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A mediação é um meio de solucionar pacificamente os conflitos, atual- mente aparece como o primeiro ato a ser designado pelo Magistrado nas ações de conhecimento, se na petição inicial a parte informar pelo interesse em sua realiza- ção.

O Código de Processo Civil, Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 dis- põe no artigo § 3º do Art. 1º que “A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, de- fensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial”.43

Regulamenta ainda que:

Art. 319. A petição inicial indicará: VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação.

Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência.

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BRASIL. Lei Nº 13.105, de 16 de março de 20l5. Código de Processo Civil. Brasília, DF: Presidência da República. Casa Civil, 2015. Disponível em:

§ 1o O conciliador ou mediador, onde houver, atuará necessariamente na audiência de conciliação ou de mediação, observando o disposto neste Có- digo, bem como as disposições da lei de organização judiciária.

§ 2o Poderá haver mais de uma sessão destinada à conciliação e à media- ção, não podendo exceder a 2 (dois) meses da data de realização da pri- meira sessão, desde que necessárias à composição das partes.44

A mediação é um dos pontos diferenciais do Código de Processo Civil vi- gente, que deixa claro a vontade do legislador em realizar uma justiça mais eficiente e em tempo hábil, sendo o acordo um caminho para atingir este objetivo.

Na petição inicial deverá a parte informar se deseja ou não realização da mediação, ao despachar a processo, o juiz verificando os requisitos essenciais, de- signará audiência de mediação no prazo mínimo de 30 (trinta) dias, e a citação da parte contrária para o ato deverá ser de feita com pelo menos 20 (vinte) dias de an- tecedência.

Silva e Araújo explicam que:

Na mediação, o conflito é transformado, procura-se modificar o entendimen- to das partes a respeito de suas controvérsias, fazendo com que elas pas- sem a ver o conflito como algo positivo, encará-lo como uma etapa neces- sária ao crescimento das pessoas, motivo pelo qual deve ser solucionado da melhor forma para ambas as partes. Afasta-se a ideia de que os confli- tantes são partes antagônicas que desejam ainda mais que saírem vitorio- sas, a sucumbência da outra pessoa.45

Os autores afirmam que o conciliador deve procurar mostrar que as partes não são inimigas, não são divergentes, e através do diálogo podem solucionar os conflitos. Afirmam ainda que a mediação:

É um procedimento extremamente humano, tendo em vista estimular o diá- logo e permitir que as próprias partes resolvam seus conflitos, buscando por soluções que resultem em ganhos para ambas. Quando estimuladas a re- solverem juntas os seus problemas, cada uma das pessoas aprende a aten- tar para o que a outra tem a dizer, a comunicar-se pacificamente, podendo entender enfim qual o conflito real existente para poder solucioná-lo de for- ma eficaz.

Sendo a solução do conflito atingida pelas próprias partes, com o auxílio de um mediador que facilita o diálogo entre elas, nada lhes sendo imposto e

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BRASIL. Lei Nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Brasília, DF: Presidência da República. Casa Civil, 2015. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 23 maio 2017.

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SILVA, Adonias Osias da; ARAÚJO, Carla Regina de Freitas. Mediação como instrumento para justiça da paz. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. v. 1. n. 1, p. 21-39, mar. 2016. Disponível em: <https://www.nucleodoconhecimento.com.br/lei/mediacao-como- instrumento-para-justica-da-paz>. Acesso em: 15 maio 2017. p. 25.

sim resolvido pelas próprias pessoas envolvidas, é bem mais provável que seja cumprida a decisão, já que não é comum um ser humano agir de forma contrária ao que ele mesmo escolheu. Não é normal que alguém venha a contrariar suas próprias decisões, seus próprios pensamentos. Além disso, através do diálogo, as pessoas podem redescobrir laços fortes e bons sen- timentos, frutos de qualquer relacionamento que viveram, tendo sido esque- cidos diante da situação de raiva, rancor.46

A mediação permite que as partes vejam que é mais vantajoso resolver os conflitos, compondo acordo, mas através de uma tomada de consciência que eles fazem parte das relações humanas, e que a parte passiva da demanda, por exem- plo, não é seu inimigo, merece ser tratado com respeito, partindo deste pressuposto, a solução do problema fica mais fácil de ser encontrada.

Segundo Vianna, a mediação apresenta as seguintes finalidades: restabe- lecimento da comunicação entre as partes – eliminar barreiras que impeçam a co- municação entre as partes; preservação de relacionamentos entre as partes – a sen- tença pode dar fim a questão jurídica, mas não do conflito, as partes devem de- monstrar a vontade de preservar a relação; prevenção de conflitos – visa evitar o surgimento de disputas e fortalecer a comunicação entre os mediandos; inclusão social – a autocomposição é um dos métodos que se encaixa na democracia plura- lista; pacificação social – a mediação busca as causas da demanda para resolver o conflito.47

O problema é que a sociedade brasileira não está preparada para solu- cionar seus conflitos através do acordo obtido seja na mediação ou conciliação, ain- da há um longo caminho a trilhar para que os operadores do direito consigam ajudar as partes a entenderem que este é o melhor caminho.

Neste sentido o papel do mediador se torna maior do que chegar em uma audiência e conduzi-la de forma que as partes dialoguem, ele deve estimular a com- preensão das partes sobre a importância da mediação e ajudar para que ambas sai- am da audiência satisfeitas.

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SILVA, Adonias Osias da; ARAÚJO, Carla Regina de Freitas. Mediação como instrumento para justiça da paz. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. v. 1. n. 1, p. 21-39, mar. 2016. Disponível em: <https://www.nucleodoconhecimento.com.br/lei/mediacao-como- instrumento-para-justica-da-paz>. Acesso em: 15 maio 2017. p. 25.

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VIANNA, Marcio dos Santos. Mediação de conflitos: Um novo paradigma na Administração da Jus- tiça. Âmbito Jurídico, Rio Grande, v. 12, n. 71, dez. 2009. Disponível em: <http://www.ambito- juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=6991>. Acesso em: 27 maio 2017.

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