Este estudo foi desenvolvido no Centro Federal de Educação Tecnológica e nos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, localizados no estado de Minas Gerais, cuja população pesquisada é a representada pelas mulheres que atuam nessas Instituições, tendo como amostra principal as mulheres ocupantes de cargos de direção integrantes das carreiras de professor de ensino básico, técnico e tecnológico (EBTT) e de técnico-administrativo (TAE) em educação.
Segundo portal do MEC (2020), as primeiras Instituições Federais, chamadas de Instituições Federais de Educação Profissional, surgiram em 1909 com a criação de 19 (dezenove) escolas de Aprendizes e Artífices por meio do Decreto nº 7.566, de 23 de setembro de 1909, que mais tarde deram origem às Escolas Técnicas Federais e aos Centros Federais de Educação Profissional e Tecnológica (CEFETs), compondo a Rede de Educação Profissional, Científica e Tecnológica.
Os CEFETs, então, foram as antigas Escolas Técnicas Federais, do Paraná e Celso Suckow da Fonseca, criadas pela Lei nº 3.552 de 16 de fevereiro de 1959, que se transformaram, por meio da Lei nº 6.545 de 30 de junho de 1978, em Centros Federais de Educação Tecnológica (BRASIL, 1978).
O processo de criação dos Institutos Federais foi pautado por um modelo apresentado no do Decreto nº 6.095, de 24 de abril de 2007, o qual estabelecia as diretrizes para a integração de Instituições Federais de Educação Tecnológica, com o objetivo de constituição dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (BRASIL, 2007). A integração se deu em comum acordo entre as Instituições Federais de Educação Profissional e Tecnológica, com a formalização da junção voluntária dessas Instituições: Centros Federais de Educação Tecnológica (CEFET);
Escolas Técnicas Federais (ETF), Escolas Agrotécnicas Federais (EAF); e Escolas Técnicas vinculadas às Universidades Federais, localizadas no mesmo estado (BRASIL, 2007). Somente a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), os Centros Federais de Educação
Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET-RJ) e de Minas Gerais (CEFET -MG), e as Escolas Técnicas vinculadas às Universidades Federais não aderiram ao novo modelo (BRASIL, 2008).
Dessa forma, o CEFET-MG e os IFs, vinculados ao Ministério da Educação, foram criados pela Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008, com natureza jurídica de autarquia, possuidores de autonomia administrativa, financeira, patrimonial, disciplinar e didático-pedagógica. Nas diferentes modalidades e níveis de ensino, eles são especializados em educação tecnológica e profissional, considerados Instituições de educação, superior, básica e profissional, pluricurriculares e multicampi, focando no desenvolvimento local, regional e nacional (BRASIL, 2008). Legalmente são equiparados às Universidades.
Ao todo são 2 CEFETs, localizados nos estados de Rido de Janeiro e em Minas Gerais, e 38 IFs localizados em todos os estados do território nacional, conforme figura 10, organizados em estrutura multicampi, sendo a reitoria o órgão executivo composto por 1 (um) reitor e 5 (cinco) pró-reitores. Os CEFETs e os IFs contam com dois órgãos superiores: colégio de dirigentes e conselho superior, responsáveis por sua Administração, sendo aquele de caráter consultivo e este de caráter consultivo e deliberativo (BRASIL, 2008).
Os cargos nos CEFETs e IFs, criados por lei, são acessíveis a todos os brasileiros e são providos em caráter efetivo ou em comissão, de acordo com as normas e os procedimentos estabelecidos na Lei 8.112, de 11 de dezembro de 1990. Os cargos, de provimento efetivo, dependem de prévia habilitação em concurso público de provas ou de provas e títulos (BRASIL, 1990).
Figura 10 - Mapa de abrangência dos IFs no território brasileiro
Fonte: Portal MEC (2020).
Instituição de ensino centenária, o CEFET-MG recebeu diversas denominações desde sua criação em 1909, até finalmente se transformar em Centro de Educação Tecnológica de Minas Gerais em 1978. Oferecendo formação completa, do nível médio técnico até o doutorado, ele conta com 9 campi distribuídos nas cidades de Belo Horizonte, Leopoldina, Araxá, Divinópolis, Timóteo, Varginha, Nepomuceno e Curvelo. Em outubro de 2021, a Instituição contava com 1.649 servidores distribuídos em suas unidades, sendo 1.015 do gênero masculino e 634 do gênero feminino (E-SIC, 2021).
No estado de Minas Gerais existem ao todo cinco IFs, divididos por região, representados na tabela 1, que são objeto desta pesquisa.
Tabela 1 - Lista dos Institutos Federais do estado de Minas Gerais
IFs Região Quantidade de
Concursados
Quantidade de Vínculos Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de
Minas Gerais- IFMG.
Centro 2040 2521
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de Minas Gerais – IFNMG
Norte 1435 1753
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sudeste de Minas Gerais – IFSUDESTEMG
Sudeste 1368 1689
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas – IFSULDEMINAS
Sul de Minas
1194 1505
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triangulo Mineiro – IFTM
Oeste 1168 1455
Fonte: Elaboração própria com dados do Governo Federal (2020)
Nota: Vínculos incluí professores substitutos e cargos comissionados.
O IFMG, formado pela junção da Escola Agrotécnica Federal de São João Evangelista, dos CEFETs de Ouro Preto e Bambuí e das Uneds de Formiga e Congonhas, está localizado na região central, e outras regiões estratégicas de Minas Gerais, e tem sua reitoria estabelecida na capital mineira, Belo Horizonte. Atualmente ele possui campi em 18 cidades. O IFMG é especializado na oferta, principalmente, de cursos técnicos e superiores e dispõe de mais de 70 cursos distribuídos nas diversas modalidades de ensino. Atualmente conta com 1.873 servidores distribuídos e suas unidades, sendo 1.093 do gênero masculino e 780 do gênero feminino (E-SIC, 2020).
Diferente do IFMG, o IFNMG foi criado pela integração de apenas duas Instituições Federais de Educação Profissional e Tecnológica: o Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET) de Januária e a Escola Agrotécnica Federal de Salinas. Ele possui atualmente 11 campi, com uma área de abrangência de 176 municípios localizados nas mesorregiões norte, nordeste de Minas Gerais e Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Segundo dados do portal e-Sic (2020), o IFNMG conta atualmente com 1.346 servidores ativos, sendo 581 do gênero feminino e 765 do gênero masculino. Sua Reitoria está localizada na cidade de Montes Claros, polo do norte mineiro.
O IFSUDESTEMG foi criado pela junção da antiga Escola Agrotécnica Federal de Barbacena, pelo Colégio Técnico Universitário (CTU), que pertencia à Universidade Federal de Juiz de Fora, e pelo antigo Centro Federal de Educação Tecnológica de Rio Pomba (CEFET-RP). Segundo Portal do IFSUDESTEMG (2020), o Instituto conta com 10 campi e 33 polos de educação a distância, sendo sua reitoria, unidade estratégica e gestora de políticas institucionais, localizada na cidade de Juiz de Fora. Atualmente o IFSUDESTEMG conta com um total de 1287 servidores, divididos em 714 homens e 573 mulheres (E-SIC, 2020).
Localizado na região sul de Minas Gerais, o IFSULDEMINAS foi criado com a junção das escolas agrotécnicas federais de Inconfidentes, Machado e Muzambinho. Hoje ele conta com sete campi na sua estrutura, além da reitoria, que está estrategicamente localizada na cidade de Pouso Alegre. Segundo dados do e-Sic (2020), são 1.125 servidores atuando no IFSULDEMINAS, dos quais 635 são homens e 490 são mulheres (E-SIC, 2020). Sua área de abrangência conta com aproximadamente 54 municípios.
Por fim, o último Instituto objeto deste estudo é o IFTM, localizado na região oeste de Minas Gerais, criado com a união do Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET) e da
Escola Agrotécnica de Uberlândia para ser referência educacional do Triangulo Mineiro. São no total 9 (nove) Campi e 1 (uma) reitoria, localizada na cidade de Uberaba. Sua região de abrangência é formada pela reunião de 66 municípios, organizados em sete microrregiões. O IFMT atualmente conta com 1.122 servidores, dos quais 610 são homens e 512 são mulheres (E-SIC, 2020).
Os sujeitos da pesquisa foram as mulheres ocupantes de CDs no CEFET-MG e nos cinco IFs de Minas Gerais. Com o intuito de identificar e definir o universo da amostra, primeiro foi realizada uma pesquisa documental do quantitativo total de servidores e CDs em cada instituição, verificando a proporção de homens e mulheres ocupantes desses cargos, do gênero masculino (M) e feminino (F), que seguem representados na tabela 2, apresentada a seguir.
Tabela 2 – Identificação da amostra
Instituição CEFET-MG IFMG IFNMG IFSUDESTEMG IFSULDEMINAS IFTM
Gênero M F M F M F M F M F M F
Total de
servidores 1015 634 1089 791 902 692 709 582 642 494 613 515 Total de CDs
55 (71%)
22 (29%)
80 (76%)
25 (24%)
47 (67%)
23 (33%)
50
(64%) 28 (36%) 45 (64%) 25 (36%) 42 (69%)
19 (31%)
CD-1 - - 1 - - 1 1 - 1 - - 1
CD-2 1 - 16 2 12 2 s/i s/i 10 2 s/i s/i CD-3 13 4 24 5 13 6 s/i s/i 11 9 s/i s/i CD-4 41 18 39 18 22 14 s/i s/i 23 14 s/i s/i Fonte: Elaboração própria com dados do SIC (2021).
Nota: Os dados da tabela 2 divergem dos apresentados na tabela 1 porque foram coletados em momentos distintos.
Os valores referentes na tabela como s/i, representam dados que não foram disponibilizados.
Inicialmente, pensou-se em realizar a pesquisa de campo com todas as mulheres, por meio da aplicação de questionário, mas, após realização dos grupos focais, verificou-se que seria muito limitante reduzir a análise a dados quantitativos coletados por um questionário estruturado, dada a riqueza de informação que os resultados do grupo focal apresentaram. Os dados dos perfis identificados serão apresentados na seção 4.1 do capítulo 4 desta dissertação.