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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.3 Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI)

Os baixos índices de natalidade e o aumento da expectativa de vida são fatores relacionados com o crescente aumento da longevidade da população brasileira. Percebe-se que as pessoas estão vivendo mais e para tanto se busca intensamente compreender em quais condições sociais, políticas, econômicas, culturais e familiares este contingente está vivendo e viverá. A mudança no perfil etário brasileiro traz consigo um grande desafio em relação ao cuidado. A tendência é que esse contingente populacional aumente ainda mais, o que justifica a preocupação atual com as condições de vida e cuidados dessa população que vive a longevidade como o momento atual (CAMARANO;KANSO, 2010).

Pavarini (1996), Camarano e Kanso (2010) e Malheiro (2012) propõem a reflexão de que a dependência física e as doenças crônicas tendem a aumentar com a idade, o que faz com que se torne ainda mais evidente que as pessoas precisarão de mais recursos assistenciais que venham a lhes garantir viver com qualidade. Compartilho da ideia das autoras de que o ideal é que os idosos permaneçam em seus lares sendo cuidados por seus familiares, porém, em decorrência dos novos arranjos familiares, a maior inserção das pessoas no mercado de trabalho e a tendência das pessoas optarem cada vez mais por não terem filhos, dificulta sistematicamente a realização do cuidado realizado apenas pela família.

A população idosa brasileira está aumentando e infelizmente não estamos preparados para oferecer os cuidados necessários para esta fase da vida em que se encontram também alguns tipos de dependência (PAVARINI, 1996; CAMARANO; PASINATO; LEMOS, 200; CAMARANO; KANSO, 2010; MALHEIRO, 2012). Para exercer o cuidado ao idoso dependente em seu próprio domicílio algumas famílias estão desenvolvendo estratégias como contratação de cuidadores, acompanhantes ou técnicos de enfermagem, profissionais que têm a função de ajudar o idoso nas tarefas diárias (MALHEIRO, 2012).

Segundo Malheiro (2012), as famílias vão tentando ajustar-se para prestar os cuidados a seu familiar idoso em seus próprios domicílios, mas quando as possibilidades são esgotadas recorrem às instituições. Schettert (2012) destaca que ainda há muitos obstáculos e uma complexidade exorbitante quando se trata de questões relacionadas à pessoa idosa dependente e/ou sobre ILPI ou asilos, isso porque são trata-se de assuntos muito delicados e que devem ser abordados com cuidado.

Segundo Camarano e Kanso (2010), Michel et al. (2012) e Camarano e Mello (2010), o surgimento das instituições para idosos está ligado à origem dos asilos. Estes,

inicialmente, eram dirigidos à população carente que necessitava de abrigo, de modo que os abrigos também se caracterizavam como local de abandono e isolamento para a velhice dependente. Historicamente os asilos eram frutos da caridade cristã (CAMARANO; KANSO, 2010).

A carência financeira e a falta de moradia estão entre os principais motivos que levam um idoso a procurar abrigamento nos asilos, bem como o fato de a maioria das instituições brasileiras serem filantrópicas. Os asilos são as mais antigas e principais modalidades assistenciais para idosos fora do contexto familiar. A existência de idosos pobres e desamparados desencadeou o surgimento dos asilos, pois eram locais onde ficavam os velhos abandonados por suas famílias e que não tinham condições de sobreviver em função de suas necessidades, eram os chamados “necessitados” que ocupavam os asilos, então configurados como verdadeiros depósitos de pessoas velhas (CAMARANO; MELLO, 2010).

Segundo Camarano e Kanso (2010) e Michel et al. (2012), o aumento da expectativa de vida e da sobrevivência de pessoas com a redução da capacidade física, cognitiva e mental tem justificado, atualmente, a existência dos abrigos. A demanda por essas instituições acarreta uma exigência para que deixem de fazer parte apenas da rede de assistência social e passem a integrar a rede de assistência à saúde, ou seja, devem oferecer algo mais do que um abrigo. Sendo assim, a fim de expressar a nova função híbrida para tal instituição, a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia sugeriu que os abrigos para idosos passassem a ter a denominação de Instituição de Longa Permanência para Idosos ou ILPI (CAMARANO; KANSO, 2010).

Thomé (2011) ressalta que a população de longevos é a mais crescente em nosso país, no entanto não existem muitas alternativas disponíveis para o cuidado destas pessoas. Segundo essa mesma autora, em 2011 o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) realizou o primeiro censo sobre as ILPIs e evidenciou que apenas 0,5% da população com mais de 60 anos encontra-se em uma das 3.548 instituições brasileiras. Por meio destes dados mostra-se nítido que ainda são as famílias as principais responsáveis por manter a pessoa idosa em suas residências. No entanto, devido às inúmeras dificuldades e responsabilidades, tem se tornado cada vez mais difícil para que as famílias exerçam este papel (CAMARANO; KANSO, 2010; MALHEIRO, 2012).

Conforme apresenta a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (2004), a ILPI é uma instituição governamental ou não governamental destinada a promover condições de

liberdade e dignidade de maneira integral e com caráter residencial às pessoas idosas, de forma gratuita ou mediante remuneração, contando com o suporte familiar, caso este exista.

No Brasil não há um consenso sobre o que sejam estas instituições, consideradas instituições de assistência em alguns momentos e noutros delineadas como instituições de saúde. O termo ILPI é uma adaptação do termo utilizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Long-Term Care Institution (CAMARANO; MELLO, 2010).

De acordo com Thomé (2011), os dados da pesquisa realizada pelo IPEA identificaram também que a maioria das instituições brasileiras possui caráter filantrópico (65,2%), 28,2% são particulares e somente 6,6% são públicas. Ainda segundo os dados do IPEA, houve grande crescimento no número de instituições diante das estatísticas de que, nos de 1940 e 1950, eram abertas anualmente aproximadamente 20 instituições, um número que passou para 90 instituições abertas anualmente na primeira década dos anos 2000.

Ainda que o movimento de institucionalização da velhice tenha crescido, Schettert (2012) destaca que na maioria das culturas a família é o suporte de todo o indivíduo, e esse suporte é iniciado no nascimento e vai até a velhice, pois está ligada a ele por questões biológicas e psicológicas.

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