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Instrumento de avaliação aprovado em 2018

CAPITULO 5 – Avaliação do trabalho docente

5.4 Instrumento de avaliação aprovado em 2018

O Ofício Circular CPA n. 01/2018 informa que o CEPE fez três reuniões em fevereiro de 2018 e concluiu a aprovação da “sistemática” chamada “Planejamento e Avaliação Departamental na UNESP” (UNESP-CPA, 2018b). Esse documento também anuncia que por “unanimidade”, o CEPE votou a supressão da entrega de Planilha de Critérios Mínimos Docentes, que deixa de vigorar, em 2018, para todos os professores. Ficou mantida a entrega do Relatório Anual de Atividades (RAD) para todos os docentes e pesquisadores em transcurso de triênio, e igualmente, a entrega do Relatório Trienal de Atividades (RTA) para quem estiver no final do triênio.

Consta também nesse Ofício, a implantação do Sistema de Atividade Docente (SisCPA), cuja orientação é que todos os docentes assinem o Termo de Responsabilidade de Usuário, para a tramitação dos processos on-line, de modo que a senha tenha o mesmo valor judicial de uma assinatura. Os docentes e pesquisadores que estiverem em transcurso do triênio, iniciado em 2016 ou 2017, deverão manter a entrega de relatórios anuais em papel, até concluírem seus respectivos triênios.

Muitas dúvidas surgiram em relação ao SisCPA, sendo necessária uma reunião de esclarecimento entre representantes do sindicato e membros do CEPE, já que a implantação do sistema, não tinha sido votada por esse Conselho (ADUNESP, 2018). O Ofício Circular CPA n. 02/2018, esclareceu que a implantação do SisCPA não tem nenhuma relação com o “Planejamento e Avaliação Departamental na UNESP”, e que o sistema digital visa facilitar e agilizar o encaminhamento de relatórios, planos, propostas e projetos relativos ao trabalho individual de docentes e pesquisadores (UNESP-CPA, 2018c). Argumenta-se, que, esse processo é sustentável, reduzindo os gastos com papel, tinta, impressões e protocolos. A assinatura do Termo de Responsabilidade para uso pessoal da senha digital, seria para caracterizar a autoria e autenticidade de documentos entregues.

Após realizar plenária em 15/03/2018, a ADUNESP emitiu o Boletim n. 131, orientando seus associados a não assinarem o Termo de Responsabilidade do SisCPA (ADUNESP, 2018). O laudo técnico, feito por um especialista em Tecnologia da Informação (TI), a pedido do sindicato, aponta que esse Termo transfere a responsabilidade de segurança do sistema a seus usuários, não informando se a conexão será criptografada. E com relação ao uso da senha, é muito difícil comprovar se alguém cedeu propositalmente a senha a outra pessoa, ou se ela foi hackeada, “os termos de uso do sistema são draconianos para o usuário”, em tempos de “judicialização da vida”.

O Boletim n. 131 também contém parecer jurídico, feito por uma advogada da assessoria jurídica da ADUNESP. Como o sistema online não foi deliberação do CEPE, “faltaria legitimidade” às pretensões da CPA. Além disso, existe a “personificação dos relatórios individuais” e a sistemática aprovada no Conselho foi para avaliar os departamentos, por meio dos seus relatórios, e nesse sentido, a CPA aplicaria “interpretação tortuosa à decisão do CEPE” (ADUNESP, 2018, p. 2).

As divergências apresentadas, manifestam um alto nível de desconfiança por parte dos docentes e do sindicato, em relação às decisões da CPA. Existe um certo temor de que tais procedimentos possam ser usados para punição:

Existe um medo, não sei se você sabe, dependendo da avaliação, teve casos que tem um rebaixamento de 40h para 24h ou 12h semanais. A pessoa é liquidada psicologicamente, porque estão dizendo que o trabalho feito não serve, não presta, e também está liquidada economicamente. Como consequência, fator de adoecimento (DOCENTE 5).

Essa declaração do entrevistado, deixa transparecer que as pessoas sentem-se vigiadas em seu local de trabalho, com receio de ter seu regime de trabalho reduzido, caso não tenha o relatório aprovado pela CPA. Por isso, quando surge um procedimento novo, ou algum formulário diferente do habitual, desperta a suspeição. A versão final do instrumento de avaliação, aprovado em 2018, ficou organizado da seguinte maneira:

Quadro 21: Instrumento de avaliação aprovado em 2018

Tipo Variáveis número: Descritores Indicadores

Variáveis comuns

1- Ensino de graduação e pós-graduação 4 4

2 - Financiamento ou apoio, nas áreas de ensino, pesquisa e extensão (obtido, a partir de avaliação de mérito externa à ‘UNIDADE’, de agências e/ou instituições públicas, privadas e do terceiro setor)

2 6

3 - Bolsas de ensino, pesquisa e extensão concluídas no biênio (obtidas, a partir de avaliação de mérito externa à

‘UNIDADE’, de agências e/ou instituições públicas, privadas e do terceiro setor)

6 18

4 - Produção intelectual (bibliográfica, artística e tecnológica) relativa a ensino, pesquisa e extensão

8 24

5 - Distribuição de atividades 19 19

Variáveis optativas

6 - Orientações concluídas no período pelos docentes do ‘DEPARTAMENTO’

5 5

7 - Supervisões concluídas sob a responsabilidade de docentes ou pesquisadores do ‘DEPARTAMENTO’ (no mínimo seis meses) com avaliação externa à universidade

5 5

8 - Docentes do ‘DEPARTAMENTO’ em condições para progredir na carreira vertical

Variáveis optativas

9 - Docentes do ‘DEPARTAMENTO’ em condições para progredir na carreira horizontal

3 3

10 - Docentes do ‘DEPARTAMENTO’ que têm atuação em universidade no exterior

2 2

11 - Docentes do ‘DEPARTAMENTO’ que estão

credenciados na pós-graduação, em Programas avaliados com conceitos 5, 6 e 7

2 2

12 - Percentual de alunos de graduação e pós-graduação, sob orientação ou supervisão de docentes do

‘DEPARTAMENTO’, que realizam estágio no exterior e em outras instituições do país

2 2

13 - Docentes que são membros de órgãos colegiados 2 2 14 - Organização de eventos acadêmicos com abrangência

nacional ou internacional

1 1

15 - Pós-doutoramento de docentes do ‘DEPARTAMENTO’,

com afastamentos aprovados pela CPA (mínimo de seis meses) 1 1 16 - Docentes estrangeiros convidados pelo

‘DEPARTAMENTO’

1 1

17 - Projetos de extensão aprovados no mérito na Proex, mas não financiados

1 1

18 - Cursos de Extensão aprovados na Proex 1 1 19 - Docentes do ‘DEPARTAMENTO’ que são bolsistas

Produtividade em Pesquisa e de Desenvolvimento Tecnológico e Extensão Inovadora do CNPq

1 1

20 - Membros do ‘DEPARTAMENTO’ que atuam na pós-graduação lato sensu

1 1

21 - Iniciativas de inovação e empreendedorismo 1 1 22 - Representações em órgãos, associações e agências

externas à Unesp nas esferas estadual, nacional e internacional

2 2

Variáveis eletivas

Segundo decisão do ‘DEPARTAMENTO’, se ele julgar necessário, podem ser elaboradas outras variáveis Até 5 (se incluídas)

Até 5 (se incluídos)

Até 5 (se incluídos)

Total Pode chegar até 27 Máximo

possível - 78

Máximo possível - 110

Nesta versão final, as variáveis, que expressam atividades realizadas, estão organizadas em três núcleos: comum, optativo e eletivo. As “variáveis obrigatórias” passaram a ser chamadas de “variáveis comuns”, e tiveram seu peso reduzido em 10 pontos. Assim, as 22 variáveis (anteriormente descritas no quadro 20), passaram a ter as seguintes características:

• variáveis do núcleo comum: possuem peso entre 50 e 100 pontos, cada variável vale entre 10 e 35 pontos.

• variáveis do núcleo optativo: possuem peso de até 50 pontos, cada variável vale entre 5 e 10 pontos.

• variáveis do núcleo eletivo: possuem peso de até 20 pontos, que deverão ser subtraídos dos (50 pontos) do núcleo optativo. Cada variável eletiva vale entre 5 e 10 pontos.

Os descritores e indicadores, (mostrados no quadro 20) também sofreram modificações: a quantidade máxima possível de descritores, passou de 59 para 78; e a quantidade máxima possível de indicadores passou de 87 para 110. As variáveis que mais tiveram mudanças quantitativas em seus descritores e indicadores foram:

• variável número 5: de 4 descritores com 4 indicadores, para 19 descritores com 19 indicadores.

• variável número 3: de 4 descritores com 12 indicadores, para 6 descritores com 18 indicadores.

• variáveis números 6 e 7: ambas tinham 2 descritores com 2 indicadores, passaram a ter 5 descritores com 5 indicadores.

Observa-se um aumento considerável na quantidade de indicadores das variáveis comuns: números 3 e 5, ampliando as possibilidades de pontuação. Seria a reprodução de características da tão criticada planilha de avaliação do trabalho docente?

O documento final do instrumento de avaliação (UNESP-CPA, 2018d, p. 36) destaca que o total de 100 pontos, é um dos poucos “patamares” quantitativos “pré-estabelecidos”, para evitar “práticas competitivas” entre os departamentos e “não se estimular as tentativas de atingir ou forçar pontuação alta”. Se o objetivo for realmente evitar a competição e não estimular a pontuação, por qual motivo aumentar a quantidade de indicadores comuns?

As Unidades Universitárias possuem características diferentes, os departamentos possuem características bem diferentes, porém isso não evita a competição e o

ranqueamento, mesmo que “extraoficial”. Os diretores das unidades, saberão a pontuação de muitos departamentos; a CPA e a reitoria conhecerá a pontuação de todos os departamentos da universidade. Vale lembrar que em 2017, a UNESP criou uma comissão para aumentar o desempenho da instituição nos rankings, que classificam universidades com características diferentes, de países diferentes, de continentes diferentes. Essas diferenças impediram o ranqueamento? Não!

A centralização da avaliação na CPA, era criticada pelo sindicato docente, e a atual CPA reconheceu que os relatórios demoravam muito para terem retorno. Nesse sentido, a descentralização do processo avaliativo é positiva, porém, como foi constatado no debate do sindicato: “a maldição dos pontinhos” da antiga planilha, permanece. Em tal caso, “a descentralização gerencial, que traz uma visão ilusória de colaboração no processo (…) na verdade, esconde a ausência de autonomia com relação ao trabalho” (ASSIS, 2016, p. 534). Autonomia para escolher os “pontinhos”, desde que se submeta a mensuração.