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CAPÍTULO III CONTEXTO DA PESQUISA

3.1. A instituição

Após a Segunda Guerra Mundial, o Brasil transitava da economia agrária para a industrial com grandes demandas econômicas e políticas, geradas por elevada taxa de natalidade, migrações, imigrações e um sistema escolar destinado para poucos (SESI/SP, 2003).

Nesse período, foi elaborado, por Roberto Simonsen5, o Plano de Desenvolvimento Industrial, apresentado no I Congresso Brasileiro das Indústrias em 1944, contribuindo significativamente para o desenvolvimento das indústrias no país. Contudo, os problemas sociais ainda continuavam e, a partir de então, alguns empresários de visão nacionalista começaram a discutir a economia brasileira com o objetivo de dar um novo rumo ao país (SESI/DN, 2008).

A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais e os sindicatos patronais e de empregados do estado elaboraram a “Carta da Paz Social”, na qual buscavam assegurar a paz social alicerçada na ordem econômica.

Entre as propostas, surgiu a criação de um fundo social para ser aplicado em obras e serviços, cujo objetivo era beneficiar os empregados de todas as categorias, dando assistência social em geral.

Em 1946, foi criado e regulamentado o SESI pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que visava, a partir de um projeto social e político, prestar serviços de educação de base para a classe operária industrial brasileira, contribuindo para a melhoria de vida do país (SESI/DN, 2008).

Entre 1940 e 1953, a classe operária dobrou de tamanho no Brasil, pensando nesse contingente cada vez mais crescente, o público do SESI/SP era pensado como a “família operária”, sendo oferecidos cursos de corte e costura, higiene e administração doméstica para as esposas (SESI/DN, 2008).

De acordo com SESI/DN (2008, p. 43),

(...) o princípio que guiava estas atividades era a criação de um ambiente doméstico saudável para os empregados, visando aumentar sua produtividade, bem como a formação cívica cujo mote residia no desenvolvimento do patriotismo em prol da paz social.

Dessa forma, em 1947 o Conselho Nacional do SESI/SP recomendou aos Departamentos Regionais a implantação de cursos populares para os operários e suas famílias. Com caráter instrutivo, os cursos tinham como objetivo formar e aperfeiçoar o trabalhador nos espaços das fábricas, também como obrigação atender, preferencialmente alunos com faixa etária a partir de 12 anos, obedecendo às diretrizes para Educação de Jovens e Adultos da época (SESI/DN, 2002).

Para cumprir com seus objetivos em prol do bem-estar dos trabalhadores da indústria, o SESI/SP passou a atuar nas áreas da educação, saúde, esporte, nutrição, cultura e lazer, cujas abordagens foram sendo modificadas ao longo dos anos.

Eleito presidente da República em 1955, Juscelino Kubitschek marcou seu governo com a apresentação de um Plano Nacional de desenvolvimento também conhecido como Plano de Metas, que tinha como objetivo transformar o Brasil numa nação industrializada.

Num período marcado pelos investimentos em prol do desenvolvimento econômico no país em setores públicos e privados em 1956, o SESI já estava presente em 21 estados brasileiros, desenvolvendo parcerias para grande parte das suas atividades educacionais, via convênios com entidades públicas, em especial com Secretarias Estaduais e Municipais de educação.

Nesse novo momento de desenvolvimento, a partir do Plano de Metas, o SESI buscou novas perspectivas de gestão, como Qualidade Total, e, em 1965, a partir de um novo regulamento, a instituição passou a priorizar o desenvolvimento de atividades educacionais em todo o Brasil.

Em 1989, foi criado o Programa Nacional de Ensino Fundamental de Adultos com os seguintes objetivos: elevação dos níveis de bem-estar do trabalhador e seus dependentes, aumento de produtividade, seguindo um enfoque pedagógico que possibilitasse ao aluno intervir criticamente na realidade social.

A partir de 1990, após a Conferência Mundial sobre Educação para todos, ocorrida em Jomtien, Tailândia, começaram a surgir grandes preocupações em relação à qualidade da educação. Com o apoio do Banco Mundial e do Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), entre outros, países do chamado 3º mundo

iniciaram o desenvolvimento de políticas públicas educacionais. Entre os objetivos desse encontro, estava o fortalecimento da educação básica – ensino fundamental – com foco nos processos de aprendizagens (GONÇALVES, 2005).

A partir desse momento, de acordo com Gonçalves (2005), o Brasil redirecionou suas políticas em torno da profissionalização do magistério, da qualidade do ensino fundamental, da autonomia da escola, da integração dos segmentos sociais mais expressivos, da avaliação e divulgação dos esforços de universalização e melhoria da qualidade da educação fundamental e da equidade na aplicação de recursos públicos. Surgiu, a partir daí, a intensificação das avaliações em larga escala.

Para Gonçalves (2005, p. 37),

(...) a década de 90 foi intensamente atingida pela mudança no padrão de acumulação do capital, que se pauta em um modelo de acumulação flexível de produção, que indica novas formas de relações econômicas, sociais, jurídicas, políticas e culturais.

Em decorrência dos debates políticos educacionais em todo o mundo, o SESI também se abriu para discussões sobre o ensino e aprendizagem, promovendo algumas transformações ocasionando reformas educacionais.

Ao longo da história percebe-se que todas as ações educativas do SESI foram voltadas para a formação de cidadãos, preparando-os para o mundo do trabalho industrial. Atualmente, não diferindo muito da proposta inicial, o SESI continua investindo em ações educativas para o novo perfil do trabalhador que exige além de conhecimentos, habilidades e competências mais amplos.

Nesse sentido, de acordo com o Referencial Curricular da rede SESI/SP (2003), uma das primeiras reformas foi à reformulação do Regimento Comum do Sistema Escolar SESI/SP em 1998, marcado por um processo participativo nas decisões pedagógicas quanto à sua organização e diferentes modalidades de ensino e sistemática da avaliação no Ensino Fundamental.

Essa abertura ocasionou reflexões por parte dos atores da educação, sobre o papel e função dos educadores no processo de ensino e aprendizagem, bem como os conteúdos das áreas de conhecimento, a avaliação enquanto processo formativo, além de um repensar sobre o papel do currículo na formação deste cidadão (SESI/SP, 2003).

Para se constituir esse novo fazer pedagógico na rede que pudesse dar conta de um cidadão com competências e habilidades, capaz de exercer a cidadania, além de prepará-lo para o trabalho, foi necessário reestruturar a Diretoria de Educação Básica.

A partir desse compromisso político, iniciado pelo Departamento Regional do SESI/SP, consolidou-se, por meio de investimentos, a formação continuada dos profissionais da educação, dando início a um novo momento educacional.

O SESI/SP, a partir dessas primeiras mudanças, refletindo sobre as evasões, taxa de repetência que ainda preocupavam todo o país, direcionou ações que superassem essas demandas por meio de uma proposta de ensino de “qualidade”.

A “qualidade” aqui proferida ainda não está totalmente conceituada para a instituição, mas um primeiro passo importante dado foi fazer a verificação do ensino e aprendizagem na rede, visando associar à aferição de desempenho dos alunos por meio de avaliações em larga escala com “qualidade”.

Atualmente, o SESI/SP é uma instituição privada de caráter público, que se mantém a partir de contribuições das entidades filiadas à Confederação Nacional das Indústrias, doações e rendas patrimoniais e de prestação de serviços (SESI/DN, 2002). Oferece serviços sociais, educacionais e culturais que abrangem: Educação infantil, Ensino Fundamental e ensino médio aos trabalhadores da indústria e seus dependentes, além de educação de Jovens e Adultos.