• Nenhum resultado encontrado

Instrumentação e aquisição de dados

No documento Universidade do Minho (páginas 173-179)

Índice de quadros

3. DESCRIÇÃO DOS ENSAIOS

3.6. Instrumentação e aquisição de dados

A instrumentação utilizada nos ensaios foi idealizada de modo a permitir a medição das grandezas físicas consideradas mais relevantes para a quantificação da resposta global dos modelos às acções sísmicas. Particularmente no que diz respeito aos modelos, o comportamento frágil da argamassa de que são feitas as paredes deve contribuir para uma resposta pouco dúctil dos modelos, ao mesmo tempo que é esperada a abertura de fendas irregulares delimitando blocos de parede chocando entre si cujas dimensões e geometria não é possível conhecer com rigor à partida. Por esse motivo não foram previstos transdutores de deslocamentos dado que, nestas condições, quaisquer medidas efectuadas seriam pontuais e a relação com a resposta global dos modelos em termos de deslocamentos seria difícil de

Avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios de alvenaria

142

estabelecer. Esta é uma limitação que é ultrapassada recorrendo a grandezas físicas relacionadas, por exemplo através da dupla integração de acelerações no tempo.

Por outro lado, a concentração de massa nas paredes, a flexibilidade dos pavimentos e a sua deficiente ligação às paredes fazem antever uma importante componente de resposta devida à actuação de forças de inércia na direcção perpendicular ao plano das paredes. Assim, previram-se acelerómetros em vários pontos dos modelos localizados ao nível dos pisos para medir o campo de acelerações horizontais perpendiculares ao plano das paredes, distribuídos por vários alinhamentos verticais principalmente junto aos cunhais e a meia largura das paredes. No caso dos acelerómetros colocados nos cunhais, as acelerações medidas podem ser utilizadas para caracterizar a resposta das paredes perpendiculares no seu próprio plano admitindo que, apesar de alguma fendilhação, a parede tem, mesmo assim, alguma continuidade e um comportamento rígido na direcção horizontal. Dadas as dimensões dos modelos, o número de acelerómetros disponíveis constitui naturalmente uma limitação à geometria e densidade da malha a realizar.

Por último, a utilização das diferentes técnicas de reforço tem impacto no comportamento dos modelos não só ao nível global, reflectindo-se nas medições acima mencionadas, mas também ao nível local, através da compatibilização de deslocamentos e da transmissão de forças entre os vários elementos construtivos. Estas grandezas podem ser utilizadas para avaliar localmente a eficácia das técnicas de reforço mas a sua medição é de difícil concretização dada a natureza das peças utilizadas. A técnica de reforço 1 possui vários conectores aparafusados e/ou colados onde não é possível efectuar medições, o mesmo sucedendo na técnica de reforço 3 onde são utilizadas faixas de fibras de vidro coladas com resinas epoxy. Na realidade, apenas nos tirantes utilizados no reforço dos modelos 2 e 3 será possível medir as forças instaladas. Para o efeito previu-se a colocação de extensómetros nalgumas das peças de fixação que, após calibração, permitirão utilizá-las como células de força, isto é, ler extensões e convertê-las directamente em forças.

A selecção dos diferentes instrumentos e a sua localização nos modelos foi guiada quer pelas indicações acima quer pelas limitações em termos de equipamento disponível. Dos 32 acelerómetros disponíveis para os modelos optou-se por instrumentar duas das paredes com um maior número de acelerómetros, a parede Norte com 16 e a parede Este com 12, e as restantes duas paredes, Sul e Oeste, apenas com 2 acelerómetros para servirem de referência na comparação das respostas com as paredes opostas, conforme se pode ver na Figura 3.26. Dada a dificuldade em aparafusar os acelerómetros directamente à parede, devido às

Capítulo 3: Descrição dos ensaios características das argamassas, optou-se por os prender aos tacos de madeira utilizados para fixar os pavimentos pelo exterior como se mostra na Figura 3.27.

Avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios de alvenaria

144

Figura 3.27 – Esquema de fixação dos acelerómetros ao modelo

A plataforma sísmica foi também instrumentada com acelerómetros segundo as duas direcções definidas na Figura 3.25, um na direcção longitudinal (NS) e outro na direcção transversal (EW), para medir os movimentos impostos. Ao todo foram utilizados, portanto, 34 acelerómetros de três tipos distintos identificados na Figura 3.28 e na Figura 3.29.

Variable Capacitance (MEMS) Accelerometers: DC Response, 1 V/g,

Low-Level Acceleration, Field Test

Variable Capacitance (MEMS) Accelerometers: DC Response, 200 mV/g,

Low-Level Acceleration, Field Test

a) Modelo 7290A-2 b) Modelo 7290A-10

Figura 3.28 – Acelerómetros ENDEVCO [ENDEVCO, 2005]

Industrial ceramic shear ICP® accel., 100 mV/g, 0.5 to 5000 Hz, 2-pin top connector

a) Modelo 337A26 b) Curva de sensibilidade com a temperatura

Capítulo 3: Descrição dos ensaios Relativamente à medição de forças nos tirantes nos modelos 2 e 3, procurou-se

instrumentar as peças de fixação apresentadas anteriormente na Figura 3.19 com

extensómetros, ficando com a aparência da apresentada na Figura 3.30a). Dado o limitado número de extensómetros disponíveis, as peças originais foram modificadas como se mostra na Figura 3.30b) por forma a poderem ser instrumentadas apenas com 2 extensómetros cada. As peças de fixação foram colocadas no Modelo 2 de acordo com a disposição indicada na Figura 3.31 e no Modelo 3 de acordo com a disposição indicada na Figura 3.32. Cada uma das peças assim instrumentadas foi posteriormente calibrada [CIC-NSE, 2003] de modo a se poder converter o valor das extensões medidas em forças nos tirantes.

a) Peça original utilizada na posição H1 b) Peça modificada utilizada nas posições H2, H3, H4, N1, L1, L2, L3 e L4 Figura 3.30 – Pormenor das peças instrumentadas com extensómetros utilizadas na ligação de

paredes opostas por meio de tirantes

Considera-se que a instrumentação assim prevista permite uma identificação adequada dos diferentes parâmetros de controlo do comportamento dos modelos à acção sísmica, designadamente, a evolução das frequências e modos de vibração entre os vários ensaios bem como os perfis de acelerações nas paredes e a resposta em deslocamento nos vários ensaios. Ficam de fora, como se referiu, a avaliação de fenómenos locais relacionados com as técnicas de reforço com excepção das forças nos tirantes nos ensaios dos modelos 2 e 3.

Avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios de alvenaria

146

Figura 3.31 – Identificação das peças instrumentadas com extensómetros no Modelo 2

Figura 3.32 – Identificação das peças instrumentadas com extensómetros no Modelo 3

A leitura dos sinais foi efectuada através de placas de aquisição da National Instruments, modelos 1530 para os acelerómetros e 1520 para os extensómetros, ligadas a sistemas SCXI. A frequência de amostragem utilizada em todos os sinais foi de 400 Hz o que assegura, por

Capítulo 3: Descrição dos ensaios um lado, uma boa resolução no domínio do tempo para o registo das grandezas físicas e, por outro lado, uma largura de banda adequada para análises no domínio da frequência. Foram utilizados três postos independentes para a aquisição dos dados, designados PCI_MIO, POSTO 1 e POSTO 2, cuja sincronização dos registos foi assegurada através de um impulso eléctrico comandado pelo operador. O primeiro destes postos registou os 2 canais de aceleração na plataforma sísmica enquanto o segundo posto registou os 32 canais de aceleração nos modelo. O terceiro posto foi utilizado apenas nos modelos 2 e 3, tendo registado as extensões medidas nas peças utilizadas na ligação de paredes opostas por meio de tirantes. Relativamente à convenção de sinal adoptada para cada um destes registos, as acelerações foram consideradas positivas nos sentidos NS e EW, enquanto as forças positivas nos tirantes, deduzidas a partir das extensões, correspondem a tracção.

No documento Universidade do Minho (páginas 173-179)