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2. Caraterização do edificado antigo

2.7. Instalações sanitárias

Os edifícios de habitação, até ao final do século XIX e nas primeiras décadas do século XX, apresentavam infra estruturas básicas que dependiam fundamentalmente de imposições regulamentares (Regulamento de salubridade das edificações urbanas e códigos de posturas municipais) e das possibilidades económicas dos proprietários [6]. Estas infraestruturas eram constituídas pela rede de drenagem de águas pluviais, de drenagem de águas residuais, abastecimento de água e de instalações elétricas. As suas instalações eram executadas sem um conhecimento técnico rigoroso, relativamente à opção por um determinado sistema ou ao seu dimensionamento. A necessidade de reparação ou ampliação das diversas redes de infraestruturas era frequentemente realizada com materiais distintos dos existentes, decorrendo daqui algumas anomalias no seu funcionamento.

Os pontos de água das habitações situavam-se quase exclusivamente nas instalações sanitárias e cozinhas [9]. A rede de abastecimento de água era vulgarmente executada em tubos de ferro fundido, de ferro laminado ou de chumbo (figura 19). Nos projetos de reabilitação, as redes de abastecimento, podem ser de material corrente no mercado, devendo a sua seleção atender à facilidade de aplicação e aos fatores de ordem económica.

RAPHAEL CAETANO 19

Figura 19-Planta e cortes da rede de distribuição de água numa instalação sanitária antiga [9]

A construção de instalações sanitárias levou à introdução das redes de drenagem de águas residuais, constituídas por tubos de queda, sifões e tubos de ventilação ligados à rede pública de saneamento ou a fossas, localizadas nos logradouros dos lotes. Os sifões e os tubos de queda mais comuns eram de grés cerâmico vidrado ou de ferro fundido [9]. Para a ventilação dos tubos de queda e dos sifões, eram utilizados tubos que, para a sua função podiam ser executados em diversos materiais desde o ferro fundido até ao barro comum.

O RGEU declara, segundo o artigo 100.º, que os tubos devem ser solidamente assentes e facilmente inspecionáveis em toda a sua extensão. Em regra, também refere que, os tubos de descarga não devem ter inclinações inferiores a 2 cm nem superiores a 4 cm por metro [4].

Segundo o artigo 31.º do RGEU [4], as paredes dos quartos de banho devem ser revestidas até, pelo menos, à altura de 1,50 m, com materiais impermeáveis de superfície aparentemente lisa e facilmente lavável (Figura 20).

20 RAPHAEL CAETANO As áreas mínimas das instalações sanitárias impostas pelo RGEU, no artigo 68.º, são proporcionais às áreas e tipos de habitação [4]. O artigo cita:

Quadro 2- Áreas mínimas e características para instalações sanitárias [4]

Tipologia do fogo T0, T1 e T2 T3 e T4 T5 Áreas mínimas e características para instalações sanitárias 3,5 m2 4,5 m2 (Subdividida em dois espaços com acesso independente, tendo como equipamento mínimo uma banheira

e um lavatório, num dos espaços; uma bacia de retrete, um bidé e um lavatório, no

outro espaço)

6 m2

(Desdobrada em dois espaços com acesso independente, tendo como equipamento mínimo uma banheira,

uma bacia de retrete, um bidé e um lavatório, num dos espaços; e uma bacia

de duche, uma bacia de retrete e um lavatório, no outro)

Em 1969, no documento científico “funções e exigências de áreas da habitação”, Nuno Portas ilustra a possível divisão da casa de banho consoante a área prevista para as instalações sanitárias do edifício, Figura 21 [1].

Figura 21- Ilustração de vários espaços sanitários,1969 [1]

Na reabilitação de edifícios, a renovação das redes de distribuição e de drenagem de águas deve ter em conta as caraterísticas construtivas específicas do edifício a reabilitar, procurando assegurar uma intervenção pouco intrusiva, com a menor interferência possível no existente. A execução das redes pressupõe que as tubagens sejam embebidas nos

RAPHAEL CAETANO 21

elementos construtivos. O embebimento das instalações e atravessamento nos elementos construtivos deve ser evitado ao máximo, recorrendo, por exemplo, a pisos técnicos, tetos falsos (Figura 22), calhas técnicas (p.e. rodapés), ductos ou por soluções de tubagens à vista sempre que não prejudique a envolvente arquitetónica [6]. No caso dos sub-tetos, poderão utilizar-se os dos pisos inferiores se os mesmos fizerem parte integrante da propriedade do piso que a instalação pretende servir.

Figura 22- Soluções de instalação hidráulica (à esquerda) [6] e passagem da rede hidráulica e elétrica por teto falso (à direita)

A Figura 23 representa, de forma gráfica, a percentagem de habitações com ausência de componentes sanitárias em edifícios construídos antes de 1919 a 2011. A mesma figura compara os resultados para os vários edifícios presentes em 2001 e em 2011. Em 2001, 31,9% dos alojamentos ocupados em edifícios anteriores a 1919 apresentavam carência de pelo menos uma infraestrutura básica, verificando-se uma posterior diminuição dessa taxa à medida que aumentava a época de construção dos edifícios [2]. Contudo, a proporção de alojamentos em edifícios anteriores a 1961 que apresentavam falta de condições sanitárias era ainda significativa. No entanto, em 2011, a realização de obras de reabilitação bem como o baixo número de alojamentos no edificado antigo, verificou-se que apenas 10,3% dos alojamentos situados em edifícios anteriores a 1919 e 6,4 % dos alojamentos anteriores a 1961 continuavam a estar carenciados de pelo menos uma infraestrutura básica.

Na Figura 23, considerando a época de construção dos edifícios, é possível verificar que a evolução das reduções percentuais é idêntica, independentemente das componentes sanitárias consideradas ou da época de construção do edifício.

22 RAPHAEL CAETANO Figura 23- Proporção de alojamentos familiares, ocupados como residência habitual segundo o tipo de

carência de infraestrutura básica, por época de construção do edifício [2]

3. CARATERIZAÇÃO DA CASA MODELO (CASA SANTO

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