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CAPÍTULO II – ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO

2. Diagnóstico de situação

2.5. Instrumento de recolha de dados

A recolha de dados tem por pressuposto a utilização de instrumentos de diagnóstico (escalas de observação, questionários e entrevistas), mas também a utilização de instrumentos como a análise SWOT, a Failure Mode and Effect Analysis (FMEA) e a Stream Analysis. Estes instrumentos permitem identificar e explorar todas as causas possíveis de um problema ou todos os fatores que influenciam um processo (Nunes,

[et al.], 2010,)

Perante as características desta investigação o instrumento de recolha de dados escolhido foi a entrevista. Segundo Fortin, (2003, p.245), “a entrevista é um modo

particular de comunicação verbal, que se estabelece entre o investigador e os participantes com o objetivo de colher dados relativos às questões de investigação formuladas”. Esta permite ao investigador compreender o sentido de determinado

fenómeno e de que forma é percebida pelos participantes.

Relativamente ao tipo de entrevista, optamos pela entrevista semiestrutura, tendo sido elaborado um guião de entrevista (Apêndice A), o que possibilita ao entrevistador orientar o desenvolvimento da mesma. Assim, e tal como nos diz Fortin (2003, p. 247),

“as entrevistas menos estruturadas desenrolam-se como uma conversação informal (...). Antes de uma entrevista semiestruturada, é indispensável elaborar um plano no qual o objetivo geral do tema a cobrir está indicado, assim como os subtemas, segundo uma ordem lógica.” O recurso às perguntas abertas, dá ao entrevistado a

possibilidade de orientar o seu discurso com liberdade e com a criatividade que no momento lhe é possível, e com a qual perceciona o fenómeno, objeto de estudo.

Deste modo, a recolha de dados foi efetuada através da entrevista semiestruturada junto de mulheres submetidas a tratamento de RTE e BTI, de Janeiro a Março de 2017.

As referidas entrevistas contemplaram o término dos tratamentos de RTE e BTI, pelo que as mesmas foram executadas em diferentes fases, permitindo desta forma,

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abranger as mulheres aquando das consultas médicas de follow-up de radioterapia (um mês após o último tratamento de BTI, depois, após os dois meses passando a vigilância a ser de quatro em quatro meses, até perfazer os dois anos). Esta intencionalidade teve como propósito incluir mulheres em diferentes etapas deste processo, por forma a melhor compreender as suas vivências e constrangimentos tendo em conta a problemática em estudo.

A entrevista é assim o encontro entre duas pessoas, que tem como objetivo a obtenção de informação do entrevistado, a respeito de determinado assunto ou problema. A preparação das entrevistas envolveu o cumprimento de alguns requisitos metodológicos. Os entrevistados foram contatados num primeiro momento para lhes ser pedido a sua participação no estudo a efetuar, foi-lhes referido o propósito e pedido autorização para a gravação das entrevistas. Numa segunda fase, entramos em contato com os participantes, para concretizar a entrevista, que foi individual, tendo-lhes sido descrita a finalidade e a temática do estudo. De salientar que em quatro das doze entrevistas os companheiros estiveram presentes nas mesmas, a pedido das doentes.

O guião de entrevista foi sujeito a um pré-teste, junto de mulheres que não foram incluídas na população de estudo. A realização do pré-teste permite avaliar a clareza, precisão e concisão das perguntas, de modo a que o instrumento se adeque ao propósito para que foi criado. A partir da informação obtida, não houve necessidade de alterações.

Também recorremos à análise SWOT, na medida em que proporciona a reflexão e a confrontação dos fatores positivos e negativos identificados para a situação (Nunes [et

al.] 2010, p.14). Este método é composto por um quadro subdividido em quadrantes

compostos pelas fraquezas, ameaças, forças e oportunidades

A análise SWOT realizada permitiu analisar as dinâmicas internas e externas do projeto, conforme se pode observar no quadro no Apêndice B.

A análise SWOT efetuada foi outro dos métodos utilizados para conhecer o potencial do projeto, de forma a perceber quais as potencialidades e problemas inerentes ao projeto em causa. Permitiu-nos compreender que, perante um planeamento adequado seria possível prever e resolver os principais pontos fracos e dificuldades inerentes à sua execução, revelando-se um projeto com boa viabilidade, e que foi possível concretizar à medida que este trabalho de investigação se foi desenrolando.

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Não obstante esse facto, esta análise não se mostrou tarefa fácil, pela inexistência de orientações ou linhas norteadoras nacionais, que objetivassem a necessidade de intervenção nesta área. A necessidade de Reabilitação Sexual na área da oncologia encontra-se pouco desenvolvida, que se reflete na inexistência de guidlines.

Contudo, estes não foram argumentos suficientes para que a análise SWOT não fosse incluída como instrumento de diagnóstico.

Para esta análise recorremos a alguns documentos, nomeadamente as recomendações da Associação Mundial da Sexualidade (1999), com a emissão da Declaração dos Direitos Sexuais que enfatiza que todas as pessoas têm direito à informação acerca da sua sexualidade, direito à expressão da sexualidade e direito à saúde sexual. Foi, também, fulcral indagar sobre as orientações da instituição (IPO Porto), no que diz respeito à missão, visão, valores e objetivos da Instituição que reforçam a importância da implementação de um projeto desta natureza, pois perspetivam a melhoria da qualidade dos serviços e a melhoria da qualidade percebida. Para esta análise foram, igualmente, importante os dados cedidos pelo Serviço de Epidemiologia do IPO do Porto.

Anualmente um número considerável de mulheres com cancro do colo do útero realiza tratamento de RTE e BTI, como tal, estão predispostas à incidência de uma variedade de efeitos secundários que têm impacto negativo na vivência da sexualidade. A inexistência de procedimentos relativos a reabilitação sexual das mulheres com cancro do colo do útero na instituição, só reforça a necessidade da implementação de um projeto desta natureza.

De salientar, também, a formação realizada na área da Onco-Sexologia que se revelou uma mais-valia na aquisição de conhecimentos fundamentais para melhor compreender a sexualidade na área da Oncologia.

O enfermeiro de reabilitação através de programas de reabilitação sexual implementados de acordo com as reais necessidades de cada utente deve promover a adesão a estas medidas terapêuticas e contribuir para a autonomia destas pessoas e consequente melhoria da sua qualidade de vida.

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