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CAPÍTULO II – ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E INSTRUÇÃO PÚBLICA

2.1. Instrução pública e desenvolvimento econômico 113

Minas Gerais com suas diferenças regionais não se apresentava como unidade econômica coerente após a proclamação da República. Wirth302 descreveu que Minas fornecia matéria- prima a preços baixos e comprava de outros Estados da Federação alimentos processados e outros bens industrializados, mas “a partir de 1897, a depressão do café atingiu Minas com força, introduzindo quase 15 anos de déficits e orçamentos marcados pela austeridade. O pessimismo passou a ser regra do dia; a elite nunca mais reconquistou plenamente seu otimismo anterior.”303 Com vistas ao reestabelecimento da economia e diante do quadro de déficits orçamentários as elites se organizaram.

Ao compararmos as atividades econômicas de Minas com São Paulo percebemos que este último despontava tanto no mercado interno quanto externo. Essa realidade trouxe diversas indagações. Entre elas, destacamos a possibilidade de Minas buscar o tão sonhado reequilíbrio por meio dos processos educacionais, em específico, da instrução pública primária após a abolição da escravatura em 1888 que gerou impactos para o setor econômico.

O impacto da abolição foi grave no início, embora, de modo geral, tenha sido mais um momento político decisivo do que o caos sócio-econômico que

301 COUTO, Mia. Pensatempos. 3 ed. Alfragide: Caminho, 2008. p. 46. 302 WIRTH, John D. O fiel da balança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982. 303 WIRTH, op. cit., p. 249.

os mineiros a princípio temiam. Não se tendo preparado eficazmente para atrair o trabalhador imigrante (diferentemente de São Paulo), a maior parte dos agricultores não viu alternativa na abolição gradual. O autor de um relatório a respeito das diretrizes de mão-de-obra de São Paulo predizia que a transição seria mais difícil para Minas.304

A partir das considerações acima, observamos que a situação econômica de Minas não era das mais promissoras, o que exigiu a concentração de esforços nos processos de educação, ou seja, na instrução da população. Esses esforços visavam também manter e projetar melhores condições socioeconômicas para as elites agrárias ao longo da República. Os proprietários agrários “consideravam os trabalhadores volúveis, não confiáveis e desleais, todos querendo viver da terra na ociosidade – em resumo, um problema social para as autoridades.”305 O problema social foi um dos reflexos de propostas políticas desastrosas306, a exemplo da abolição da escravatura que não possibilitou de imediato a inserção do liberto ao mercado de trabalho.

Desde fins do século XIX, ainda no período imperial307 havia no Brasil a inquietação com a

mão de obra livre. Uma das preocupações de diversos proprietários agrários do Estado era o perigo da vadiação. O vadio correspondia àquele que não estava trabalhando. A educação passou a ser percebida como salvação, redenção ou como o triunfo técnico e científico, fazendo-se presente nos ideais dos governantes. Esses aspectos remetem para questões culturais, ou seja, falar de educação para o desenvolvimento permitiu refletir a respeito de costumes, proposições, desejos e realizações. O acesso à educação pública era algo complexo em Minas Gerais, quem o obtinha era privilegiado e gozava de certo status social.

Os felizes mineiros que conseguiram instruir-se numa terra de analfabetos gozavam de enaltecido status social. Os graus profissionais eram praticamente um pré-requisito da carreira política da elite [...]. Apenas 9% da elite mineira (ajustada) não passavam do nível escolar secundário – quase todos se concentravam na primeira geração política, nascida antes de 1869.

304 WIRTH, John D. O fiel da balança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982. p. 79. 305 WIRTH, op. cit., p. 80.

306 A abolição da escravatura foi pensada dentro da perspectiva de exclusão dos libertos dos processos políticos,

econômicos e sociais. O ex-escravo após a abolição não teve acesso a cidadania, foi alijado de direitos.

307 “Ao longo do século XIX, foram constantes as queixas contra a rusticidade, instabilidade e indolência do

trabalho livre nacional. Frente a isso, a elite imperial não se restringiu a colecionar lamúrias. De acordo com a posição de um pequeno grupo de proprietários rurais, cristalizada institucionalmente no Ministério da Agricultura do Império, a educação poderia ser uma forma de ‘regenerar’ a mão-de-obra do campo, tanto no que diz respeito aos efeitos negativos da escravidão, quanto ao desejo de autonomia gerado pela imensa fronteira agrícola existente. Por isso mesmo, à medida que a campanha abolicionista avança, vão surgindo proposta de ensino agrícola.” In. PRIORE, Mary Del; VENÂNCIO, Renato. Uma história da vida rural no Brasil. Rio de

Porém, alguns homens sem grau superior praticavam o direito: 9% dos advogados – 13 em 144 – tinham licença provisória e eram popularmente conhecidos por ‘rábulas’. Lutaram tenazmente por seus direitos e status social [...].308

Os republicanos consideravam a educação como uma das prioridades em Minas. Logo houve a necessidade de se organizar o ensino. Muitos desafios se colocaram para a realização desse projeto, pois revigorar Minas por meio de novas instituições educacionais era uma das bandeiras de diversos Presidentes. Wirth mencionou que “infelizmente, apesar de tanto vigor e idealismo, essas escolas educaram deficientemente a população urbana e quase nada as massas rurais. As poucas instituições de qualidade eram bastiões de privilégio.”309 Escolas para uns e não para outros. A educação era a bandeira de salvação, um dos pontos nas pautas de legisladores e governantes.

Mesmo sendo a educação discursivamente um dos fortes pontos nas pautas dos governantes, percebemos que na realidade as representações da instrução pública primária rural se constituíram por precariedade das próprias políticas dos Presidentes de Estado, que eram, em sua maioria, propostas personalizadas, atendiam a determinado público, no tempo de um mandato político. As elites mineiras se mostravam abertas às mudanças, mas não rompiam com a sociedade tradicional. O conservadorismo se fazia presente.

Pensar a educação como via para a modernização foi, sem dúvida, uma proposta bastante arriscada. Apreendemos, ainda assim, que isso era um dos propósitos dos Presidentes do Estado, a exemplo de Francisco Silviano de Almeida Brandão, Francisco Antônio de Salles e João Pinheiro da Silva310 entre outros.

Educar era a aspiração uníssona que se levantava em todos os países. Não bastava, contudo, ensinar: era preciso saber ensinar. Não poderia haver ensino produtivo sem a adoção de métodos que estariam transformando em toda a parte o destino das sociedades. A educação do homem moderno exigira uma soma de conhecimentos que resultavam ‘sistematicamente das noções enciclopédicas hauridas em diversos ramos de estudo’. Como era impossível ‘ensinar às crianças tudo quanto pode ser necessário à vida’, tornava-se praticável dar à inteligência um grau de maturidade que

308 WIRTH, John D. O fiel da balança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982. p. 206. 309 WIRTH, op. cit., p. 142.

310 Francisco Silviano de Almeida Brandão governou Minas Gerais de 1898 a 1902, Francisco Antônio de Salles

preparasse suficientemente o homem novo para entrar na vida social ‘com seguros capitais para o êxito’.311

Arrazoar uma educação uníssona em Minas Gerais era algo bastante complexo, haja vista a diversidade de práticas adotadas pelos agentes da escola. Um exemplo pode ser visto pela adoção do ensino pela intuição, ou seja, o professorado sem acesso aos programas ou conteúdos de ensino, aos materiais de ensino entre outros, fazia valer suas experiências na docência. Dosava a partir de suas observações o que poderia e deveria ser ensinado. Um novo homem se formava, mas não especificamente a partir daquilo que estabeleciam as legislações em vigor. Aliás, acentuavam-se os interesses em equalizar a educação como forma de controlar o povo e promover as práticas higienistas necessárias.

A Educação era uma bandeira para viabilizar parte dos pensamentos das elites, um transplante cultural, porém, diante dos esforços do professorado o ensino adquiria as particularidades do aprender a fazer fazendo. Muitas propostas educacionais das elites foram consolidadas por meio dos mandatos de Presidentes de Estado. Em Minas, João Pinheiro efetivou uma série de medidas na educação.312

Nesse contexto, muitos decretos serviram para sistematizar a educação pública; desde a nomeação de professores quanto a alteração/criação de cadeiras masculina, feminina e mista, entre outros. No Decreto n. 1.960, de 16 de dezembro de 1906313 que aprovou o regulamento da instrução primária em Minas Gerais notamos que o governo sinalizou empregar esforços necessários para difundir a educação. Apareceu ainda a ideia de o ensino profissional ter como intuito preparar os alunos para o desempenho da lida diária.

Art. 6.º O governo empregará todos os esforços para que, dentro da esfera de suas attribuições, o ensino publico se aperfeiçoe e se difunda pelo Estado do modo mais eficaz e completo.

Art. 11.º O ensino profissional é o que é dado como complemento do ensino primário e tem o intuito de preparar os alumnos para o melhor desempenho dos officios práticos apropriados a qualquer dos sexos.314

311 CARVALHO, Marta Maria Chagas de. A escola e a república. São Paulo: Brasiliense, 1989. p. 26.

312 No governo de João Pinheiro, foram instituídos os grupos escolares, o Instituto João Pinheiro, o ensino

técnico primário entre outros.

313 MINAS GERAES. Decreto nº 1.960, de 16 de dezembro de 1906. Bello Horizonte: Imprensa Official do

Estado de Minas Geraes. 1906.

Entre a letra da Lei e as práticas cotidianas nas escolas o ensino público primário pouco foi alterado e se fez ainda menos presente no meio rural. É verdade que a organização do ensino primário do Estado de Minas Gerais visou à formação do sujeito trabalhador, como um dos princípios da nova forma de governo. Tanto para os poderes federais quanto estaduais, a difusão da instrução pública era principal via para inserção do Estado na modernização. A educação formal elementar republicana, entretanto, carregou alguns pontos recorrentes das atividades escolares de outros tempos, do Império. Dessa forma, estabeleceu mais permanências do que novidades.

Uma educação para alavancar o desenvolvimento econômico e civilizatório. Com esse discurso as autoridades públicas programaram as reformas no ensino. A ideia era que Minas Gerais alcançasse níveis de desenvolvimento compatíveis com outros Estados. Na Mensagem enviada pelo presidente Francisco Antônio de Salles ao Congresso, podemos observar esse interesse a partir de experiências desenvolvidas nos processos de instrução de outro Estado: São Paulo que alimentava as inspirações de políticos mineiros a exemplo de João Pinheiro, para quem “feita a reforma nos moldes de instituições congeneres, já applicados com grande exito em outros Estados, aproveitando-se os ensinamentos que os processos experimentados por outros nos ministram, termos alicerçado a transformação futura do ensino.”315

Se, por um lado, a economia de Minas não andava favorável ao que prentendiam as elites agrárias, principalmente sobre o baixo indíce de exportações, por outro lado as possíves mudanças no sistema de instrução pública primária permitiram novas possibilidades de reequílibrio tanto para a produção de gêneros agrícolas para o consumo quanto para o comércio. A ideia de uma educação técnica atrelada aos princípios da modernidade se fazia presente nos discursos políticos. Ainda na mesma Mensagem, disse o presidente: “o resultado ficará dependendo da firmeza na sua execução. Haja vista o Estado de São Paulo, digno de imitação, que vai conseguindo admiravel progresso em materia de ensino.”316 Novamente surgiu a tentativa de inspiração de Minas a partir dos desdobramentos vindos de São Paulo.

Outro fator também a ser destacado é que o Estado dividia a responsabilidade de instruir com os municípios, pois a todo momento o Estado, na figura de seus representantes, justificava a

315 MENSAGEM dirigida pelo Presidente do Estado Francisco Antônio de Salles ao Congresso Mineiro em sua

1ª. Sessão ordinária da 4ª. Legislatura no anno de 1903. Bello Horizonte: Imprensa Official do Estado de Minas Geraes, 1903. p. 30.

falta de investimento no setor. Os discursos das autoridades encontravam-se repletos de intencionalidades, opondo-se muitas vezes à cultura escolar vigente. Na época, ocorreu uma espécie de “municipalização”317. A nosso ver, a transferência de responsabilidade do Estado para os municípios utilizou-se de artifícios necessários para desonerar as responsabilidades de uns e precarizar ainda mais a situação financeira de outros. Na pesquisa que empreendemos não observamos, todavia, vantagens substanciais sobre o assunto. Os municipios representados pelas autoridades políticas teriam mais condições de instaurarem sistemas corroídos que lhes permitissem continuar decidindo a administração local. Muitas foram as reclamações identificadas relativas à má condição do ensino.

Em Mensagem proferida ao Congresso Mineiro por Francisco Silviano de Almeida Brandão, 1899, há denúncias sobre as más condições do ensino primário:

São conhecidas as más condições em que se encontra o ensino primario no Estado: - em geral ministrado por methodos defeituosos e primitivos, pouco pratico, insuficiente, pouco proveitoso, não compensando absolutamente os grandes sacrificios que com elle è feito pelo thesouro publico.

Entretanto, força é confessar que, tanto o Congresso como as administrações do Estado, têm sido solicitos em attender ás necessiddes do ensino publico [...].318

São claras as menções a respeito das precárias condições da escola apresentadas pelo Presidente. Ao mesmo tempo, encontramos declarações que mencionaram a solicitude do Estado em atender as necessidades do ensino público. A esse respeito, notamos duas posições antagônicas ao considerarmos as realidades representadas em documentos pesquisados: por um lado reclamações das “más condições em que se encontra o ensino primario” e por outro lado “o Congresso como as administrações do Estado têm sido solícito com tais questões”. Nessa contradição, observamos que denúncias ou queixas sobre a má situação das escolas continuavam, mas, a Mensagem demonstrou que pelo menos teoricamente o Congresso fora solicito para sanar esses problemas. Mesmo sendo do interesse do governo elevar Minas Gerais à categoria de Estado com grau de desenvolvimento considerável, contudo, as ações do

317 Nos dias de hoje municipalizar a educação primária ainda é uma problemática a ser resolvida por muitos

Estados, pois o que se encontra no contexto dessa proposta é a desoneração financeira.

318 MENSAGEM dirigida pelo Presidente do Estado Francisco Silviano de Almeida Brandão ao Congresso

Estado foram reduzidas diante das necessidades de investimentos financeiros para o sistema público de ensino no meio rural.

Além disso, a Mensagem carregada de intertextualidade, ou seja, as expressões “são tecidas a partir de uma multidão de fios ideológicos, serviram e servem de trama a todas as relações sociais em todos os domínios.”319 Dessa forma, o não atendimento do Congresso e do Presidente foi recorrente. Mesmo com a República, as mudanças em função de uma nova educação não foram expressivas, principalmente nos anos iniciais, a ponto de viabilizar uma transformação de fato.

Em relação à situação das escolas e tendo o mesmo Presidente no governo do Estado, parte do relatório de um dos inspetores extraordinários denunciou a falta de mobília na cadeira rural do bairro do Retiro, no distrito de Santo Antônio do Rio Acima. “[...] visitei a casa que se prepara para a escola; é terrea, com duas pequenas salas contíguas, cada uma com uma porta e uma janella, comunicando-se entre si por uma porta. Não havia ainda nenhuma mobilia, que os interessados dixeram-me estarem preparando [...].”320 Isso exemplificou a morosidade das ações do Congresso e reforçou a ideia de que para alcançar reequilíbrio econômico almejado por meio da educação, o Estado e o município deveriam disponibilizar e investir mais recursos.

Em diversas Mensagens de Presidentes verificamos a existência de um discurso contundente para alavancar o ensino em Minas, porém os Presidentes sempre reclamaram dos parcos recursos disponíveis para o investimento na instrução pública primária. Em 1902, o Presidente Joaquim Candido da Costa Sena falou que o seu governo se preocupava muito com a solicitude do ensino e que esse era um importante ramo do serviço público, muito embora estivesse com braços curtos pelas dificuldades orçamentárias. Acrescentou que a partir da supressão dos trabalhos de fiscalização a cargo dos inspetores extraordinários a situação piorou.321

319 BAKHTIN, Mikhail (Volochínov). Marxismo e filosofia da linguagem. 12 ed. São Paulo: Hucitec, 2006. p.

42.

320 MINAS GERAIS. Secretaria do Interior. Relatório de Inspeção. Inspetor Domiciano Rodrigues Vieira. Belo

Horizonte, 16 de maio de 1899. Códice SI-3958.

321 MENSAGEM dirigida pelo Presidente do Estado Joaquim Candido da Costa Sena ao Congresso Mineiro em

sua 4ª. Sessão ordinária da 3ª. Legislatura no anno de 1902. Bello Horizonte: Imprensa Official do Estado de Minas Geraes, 1902. p. 19.

Encontramos o Decreto 516ª, de 12 de junho de 1891322 que estabeleceu a criação do cargo de inspetor extraordinário. O artigo 61323 desse decreto destacou essas nomeações. No Decreto constava que a ocupação era algo temporário. Mesmo assim o presidente Joaquim Candido da Costa Sena, em seu pronunciamento, mencionou diversas reclamações. A partir daí, os promotores de justiça, juntamente com os inspetores municipais e distritais, deveriam fiscalizar as escolas. Dessa forma, se esses inspetores eram nomeados a partir de critérios de confiança, conjecturamos a viabilidade ou capacidade técnica e intelectual dos nomeados, pois sem pré-requisitos para ocupar o cargo de fiscal ou inspetor havia precedentes para apadrinhamentos políticos. Em nossas buscas, entretanto, não foi possível detectar se, nesse caso, o presidente estava preocupado em defender seus possíveis correligionários políticos.

Um ano antes da suspensão dos cargos de inspetores extraordinários, o Presidente Francisco Silviano de Almeida Brandão dirigiu-se ao Congresso destacando os trabalhos dos inspetores. Para ele, a inspeção contribuiu para a regularidade das escolas, foi um benefício e trouxe efeitos imediatos. O Presidente afiançou que os serviços eram prestados com bastante zelo, dedicação e inteligência. No discurso citou o inspetor Major Estevam de Oliveira e do Dr. Albino José Alves Filho. A dedicação e o empenho necessários para a fiscalização talvez tenham sido relevantes para a menção, todavia, a forte influência do Major Estevam de Oliveira nas localidades por onde andava seria, sem dúvida uma moeda de troca política, ou seja, apoio político para o Presidente.324

A criação do cargo de inspetor extraordinário pode ter contribuído para a redução de gastos públicos, uma vez que fiscalizava a existência das salas de aula fossem distritais ou rurais, mas não impediu a morosidade das ações voltadas ao ensino em áreas menos povoadas. O Presidente Joaquim Candido da Costa Sena325 proferiu em sua fala ao Congresso que, prestando reais serviços à causa da instrução pública, as municipalidades criaram escolas

322 MINAS GERAES. Decreto nº 516ª, de 12 de junho de 1891. Ouro Preto: Imprensa Official do Estado de

Minas Geraes. 1891.

323 “Art 61. Em casos aconselhados pela conveniencia do serviço publico, poderá a inspectoria geral nomear

inspectores extraordinarios de sua immediata confiança, cujo exercicio será temporário.” In. MINAS GERAES. Decreto nº 516ª, de 12 de junho de 1891. Ouro Preto: Imprensa Official do Estado de Minas Geraes. 1891.

324 MENSAGEM dirigida pelo Presidente do Estado Francisco Silviano de Almeida Brandão ao Congresso

Mineiro em sua 3ª. Sessão ordinária da 3ª. Legislatura no anno de 1901. Bello Horizonte: Imprensa Official do Estado de Minas Geraes, 1901. p. 19.

325 MENSAGEM dirigida pelo Presidente do Estado Joaquim Candido da Costa Sena ao Congresso Mineiro em

rurais que o Estado não pode sustentar em virtude de suas responsabilidades com o ensino urbano.

O fato de se delegar às municipalidades a responsabilidade pelo ensino rural nos remeteu à suspensão da denominação de ensino rural a partir da Lei 281, de 16 de setembro de 1899326. A denominação utilizada nos indica que mesmo sem a oficialidade do nome de escola rural, suspensa pela Lei 281, de 16 de setembro de 1899327 as condições do ensino distante do meio urbano não apresentaram diferenças significativas ou substanciais em relação às recentes escolas distritais que oficialmente substituíram as rurais. Dessa forma, diversas explicações apresentadas com intuito de justificar a precariedade do ensino devem ser colocadas em questionamento, principalmente sob a ideia de que as autoridades público-administrativas pouco faziam para inverter o quadro de exclusão social da ocasião.

A simples alteração do nome de escola rural para escola distrital nos colocou frente aos investimentos necessários para a instrução pública primária no Estado de Minas Gerais.