INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR NO BRASIL: ASPECTOS TEÓRICOS

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.5 INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR NO BRASIL: ASPECTOS TEÓRICOS

O segmento de serviços educacionais no Brasil apresenta-se como importante e fundamental influenciador na economia do país, devido, principalmente, ao tamanho de nossa população. De acordo com o Censo de Educação Superior 2016 (MEC/INEP), o Brasil possui 2.407 Instituições de Educação Superior, sendo 296 públicas e 2.111 privadas, subdividas em 197 Universidades, 166 Centros Universitários, 2.004 Faculdades e 38 Institutos Federais, 2 Centros Federais de Educação Tecnológica (CEFET).

Ainda de acordo os dados oficiais do Censo de 2016, as universidades foram responsáveis por 53,70% das matrículas em cursos de Graduação presenciais e a distância, sendo que destes 38,86% referem-se às instituições públicas e 61,14% às privadas.

Pode-se afirmar que o marco impulsionador para o avanço das IES privadas foi a regulamentação do segmento com a publicação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LBD), em dezembro de 1996, pois até então, as IES encontravam-se sujeitas a severas restrições regulatórias que impediam sua ampliação. Sua classificação acadêmico- administrativa, nos termos na LDB é segregada por Bispo e Junior (2014), conforme disposto no Quadro 11.

Item Classificação Descrição

1 Universidade Instituição acadêmica pluridisciplinar:

• Obriga-se a ter em seu corpo docente um número mínimo de titulação acadêmica (1/3 de mestres e doutores) com carga de trabalho (1/3 em regime integral) e

• É soberana para: criar cursos e sedes acadêmicas e administrativas, emitir diplomas, determinar currículos e vagas, firmar contratos, acordos e convênios. 2 Centro

Universitário

• Bem parecida com universidade no tocante a estrutura, Lei de Diretrizes e Bases; • Não tem autonomia para expedir títulos e diplomas, devendo os mesmos ser registrados por uma universidade.

3 Institutos Federais (IF)

• Instituições com foco na formação técnica, ofertando curso do ensino médio integrado ao ensino técnico, cursos técnicos, cursos superiores de tecnologia, licenciaturas e Pós-Graduação;

4 Faculdades • IES públicas ou privadas, que trabalha com mais de uma área do conhecimento, geridas sob o mesmo comando e regimento, com a finalidade de formar profissionais de nível superior por meio da oferta cursos: sequenciais, de Graduação, de Pós- Graduação e de extensão.

Quadro 11 - Classificação acadêmico-administrativa das Instituições Ensino Superior Fonte: adaptado de Bispo et al. (2014).

Outro ponto que favoreceu o crescimento das IES privadas foi a abertura e aumento das possibilidades de financiamento estudantil, principalmente, para a população de classes média e baixa. As principais modalidades de financiamento criadas foram: 1) Programa Universidade para Todos (ProUni), que proporciona isenção de alguns tributos federais aplicáveis sobre receitas oriundas da Graduação ofertadas por IES que subsidiam docentes através da oferta de bolsas a alunos de renda baixa dos seus cursos de Graduação e cursos relacionados; e 2) Programa de Financiamento Estudantil (FIES), financiando até 100% das mensalidades das IES privadas participantes do programa e que possuem boa classificação junto ao MEC.

Face a este panorama apresentado acerca da situação das IES no Brasil, tornou-se relevante e condicional à sua existência, o acompanhamento de sua performance. Nesse sentido, foi promulgada a Lei n. 10.861, de 14 de abril de 2004, que criou o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes). Tal sistema se constitui por meio de três componentes principais: a avaliação das IES, dos cursos ofertados e dos discentes. Estes componentes são delineados, no Quadro 12, de acordo com informações do INEP.

As avaliações são coordenadas e supervisionadas pela Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior (Conaes). E sua operacionalização é de responsabilidade do INEP. A referida comissão se constitui como um órgão colegiado que administra, coordena e supervisiona o Sinaes.

Item Componentes do Sinaes

Operacionalização 1 Avaliação das

instituições

Popularmente conhecida como Avaliação Institucional, está relacionada: 1) à melhoria da qualidade da educação superior; 2) aumento da oferta;3) ampliação de sua eficácia institucional e efetividade acadêmica e social e 4) aprofundamento dos compromissos e responsabilidades sociais das instituições de educação superior.

Se divide em duas modalidades: 1) Auto avaliação – Coordenada pela Comissão Própria de Avaliação (CPA) de cada instituição e orientada pelas diretrizes e pelo roteiro da autoavaliação institucional da CONAES e 2) Avaliação externa – Realizada por comissões designadas pelo INEP.

2 Avaliação dos Cursos

Os cursos de educação superior passam por três tipos de avaliação: 1) Autorização: Avaliação é feita quando uma instituição pede autorização ao MEC para abrir um curso. Ela é feita por dois avaliadores, sorteados entre os cadastrados no Banco Nacional de Avaliadores (BASis); 2) Reconhecimento: Momento em que a primeira turma do curso novo entra na segunda metade do curso, a instituição deve solicitar seu reconhecimento. É feita, então, uma segunda avaliação para verificar se foi cumprido o projeto apresentado para autorização e 3) Renovação de reconhecimento: Avaliação realizada de acordo com o Ciclo do Sinaes, ou seja, a cada três anos. É calculado o Conceito Preliminar do Curso (CPC) e aqueles cursos que tiverem conceito preliminar 1 ou 2 serão avaliados in loco por dois avaliadores ao longo de dois dias.

3 Avaliação do Desempenho dos Estudantes

A avaliação dos estudantes é realizada por meio do O Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE) que avalia o rendimento dos concluintes dos cursos de Graduação, em relação aos conteúdos programáticos, habilidades e competências adquiridas em sua formação. O exame é obrigatório e a situação de regularidade do estudante no Exame deve constar em seu histórico escolar. A primeira aplicação do ENADE ocorreu em 2004 e a periodicidade máxima da avaliação é trienal para cada área do conhecimento.

Quadro 12 - Componentes do Sinaes Fonte: elaborado pela autora.

Com base nas avaliações das IES, o INEP desenvolve, anualmente, o Censo da Educação Superior. Após a consolidação das informações, ocorre a publicação através da Sinopse Estatística da Educação Superior. O Censo cataloga dados genéricos e específicos sobre as IES (Graduação presencial/distância/sequencial, vagas ofertadas, vagas preenchidas, número de alunos que concluem o curso, dados dos docentes e colaboradores dos setores administrativo etc.).

Os dados são coletados por meio do Sistema e-MEC, sistema eletrônico de fluxo de trabalho e gerenciamento de informações relativas aos processos de regulação da Educação Superior no sistema federal de educação, criado pela Portaria n. 14, de 12 de dezembro de 2007, cujo preenchimento dos dados é de responsabilidade da IES.

Como parâmetro para balizamento das avaliações realizadas pelos componentes do Sinaes, foram criados os Indicadores de Qualidades a partir do ENADE, sendo: Conceito Preliminar do Curso (CPC), Índice Geral de Cursos Avaliados da Instituição (IGC) e ENADE, os quais são detalhados na Figura 9.

Figura 9 - Indicadores de Qualidade do MEC Fonte: elaborado pela autora.

A avaliação realizada pelo Sinaes inicia-se a partir do ENADE, cujos conceitos variam de 1 a 5 e se constituem como indicadores prévios da situação do curso em vista da renovação de reconhecimento.

Os conceitos possuem os seguintes significados: conceitos 1 ou 2 implica a visita da comissão avaliadora. Nos conceitos 3, 4 ou 5 a IES pode optar por receber ou não a visita de avaliação e adotar o conceito como permanente do curso (CC).

É importante evidenciar que a Portaria n. 12, de 5 de dezembro de 2008, instituiu o indicador de qualidade das IES denominado Índice Geral de Cursos (IGC), que é composto pela média ponderada dos CPCs e de dados sobre a Pós-Graduação. O IGC varia de 1 a 5 e serve de balizador para os processos de avaliação in loco das IES. (Galvão, Corrêa & Alves, 2011)

Para melhor solidificar a apresentação do cenário da Educação Superior no Brasil, apresentam-se algumas informações obtidas no Censo da Educação Superior 2016, divulgado na homepage do INEP (Teixeira, 2016), sendo:

• Quadro 13 - Número de Instituições de Educação Superior, por organização acadêmica das IES – 2016;

• Quadro 14 - Número de cursos, matrículas, concluintes, vagas oferecidas e ingressos em cursos de Graduação por organização acadêmica, segundo a categoria administrativa das IES – 2016;

• Quadro 15 - Número total de docentes (em exercício e afastados), por organização acadêmica e segundo a categoria administrativa das IES – 2016;

• Quadro 16 - Número total de funcionários técnico-administrativos (em exercício e afastados), por organização acadêmica e segundo a categoria administrativa das IES – 2016.

Categoria Administrativa Instituições

Total Geral Universidades Centros Universitários

Faculdades IF e CEFET

Total Total Total Total Total

Brasil 2.407 197 166 2.004 40

Pública 296 108 10 138 40

Privada 2.111 89 156 1.866

Quadro 13 - Número de IES por Organização Acadêmica - 2016

Fonte: Adaptado do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira-Sinopse Estatística da Educação Superior 2016. Brasília: INEP, 2017. Disponível em: <http://portal.INEP.gov.br/web/guest/sinopses-estatisticas-da-educacao-superior>. Acesso em: 11 jan. 2018.

Cursos/Matrículas/Concluintes/Vaga s/Inscritos/Ingressos/Categoria

Administrativa

Total Geral Universidades

Centros

Universitários Faculdades

IF e CEFET

Total Total Total Total Total

Número de Cursos Categoria administrativa 34.366 15.767 4.944 12.315 1.340 Pública 10.542 8.466 160 576 1.340 Privada 23.824 7.301 4.784 11.739 Matrículas Categoria administrativa 8.048.701 4.322.092 1.415.147 2.146.870 164.592 Pública 1.990.078 1.679.479 22.708 123.299 164.592 Privada 6.058.623 2.642.613 1.392.439 2.023.571 Concluintes Categoria administrativa 1.169.449 619.837 208.412 327.723 13.477 Pública 246.875 211.618 3.307 18.473 13.477 Privada 922.574 408.219 205.105 309.250 . Vagas Novas Categoria administrativa 7.873.702 4.817.551 1.175.112 1.823.192 57.847 Pública 572.122 443.171 11.864 59.240 57.847 Privada 7.301.580 4.374.380 1.163.248 1.763.952 .

Ingressos Total

Categoria

administrativa 2.985.644 1.584.638 572.009 770.397 58.600

Pública 529.492 418.817 6.774 45.301 58.600

Privada 2.456.152 1.165.821 565.235 725.096 .

Quadro 14 - Número de Cursos, Matrículas, Concluintes, Vagas Oferecidas, e Ingressos em Cursos de Graduação por Organização Acadêmica, segundo a Categoria Administrativa das IES – 2016

Unidade da Federação / Categoria Administrativa

Docentes (Em Exercício e Afastados) Total Universidades

Centro

Universitário Faculdades IF e CEFET Total Total Total Total Total

Brasil

Categoria administrativa 397.611 215.553 43.931 116.695 21.432 Pública 178.117 145.610 1.604 9.471 21.432 Privada 219.494 69.943 42.327 107.224 . Quadro 15 - Número Total de Docentes (Em Exercício e Afastados), por Organização Acadêmica e segundo a Categoria Administrativa das IES – 2016

Unidade da Federação / Categoria Administrativa

Funcionários Técnico-Administrativos (Em Exercício e Afastados) Total Universidades Centro Universitário Faculdades IF e CEFET Total Total Total Total Total

Brasil 428.427 252.440 47.284 97.208 31.495 Pública 212.347 172.928 960 6.964 31.495 Privada 216.080 79.512 46.324 90.244 . Quadro 16 - Número Total de Funcionários Técnico-Administrativos (Em Exercício e Afastados), por Organização Acadêmica e segundo a Categoria Administrativa das IES - 2016

Diante de todo o contexto e informações apresentadas neste tópico, fica evidente que as atividades planejadas com base em informações fidedignas e tempestivas possibilitam construir, de forma planejada e organizada, a trajetória de uma instituição. Nesse sentido, identificar os elementos responsáveis pelo desempenho de uma universidade proporcionará à comunidade científica, bem como à sociedade em geral, um avanço condizente com os anseios e necessidades do setor.

A partir dos dados estatísticos apresentados nos Quadros 13 a 16, observa-se que nas universidades encontram-se concentrados o maior número de cursos, matrículas, novas vagas, docentes e funcionários técnicos administrativos. Dessa forma, dada à expressividade desses dados, esta pesquisa será concentrada no estudo de universidades em detrimento das demais categorias.

A construção desta pesquisa, conforme delineada até então, concentra-se na avaliação de universidades públicas e privadas que foram selecionadas com base no IGC 2016, publicado pelo INEP. Assim, faz-se necessário entender um pouco deste universo da área pública versus privada, o que segue apresentado no tópico subsequente.

No documento Desempenho das universidades brasileiras: um estudo sobre a gestão acadêmica de desempenho institucional (páginas 78-84)