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4.2 Procedimentos metodológicos

4.2.2 Instrumento de Pesquisa

A pesquisa narrativa também é constituída em espaços colaborativos. Assim, optou-se pelo uso da roda de conversa virtual com o intuito de constituir uma comunidade de conhecimento que ofereça a oportunidade de articulação de saberes entre as participantes, despertando descobertas e propondo rupturas em relação ao desenvolvimento profissional e pessoal.

1(1914-1977) – uma das primeiras e mais importantes escritoras negras do Brasil enfrentou

três grandes preconceitos: por ser mulher, negra e pobre. Seu livro de maior sucesso foi “Quarto de Despejo - Diário de uma favelada”

2(1910 – 2003) – A primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras, tradutora,

romancista, escritora, jornalista, cronista e importante dramaturga brasileira, primeira mulher a receber o Prêmio Camões. Suas obras marcam a emancipação da mulher brasileira, suas principais obras são: O Quinze e as três Marias

3(1920-1977) – Escritora e jornalista. Rompeu com as tradições literárias no sec. XX. Seus

livros são famosos pelas personagens subversivas e existencialistas. Sua obra mais famosa é A hora da estrela.

4(1901 – 1964) – Poeta, cronista, educadora e pintora. É considerada a melhor poeta do

Brasil, embora tenha combatido a palavra poetisa por causa da discriminação de gênero. Como professora, promoveu reformas educacionais e defendeu a construção de bibliotecas infantis.

Roda de Conversa como uma possibilidade de instrumento de produção de dados na pesquisa Narrativa, considerando que este tipo de abordagem investigativa busca compreender o sentido que o grupo social oferece ao fenômeno estudado. A conversa é um espaço de formação, de troca de experiências, de confraternização, de desabafo, muda caminhos, forja opiniões, razão por que a Roda de Conversa surge como uma forma de reviver o prazer da troca e de produzir dados ricos em conteúdo e significado para a pesquisa na área de educação. No contexto da Roda de Conversa, o diálogo é um momento singular de partilha, uma vez que pressupõe um exercício de escuta e fala (MOURA; LIMA, 2014, p.98).

Neste momento coletivo e colaborativo, a roda de conversa oferece dados para a pesquisa por ser um instrumento que parte da troca entre os participantes no ato de dividir experiências por meio da promoção de autorreflexão do próprio sujeito e sobre as suas práticas pedagógicas ao mesmo tempo em que interage com seus pares ao ser ouvinte e também no próprio diálogo em um processo reflexivo/crítico (MOURA; LIMA, 2014).

O posicionamento de cada sujeito na comunhão com o outro possibilita o compartilhamento e o aprofundamento de temas e abordagens, ao passo que propaga a reflexão sobre a própria prática. Sob essa ótica Warschauer (2004, p. 2) explica que os "[...] trabalhos comunitários e as iniciativas coletivas, das mais diversas naturezas, se desenvolvem de maneira semelhante há muito tempo".

Desse modo, a roda de conversa se torna um espaço coletivo que permite aos semelhantes discutir de forma crítica sobre uma temática e o seu fazer pedagógico. É um processo que corresponde à ideia de que coloca o diálogo vinculado à responsabilidade, intencionalidade, determinação, transformação e finalidades do ato educativo para atingir os objetivos da transformação (FREIRE, 2003).

Ao pensar a forma de adotar e conduzir esse instrumento, é necessário considerar que o diálogo construído representa o pensar e o falar de “[...] indivíduos com histórias de vida diferentes e maneiras próprias de pensar e de sentir, de modo que os diálogos, nascidos desse encontro, não obedecem a uma mesma lógica” (WARSCHAUER, 2002, p. 46).

Uma das intenções ao adotar este instrumento de coleta de dados foi a de socializar as trocas de saberes entre as participantes, tendo como intuito divulgar conhecimento entre pares para auxiliar na constituição de novos conhecimentos sobre os temas aqui discutidos. Outro objetivo foi produzir dados, pois esse recurso

promove o pensar coletivo construído, traduzindo-se em falas e escutas permeadas pela reflexão de um aprendendo a ouvir a história de vida do outro, ocasionando a autoformação com autonomia e consciência crítica (WARSCHAUER, 2002).

A autora Cecília Warschauer (2002) em seus estudos sobre a roda de conversa utiliza o termo “partilha” em detrimento a palavra “troca”. Para esta autora, o ato de partilhar não exige imediato retorno, pois o processo de ensinar o que o sujeito sabe é o que realmente importa. Para essa autora, o uso da roda de conversa em uma formação ganha prestígio porque agrega valor quando os participantes partilham conhecimento, pois as falas se convergem para a mesma intenção sob a mesma ótica, onde os assuntos abordados têm significado na realidade do grupo e assim constroe-se uma relação entre os sujeitos.

Quando se organiza um grupo de formação em Rodas, seja esse constituído por alunos, professores em formação ou professores em exercício, a presença de diferentes pontos de vista impulsiona as aprendizagens. As discussões de experiências, juntamente com o estudo de textos teóricos, propiciam a reflexão entre teoria e prática, possibilitando a partilha das experiências, das interpretações, da relação entre elas e das possibilidades de por em prática o que é discutido. A exposição de ideias e a oportunidade de partilha de histórias, de experiências vividas, de saberes e de dificuldades encontradas possibilitam que os participantes percebam que os problemas que enfrentam são também enfrentados por outros (ALBUQUERQUE: GALIAZZI, 2011, p.388).

A fala de um participante contribui para a argumentação do outro, que reflete sobre o discurso do colega e o seu próprio. Reconhecer seu processo de desenvolvimento de forma reflexiva e crítica contribui para sua evolução, fazendo com que seja protagonista de sua vida. Para Freire (2003) a constituição da autonomia do sujeito parte da ideia do seu inacabamento e do seu direito de escrever o seu destino.

Quando o professor reconhece seu protagonismo perante a constituição da sua formação ele desenvolve indagações e interesses. É no ato de falar e partilhar com os seus pares que o sujeito consegue problematizar, esclarecer equívocos e reconstruir posicionamentos.