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CAPÍTULO II MÉTODO

2.2 Estudo II: Avaliação da Estratégia de Saúde da Família

2.2.3 Instrumento

Para comprovar a qualidade dos itens do instrumento aplicados em uma amostra maior, foi realizada uma nova análise fatorial, utilizando os mesmos critérios descritos anteriormente. Do instrumento aplicado no Estudo II, foram analisados os itens com maior variabilidade e carga fatorial, os quais podem ser observados na Tabela 10.

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Tabela 10. Resultado da segunda análise fatorial exploratória

Fatores Itens

I II

29. Os profissionais da ESF têm consideração por você? 0,51

73. Você confia nos profissionais da ESF? 0,49

34. Os profissionais do PSF lhe oferecem ajuda quando você precisa? 0,49

53. Com o PSF ficou mais fácil para você (algum parente ou vizinho) fazer exames clínicos?

0,49

57. O PSF oferece acompanhamento/atendimento adequado para os seus problemas de saúde?

0,51

71. Os profissionais do PSF do PSF procuram entender os seus problemas?

0,54

07. A equipe do PSF se preocupa com a saúde da sua família? 0,46

37. Os profissionais do PSF lhe escutam com atenção durante o atendimento?

0,40

43. No PSF, o encaminhamento para o médico especialista é organizado?

0,45

91. É fácil conseguir consulta para o médico especialista? 0,36

62. O horário de funcionamento do PSF é suficiente para que todas as pessoas da comunidade sejam atendidas?

0,43

21. Os idosos que você conhece recebem atenção especial no PSF? 0,42

38. Você já deixou de ser atendido no PSF por falta de material? -0,37

17. No PSF tem os remédios que você precisa? 0,36

32. No PSF é mais fácil para você conseguir atendimento? 0,43 98. Você (algum parente ou vizinho) já deixou de ser atendido no PSF

porque o equipamento estava quebrado?

-0,34 78. Todas as vezes que você procurou, recebeu informações sobre o

atendimento no PSF?

0,33

39. Todas as vezes que você necessitou, foi atendido no PSF? 0,42 64. A consulta no PSF não vale nada?

0,76

88. Quando você precisa de tratamento hospitalar, precisa falar com o prefeito (político)?

0,47

23. Suas crianças (filhos, netos, sobrinhos, etc.) já ficaram sem vacina no PSF?

0,66

82. O PSF foi feito para atender os pobres? -0,36

41. O PSF não resolve nada?

0,45

11. Suas crianças (filhos, netos, sobrinhos, etc.) já foram vacinadas no PSF?

-0,48

03. Se você tivesse um plano de saúde, ainda iria ao PSF?

0,51

30. Você já se consultou com o médico do PSF? -0,48

76. Você sabe os dias da semana em que pode ser atendido no PSF?

-0,39

87. Para um morador novo, é difícil localizar a unidade do PSF do seu bairro?

0,39 85. Com o PSF, você recebe atendimento em casa?

-0,30

Eingenvalues 3,75 2,94

Variância Explicada (%) 12,93 10,16

Número de itens por fator 17 12

Conjuntamente, os dois componentes explicam 23, 09% da variância total e apresentam autovalores (eigenvalues) de 3,75 e 2,94, respectivamente. O primeiro fator reuniu

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dezessete itens, com saturação mínima de -0,37 ( Você já deixou de ser atendido no PSF por falta de material?) e máxima de 0,54 ( Os profissionais do PSF do PSF procuram entender os seus problemas? ). Com índice de consistência interna (Alfa de Cronbach) de 0,80. Foi mantida para este fator a denominação de Acessibilidade/acolhimento, pois os itens nele aglomerados dizem respeito ao acesso e ao acolhimento dos usuários na USF, no momento em que eles procuram os serviços em saúde. Remete a como se dá esse atendimento inicial e a disponibilidade ou não dos serviços através do contato pessoal com os profissionais da ESF.

O segundo fator reuniu doze itens, com saturação mínima de -0,48 ( Você já se consultou com o médico do PSF? ) e máxima de 0,76 ( A consulta no PSF não vale nada? ). Com índice de consistência interna (alfa de Cronbach) de 0,49. Nomeou-se este fator de

Estrutura de atendimento, que está relacionada aos aspectos compreendidos na estrutura de

atendimento, referindo-se àquilo que existe ou não, ao que se disponibiliza ou não em termos de materiais e serviços na ESF. Em outras palavras, remete às coisas com as quais os usuários consideram que podem contar ou não no programa.

Por meio de uma categorização dos itens contidos em cada fator, respectivamente, foi possível identificar a estrutura interna desses fatores, conforme Tabela 11.

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Tabela 11. Descrição constitutiva dos fatores do instrumento (dois fatores)

Categorias Subcategorias Operacionalização

1.1 Humanização Reflete a crença dos usuários na existência de respeito, consideração, escuta atenciosa, preocupação com a sua saúde, compreensão, acolhida e gentileza por parte dos profissionais durante o atendimento.

I Acessibilidade/ acolhimento Diz respeito ao acesso e ao acolhimento dos usuários na USF, no momento em que eles procuram os serviços em saúde. Remete a como se dá esse atendimento inicial e à disponibilidade ou não dos serviços através do contato pessoal com os profissionais da ESF.

1.2 Acessibilidade Organizacional

Refere-se à possibilidade de acesso do usuário à USF e aos serviços oferecidos pelo PSF, considerando a localização geográfica da USF e o acesso em termos de atendimento. 2.1 Público a quem se

dirige

Diz respeito à crença de o programa deve privilegiar um determinado segmento social.

2.2 Atendimento na USF Refere-se aos recursos humanos e materiais disponibilizados para o atendimento na Unidade de Saúde da Família.

II Estrutura de atendimento Refere-se àquilo que existe ou não, ao que se tem ou não disponível em termos de materiais e serviços na ESF. Remete às coisas com as quais os usuários podem contar ou não no programa.

2.3 Resolutividade Relaciona-se à percepção dos serviços oferecidos pela ESF em termos da capacidade de resolver seus problemas de saúde.

Observa-se na composição dos fatores que o primeiro

(Acessibilidade/acolhimento) manteve-se desde a estrutura prevista durante a preparação do instrumento em sua primeira versão (categorização), embora tenham sido notadas algumas modificações entre as subcategorias, cujo sentido pode ser facilmente esclarecido.

A Humanização passa a compor esse fator por ser um aspecto crucial que promove e facilita a acessibilidade, além de determinar a sensação de acolhimento por parte do usuário. A Acessibilidade Organizacional, subcategoria também presente nesse fator, engloba todos os demais aspectos previstos durante a preparação do instrumento (sócio-cultural, econômico e geográfico). Isto ocorre porque o que se está avaliando não são os fatores externos que aproximam ou distanciam o usuário da estratégia, mas sim até que ponto o programa está se fazendo acessível ao usuário, afinal, é a isso que ela se propõe.

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O segundo fator, Estrutura de atendimento, também continuou presente, confirmando as expectativas traçadas no início deste estudo, entretanto, os significados a ele relacionados, suas subclasses, se configuraram de outra forma a partir desta nova análise. Isto porque houve a aglutinação de alguns aspectos anteriormente considerados em separado (consultas, vacinas, informações, atendimento fora da unidade), mas que na verdade formam o conjunto de serviços disponibilizados para o Atendimento na USF, denominação atribuída agora a uma de suas subclasses.

Além disso, passam a compor este fator mais duas subclasses: Público a quem se

dirige, uma vez que os usuários consideram que a ESF foi pensado e é executado tendo como

foco um determinado segmento social e Resolutividade, já que eles se dirigem às USF em busca de soluções para seus problemas de saúde.

Como observado anteriormente, os usuários não possuem uma definição clara de como é e como funciona o sistema de encaminhamento para outros níveis de atenção, como se caracterizam esses níveis (média e alta complexidade). Para eles, importa que sejam atendidos: ou se é atendido ou não. Assim, por exemplo, um encaminhamento ou uma intervenção preventiva podem ser interpretados como negação de atendimentos, e não como procedimentos previstos na proposta do programa.

Percebe-se, perpassando essas questões, uma concepção curativista da estratégia e, por conseguinte, expectativas de um atendimento curativista, voltado para resolver problemas já instalados. Desta forma, os usuários não distinguem claramente qual deveria ser a proposta de atendimento no programa, se deveria ser curativa, preventiva ou ambas. Por isso, o terceiro fator (Proposta de atendimento) não foi confirmado nesta segunda análise fatorial.

Utilizou-se, pois, no Estudo II o questionário elaborado anteriormente (Estudo I), composto por 73 itens de Avaliação da ESF pelos usuários, contendo também itens para caracterização biodemográfica, referentes a sexo, idade, nível de escolaridade, profissão, renda familiar, entre outras (Apêndice C).

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