de futebol, são visíveis não apenas nas cidades ou na periferia das mesmas.

(Constantino, 1999, p. 19)

Segundo Almeida (2012, p. 65), o espaço físico é um elemento, primário e transversal, em qualquer orientação ou estratégia política de desenvolvimento desportivo local. A programação da atividade desportiva carece de um local para a sua concretização. As instalações desportivas constituem a estrutura de suporte à procura e à oferta de serviços e atividades de desporto, recreio ou lazer. O desporto municipal abriu via a uma política centralizada no cidadão, e não apenas no atleta, vocacionada em garantir condições para uma atividade desportiva regular de todos os munícipes particularmente dos segmentos mais desfavorecidos, através de um serviço público dotado das condições necessárias para o efeito. Dentro das prioridades iniciais de financiamento, a construção de infra-estruturas desportivas constituiu uma marca incontornável da intervenção do poder local na correção das carências de espaços adequados à generalização da prática desportiva regular, sendo desde logo reconhecido às autarquias locais um papel cimeiro nesta vertente na lei de bases do sistema desportivo – Lei n.º 1/90 de 13 janeiro. Satisfazer as necessidades das populações e promover a qualidade de vida no concelho constitui a missão primordial do município. Um dos pilares de estruturação de um serviço desportivo radica na sua rede de instalações desportivas e na capacidade que esta tem de responder às necessidades básicas dos cidadãos. O desporto reproduz, difunde, preserva e transmite, como qualquer outro fenómeno social e cultural, os seus valores.

Os espaços para a prática do desporto são uma questão nuclear na intervenção das autarquias em matéria de desenvolvimento desportivo local. A

rede de infra-estruturas e equipamentos desportivos, indispensável ao desportivo local, deverá ser articulada com as necessidades resultantes desse desenvolvimento. As características, tipologias e distribuição geográfica dos espaços para o desporto deverão obedecer a uma adequada articulação com os demais fatores de desenvolvimento desportivo local. A programação dos equipamentos deverá atender à crescente segmentação de prática desportiva, traduzida em diferentes expressões e práticas do desporto. Uma autarquia deve preocupar-se também em equilibrar a oferta de espaços para a prática do desporto entre o que são as necessidades de atividade motora da maioria dos praticantes com as necessidades e interesses particulares de aperfeiçoamento da minoria de praticantes de alto nível (Constantino, 1999).

O problema dos equipamentos para a prática do desporto é um elemento central de qualquer política de desenvolvimento desportivo. Sem equipamento não pode haver desenvolvimento (Ferreira e Nery, 1996).

O principal papel a desempenhar pelas autarquias no desporto deve ter a ver com uma atividade de coordenação e interligação entre os diferentes níveis de intervenção e a disponibilização de recursos (materiais, humanos e financeiros), que permitam o normal funcionamento das mais diversas instituições de caráter desportivo de base de cada concelho (clubes e associações). Nesse sentido, uma política de implantação de instalações desportivas tem, acima de tudo, de ir ao encontro dos anseios das populações, ou das práticas desportivas de reconhecido valor na formação dos jovens e na recreação e tempos livres da generalidade dos grupos sociais (Sarmento e Carvalho, 2014, p. 429).

As estruturas desportivas sendo, quase sempre, iniciativa das autarquias, procuram dar às suas populações, as mesmas oportunidades das grandes cidades do litoral. Mas o seu papel não se esgota na construção de equipamentos, pois a concretização de ações que promovam o desporto, nas suas diversas vertentes e na adequação das estruturas organizativas, susceptíveis de produzirem modelos de gestão eficientes e eficazes, na

resposta aos desafios que se colocam no processo de desenvolvimento local, também se reveste de uma aposta imprescindível.

A União Europeia define que deverão existir 4m2 de equipamentos/instalações desportivas por habitante, mas em Portugal, poucos locais cumprem esses valores e muitos estão longe deles. O panorama desportivo no nosso país entrou numa fase algo dúbia no que diz respeito à localização dos equipamentos, dos espaços e das instalações desportivas existentes. Por um lado, hoje existem mais instalações e espaços desportivos do que há dez anos, por outro, a sua distribuição geográfica mantém a utilização de alguns critérios menos abonatórios para as populações e para as modalidades a que são destinadas, por exemplo: instalações em locais sem acessibilidade ou demolição de instalações multidisciplinares para a construção de instalações para uma modalidade.

Devido ao baixo índice de participação desportivo e ao facto do hábito da prática desportiva estar pouco enraizada, compreende-se assim, embora não se deva aceitar, que os espaços em diversas zonas do país apresentam graves falhas de utilização e de rentabilização, quer na prática desportiva quer ao nível do equilíbrio de despesas/receitas. Existirão inúmeras outras razões, ou por serem zonas com pouca população e escalões etários que não se adequam à principal oferta da instalação, ou porque as instalações e os equipamentos não se encontram nas melhores condições, ou por serem já algo antiquados e pouco atrativos, mas a verdade é que nos grandes centros habitacionais e populacionais existem variadíssimas instalações que também sofrem dos mesmos problemas. Existem alguns casos diferentes, sendo um dos principais, o relacionamento com um mercado mais competitivo, com diferentes tipos de oferta de instalações e espaços desportivos (estádios, piscinas, polidesportivos, ginásios, etc) nos quais o utente tem um maior leque de escolha de atividades e uma maior flexibilidade de horários. Os utentes deverão ser considerados recursos escassos e por essa razão, tanto os diferentes planeamentos de construção de equipamentos como o modo de oferta de programas e de atividades terão forçosamente de adotar uma atitude estratégica diferente, apostando em novas formas de exploração, de gestão e

de rentabilização, de modo a dar sentido à existência da própria instalação. Tendo em mente o papel social das autarquias e de outras instalações públicas, terá de ser incutida cada vez mais a filosofia de não gastar por gastar de modo a obter o maior equilíbrio possível entre as receitas e as despesas. Na gestão de uma instalação ou espaço desportivo existe a necessidade de analisar vários fatores e os recursos existentes. Com o objetivo de aperfeiçoar a gestão, rentabilizando-a cada vez mais, as entidades e os responsáveis pelas instalações utilizam com maior frequência os instrumentos que lhe são disponibilizados, entre eles, novas orientações, estratégias e formas de gestão (Lança, 2007).

Para Constantino (1994), são três os fatores que evidenciam a qualidade do serviço de uma instalação desportiva: o pessoal, seja os dos serviços de apoio, seja os técnicos, os quais devem pautar a sua atividade por elevados padrões de profissionalismo, de capacidade de atendimento e de disponibilidade funcional; a construção da instalação (atratibilidade das formas e das cores, funcionalidade dos vestiários, iluminação adequada, bons níveis de conforto) e a manutenção e conservação da instalação (limpeza, higiene, ordem no material e equipamento). Também a racionalização dos métodos de gestão tem condicionantes próprias relativas à natureza do próprio equipamento desportivo, mas tem também condicionantes gerais independentes dessa natureza: funcionalidade (máximo aproveitamento de espaços úteis e diferentes opções desportivas); atratabilidade (na forma, no aspeto interior e exterior, nas opções cromáticas, no seu enquadramento urbanístico); diversidade cultural (integrando outras instalações para atividades culturais e múltiplos “espaços sociais de estar” e de lazer passivo e ativo).

Um aspeto fundamental em qualquer instalação refere-se ao armazenamento de material desportivo, este é um dos fatores principais na sua manutenção e gestão. Quanto melhor armazenado estiver o material, assim se poderá controlar, utilizar e manter durante mais tempo em bom estado de conservação. Durante muitos anos, os locais de armazenamento de material

equivaliam às zonas menos qualificadas das instalações. O objetivo era o aproveitamento dos espaços e não a sua adequação a uma finalidade. (Sarmento e Carvalho, 2014, p. 449).