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Ribeiro e Kawamura (2005) desenvolveram um instrumento de análise, baseado em categorias referentes ao Conteúdo e à Forma, de modo a caracterizar TDC segundo os diferentes veículos de comunicação em que são publicados, tendo em vista o potencial educacional desse material para o ensino de física. Para análise foram utilizados textos da revista Galileu e do Jornal Folha de São Paulo.

A dimensão Conteúdo compreende aspectos relacionados à:

Temática, que consiste na investigação dos conteúdos apresentados nos artigos; Procedimentos Internos da Ciência, que reúne aspectos relacionados às

práticas científicas – elaboração e adequação de modelos, as formas pelas quais são feitas as tomadas de dados e sua interferência nos resultados obtidos, o papel da experimentação na ciência, processos de análise dos dados, interpretação dos resultados etc; Funcionamento Institucional da Ciência, que também está relacionado às práticas científicas, a ciência como instituição – as controvérsias científicas, a diversidade de ideias, necessidade de debate público acerca das descobertas e aplicações tecnológicas, as relações entre os processos da ciência e seus produtos etc; Abordagens e Contexto, que abarca a forma pela qual o texto é contextualizado, ou seja, inserido em um contexto social, político, econômico etc.

A dimensão Forma compreende: a Estrutura, relacionada à forma de construção dos textos, relação entre aprofundamento e extensão dos conteúdos expostos, maneira como as informações estão ordenadas e distribuídas; Linguagem, relacionada à clareza dos textos, utilização ou não de termos e conceitos científicos, uso de analogias e metáforas, no sentido de facilitar a compreensão do assunto tratado; Recursos Visuais e Textuais

relacionada à distribuição espacial das informações, ao uso de ilustrações, fotografias, boxes, notas de margens etc.

Salém e Kawamura (1999) caracterizaram e analisaram as perguntas dos leitores relacionadas a conteúdos da física e suas fronteiras, a partir do banco de referências da “FISBIT” – banco de referências de divulgação e atualização em física e suas fronteiras – e publicações nas revistas Superinteressante, Ciência Hoje e Globo Ciência/Galileu, no período de 1990 a 1999, o que resultou em um total de 641 perguntas para análise, procurando estabelecer elementos que orientassem sua utilização no ensino de física.

As perguntas foram distribuídas de acordo com o conteúdo abordado em três áreas temáticas: física básica, física moderna e fronteiras da física. As áreas de física básica e moderna estão relacionadas com a estrutura formal do conhecimento físico, normalmente reproduzido no ensino escolar. Para a classificação Fronteiras, foram incorporados aqueles conteúdos não tradicionalmente inclusos na física, mas a ela relacionados, como astronomia, geofísica, físico-química etc. No processo de análise das perguntas, as autoras conseguiram identificar que, além de um conteúdo físico específico, também eram abordados algumas questões como energia, radiações, meio ambiente etc. Estas perguntas foram então classificadas como Temas Transversais.

Mesmo estando relacionado a um mesmo tema ou conteúdo, as perguntas foram analisadas focalizando abordagens distintas e identificadas em seis categorias principais: Conceitual (encontra-se voltado para explicações científicas relacionadas a certo conteúdo físico); Cotidiana (está relacionado com o cotidiano de quem pergunta, alguma informação ou observação, algo concreto que possui ralação com a vivência do dia a dia); Tecnológica (está relacionado às novas tecnologias e seu funcionamento, utilização prática de conhecimentos e objetos); Instrumental (questões diretamente ligadas a medidas e grandezas físicas); Histórica (quando, onde, como, alguma teoria ou conhecimento foi descoberto, o que prevalece é o contexto histórico);

Ambiental (voltada para as questão referentes ao meio ambiente, relacionadas a

efeitos climáticos ou poluição ambiental). Para análise das abordagens, em nosso trabalho identificamos as seguintes: conceitual, cotidiana, tecnológica, ambiental e instrumental.

As categorizações acima citadas foram adaptadas por Ferreira e Queiroz (2011b) para o ensino de química, e empregadas na nossa análise. Como resultado de tais adaptações, as autoras elaboraram o esquema ilustrado na FIGURA 1.

FIGURA 1: Esquema adotado no trabalho de Ferreira e Queiroz (2011b), para a análise dos TDC, baseado nos instrumentos de análise proposto por Kawamura e colaboradores.

Na dimensão Conteúdo fizemos uma análise geral buscando identificar os principais conteúdos nos textos em foco e em seguida os classificamos em três subcategorias: Química, Fronteiras e Temas Transversais. Com relação à primeira, os conteúdos considerados foram aqueles que guardam estreitas relações com a estrutura formal do currículo de química para o Ensino Médio, normalmente reproduzido no ensino escolar (química geral, físico- química e química orgânica). Aqueles textos que não se encaixaram nesta subcategoria foram incluídos na subcategoria denominada Fronteiras, uma vez

Análise Geral ANÁLISE DOS TDC CONTEÚDO FORMA Análise Específica Temas Transversais Fronteira Químic Abordagem e Contexto Estrutura Linguagem Recursos Visuais e Textuais Temática Características da Atividade Científica

que abarcam conteúdos não tradicionalmente presentes no ensino formal, como física, física de materiais, microbiologia, geoquímica e bioquímica, entre outras. Aqueles textos que não se adequaram a nenhuma das subcategorias citadas anteriormente foram categorizados de acordo com a presença de Temas Transversais (Meio Ambiente e Saúde), explícitos nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e assim caracterizados por não pertencerem especificamente a nenhuma disciplina, mas podendo ser trabalhados em todas elas.

A dimensão Conteúdo também foi classificada segundo temas específicos: Temática, Características da Atividade Científica e Abordagens e Contexto. Aqui destacamos que foi feita uma adaptação por Ferreira e Queiroz (2011b) no instrumento original proposto por Ribeiro e Kawamura (2005), de modo que as subcategorias Procedimentos Internos da Ciência e Funcionamento Institucional da Ciência foram englobada por uma única subcategoria, denominada de Características da Atividade Científica. Essa adaptação se fez necessária, segundo as autoras, porque identificaram exemplos em TDC de química que, de alguma forma, estavam relacionados a aspectos da prática científica e que não se encaixavam em nenhuma das subcategorias descritas por Ribeiro e Kawamura (2005). A dimensão Forma compreende a Estrutura do texto, Linguagem e os Recursos Visuais e Textuais presentes em cada artigo.

3.2.

Indicadores de concepções CTS, segundo Amaral et al.