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Segundo Mattar (1997, p. 218) “o instrumento de coleta de dados é o documento através do qual as perguntas e questões são apresentadas aos respondentes e onde são registradas as respostas e dados obtidos”. Ainda segundo o autor o instrumento de coleta de dados mais utilizado em pesquisas de marketing é o questionário e via de regra está embasado nas seguintes partes que lhe são integrantes: a) dados de identificação; b) solicitação para cooperação; c) instruções para sua utilização; d) perguntas, questões e formas de registrar as respostas; e e) dados para classificar socioeconomicamente o respondente. Na presente pesquisa, como houve a promessa de anonimato, apenas a primeira parte sugerida pelo autor não foi adotada.

Quanto à forma de resposta às perguntas, adotou-se o sistema de perguntas com respostas fechadas, em escalas. Assim, os respondentes são consultados para responderem qual o ponto da escala que melhor corresponde a sua opinião sobre o que está sendo perguntado. Além disso, o questionário foi formulado com questões estruturadas que estabelecem a sua objetividade ao especificar claramente as alternativas de resposta e a forma pela qual as respostas devem ser registradas.

De acordo com Mattar (1997), dentre as técnicas para medir atitudes baseadas na comunicação com as pessoas uma das mais utilizadas é a técnica de auto-relato. “Esta técnica consiste em solicitar às pessoas que respondam a um questionário contendo questões a respeito de suas atitudes” (1997, p. 199). Ainda segundo o autor (1997) incluindo-se nessa técnica estão as escalas de diferencial semântico formuladas por Osggood et al. (1957) exaustivamente usadas em pesquisas de marketing, e as escalas Likert, anunciadas em 1932. Usou-se na composição do questionário escalas de avaliação itemizadas, predominantemente do tipo likert, desenvolvida por Rensis Likert (1932) para situações em que se queira avaliar o grau de concordância e discordância com cada uma das afirmações relacionadas ao objeto de análise. Usou-se, também, escalas de avaliação de diferencial semântico, recomendadas por Osgood et al., conforme Kotler & Fox (1994, p. 61).

Em A technique for the measurement of atitudes, de 1932, Likert propõe uma escala de cinco pontos com um ponto médio para registro da manifestação de situação intermediária, ou de indiferença, do tipo "'otimo", "bom", "regular", "ruim", "péssimo". De acordo com Pereira (1999) "essa escala tornou-se um paradigma da mensuração qualitativa e desde então tem sido largamente aplicada, quer na forma original quer em adaptações para diferentes objetos de estudo".

A escala Likert apresenta uma importante vantagem sobre a escala de Thurstone & Chave, de 1929, conforme Mattar (1997), pois mede a intensidade das concordâncias e discordâncias dos respondentes. Na construção da escala organizam-se itens de favorabilidade e desfavorabilidade. Ainda segundo Ferreira (1999) o ponto médio dessa escala traz implicitamente a oposição semântica, a qual, mais tarde, tornou-se objeto de estudo de Osgood, com sua teoria do diferencial semântico ao publicar the measurement

of meaning, em 1969. Categorizando apenas os extremos das medida adotada registra-se as impressões de pessoas sobre determinados conceitos. Os pontos escolhidos pelo respondente para cada conceito são então interligados por linhas em ziguezague, e essa configuração gráfica é analisada no sentido de identificar padrões semânticos.

No caso da escala Likert foram atribuídos números aos vários graus de concordância/discordância para indicar a direção da atitude do respondente, com o cuidado de inverter o valor da pontuação quando necessário, conforme demonstra o Quadro 4. Essa inversão se faz necessária uma vez que é recomendável intercalar em um questionário questões de natureza positiva com questões de natureza negativa.

A contribuição de Likert e Osgood são bastante utilizadas na construção de medidas qualitativas (Ferreira, 1999).

QUADRO 4 - Esquema para atribuir números numa escala Likert Tipo de afirmação Grau de discordância/

concordância Valor da pontuação Afirmação favorável (ou positiva) Concorda totalmente Concorda Indeciso Discorda Discorda totalmente 1 2 3 4 5 Afirmação desfavorável (ou negativa) Concorda totalmente Concorda Indeciso Discorda Discorda totalmente 5 4 3 2 1 Fonte: Mattar, 1997

Na elaboração do questionário de pesquisa da presente dissertação, procurou-se usar a linguagem mais clara e direta possível para evitar dupla interpretação por parte dos respondentes e, inclusive, dada a experiência do autor desta dissertação como professor

e coordenador do curso, que é a unidade de observação da pesquisa, foram utilizados, no diferencial semântico antônimos mais apropriados à linguagem coloquial dos respondentes sem infringir as normas e exigências técnicas pertinentes às dissertações de mestrado.

No sentido de evitar um contato imediato com a percepção da imagem da instituição a estratégia adotada para a organização e o ordenamento das perguntas foi a de privilegiar em primeira instância as questões mais abrangentes e gerais e em seqüência as questões mais específicas e detalhadas sobre a instituição de ensino superior em análise e sobre o curso de graduação em Ciências Econômicas observado. Fez-se necessário, ainda, um bloco de indagações apropriadas à caracterização básica da população analisada pelo presente estudo, mais precisamente atendo-se às variáveis sexo, faixa de renda, idade, turno e série em que estão matriculados, sendo esta última agrupada em alunos iniciantes e alunos finalistas. A seguir estão apresentadas algumas das vantagens e desvantagens da utilização de questionário, conforme apresentado por Marconi & Lakatos (1999, p. 100).

QUADRO 5 - Vantagens e desvantagens do questionário

Vantagem Desvantagem

a) Economiza tempo e obtém grande número de dados a) Percentagem pequena dos questionários que voltam. b) Atinge maior número de pessoas simultaneamente b) Grande número de perguntas sem respostas

c)Abrange uma área geográfica mais ampla c) Não pode ser aplicado a pessoas analfabetas d) Economiza pessoal d) Impossibilidade de ajudar o informante em questões

mal compreendidas

e) Obtém respostas mais rápidas e mais precisas e) A dificuldade de compreensão, por parte dos informantes, leva a uma uniformidade aparente f) Há maior liberdade nas respostas, em razão do

anonimato

f) A leitura de todas as perguntas, antes de respondê- las, podendo uma questão influenciar a outra

g) Há mais Segurança, pelo fato de as respostas não

serem identificadas g) A devolução tardia prejudica o calendário ou suautilização h) Há menos risco de distorção, pela não influência do

pesquisador

h) O desconhecimento das circunstância em que foram preenchidos torna difícil o controle e a verificação i) Há mais tempo para responder e em hora mais

favorável

i) Nem sempre é o escolhido quem responde ao questionário, invalidando, portanto, as questões j) Há mais uniformidade na avaliação, em virtude da

natureza impessoal do instrumento

j) Exige um universo mais homogêneo l) Obtém respostas que materialmente seriam

inacessíveis

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Algumas das desvantagens apresentadas por Marconi & Lakatos (1999) foram superadas nesta pesquisa:

a) Percentagem pequena dos questionários que voltam – Todos os questionários foram

recolhidos pelo próprio pesquisador e pelos professores que aplicaram os questionários antes do encerramento da aula. O procedimento de aplicação dos questionários foi repetido até que todos houvessem respondido, com controle pela lista de freqüência.

b) Grande número de perguntas sem respostas – esta desvantagem do questionário foi

suprida, pois o pesquisador procurou explicar bastante o que se pretendia com a pesquisa e o teor de cada questão. Apenas um questionário foi anulado, por não ter todas as questões respondidas.

c) Não pode ser aplicado a pessoas analfabetas – no caso específico desta pesquisa

trata-se de alunos cursando nível superior.

d) Impossibilidade de ajudar o informante em questões mal compreendidas – o fato de

o pesquisador ser o coordenador do curso ao qual os respondentes estão matriculados facilitou o esclarecimento das dúvidas quanto às questões mal compreendidas.

g) A devolução tardia prejudica o calendário ou sua utilização – os questionários

foram devolvidos ao final de cada aula.

i) Nem sempre é o escolhido quem responde ao questionário, invalidando, portanto, as questões – nesta pesquisa, as questões foram respondidas pelos alunos em sala de

aula, sob acompanhamento do pesquisador e de professores titulares do curso.

Todos as questões do questionário apresentam uma escala de cinco pontos com um ponto médio para registro de situação intermediária, sendo que na primeira questão 1 representa discordo totalmente, 2 representa discordo, 3 representa neutralidade, 4 representa concordo e 5 representa concordo totalmente. Na segunda questão, 3 representa a neutralidade e os extremos representam a intensidade da concordância com as opções. Essa concepção objetiva identificar expressões de concordância/discordância a afirmações polares sobre o desempenho de uma instituição e seu curso e graduação.

Delimitam-se assim, os domínios de discordância (1, 2) de concordância (4, 5) e de neutralidade (3). Na terceira questão considera-se o mesmo critério adotado para a

mensuração da percepção utilizada na Segunda questão. Da mesma forma, utilizam-se afirmações polares para que a técnica de mensuração não apresente ambigüidade.

Assim procedendo quando se utilizar a análise dos dados pelas médias obtidas, quando a média das respostas for menor ou igual a 3 a avaliação é negativa; quando a média de respostas der acima de 3 a avaliação é positiva; e quando ocorrer a média 3 a avaliação é regular. Convém lembrar que na primeira questão, por ter afirmativas ora de sentido positivo ora de sentido positivo, fez-se necessário inverter a ordem das alternativas referentes às perguntas de sentido negativo na apuração dos resultados.

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