O instrumento utilizado para a coleta de dados foi um questionário, construído
com dados sociodemográficos e três escalas autoaplicáveis pré-validadas, sendo que
uma delas, não no contexto brasileiro. Para avaliar a assertividade no trabalho
utilizou-se de uma escala baseada na RAS-R, para estresse percebido no trabalho a
EET, e para as características organizacionais potencialmente estressoras foi
utilizada EEO.
A RAS-R é composta por 11 itens e em Portugal obteve bom índice de
fidelidade, indicando avaliar atributos estáveis do indivíduo, alcançando um alfa de
Cronbach de 0,73 (α =.73). A cotação é baseada na soma de todos os itens, uma
pontuação positiva significa um alto nível de assertividade. A escala apresenta um
intervalo de confiança de -15;34.
Na análise de componentes principais da RAS-R, verificou-se uma solução de
três fatores como adequada (KMO =.77), explicando 51,28% da variância do
resultados obtidos, contudo, Vagos e Pereira (2008) afirmam que estes fatores não
alcançaram índices de fidelidade suficientes para serem utilizados como subescalas
individuais. Neste estudo optou-se por realizar a AFE e verificar como estes fatores
se comportam.
Como a versão original deste instrumento não avalia a assertividade em
contextos de trabalho, inicialmente foi feita uma adaptação destes itens para
situações específicas de trabalho. Em seguida, oito pesquisadores da área de
assertividade foram solicitados a avaliar a redação destes itens. Os pesquisadores,
no papel de juízes, receberam um formulário de avaliação (Apêndice B), em que
foram solicitados a proceder suas análises a partir de dois aspectos:
a) Com base na definição das dimensões, classificar e avaliar a pertinência
de cada item da escala em uma das dimensões propostas e
b) Avaliar a qualidade da redação dos itens em termos de sua clareza e
compreensão.
Neste formulário, caso os juízes considerassem o item ambíguo ou pouco
claro, poderiam sugerir alterações ou reescrevê-lo. Realizadas as análises e
seguindo um critério de concordância de 70% entre os juízes. Conforme critério
sugerido por Pasquali (2010), os itens foram agrupados nas dimensões encontradas
por Vagos e Pereira (2008) da seguinte forma:
Quadro 1 - Análise das dimensões RAS-R – Juízes
Fatores Itens
Defesa dos próprios direitos 1,8,9,10
Expressões dos próprios sentimentos 5,6,7,11
Defesa do próprio valor e integridade 2,3,4
Fonte: Elaboração própria da autora desta dissertação (2018).
Com relação à redação dos itens, eles sofreram alterações:
Quadro 2 - Modificação na redação dos itens RAS-R
Redação original Redação proposta
Quando a comida num restaurante não me satisfaz queixo-me ao empregado ou empregada.
Quando meu chefe me pede para fazer alguma coisa que não é do meu agrado, converso com ele para procurar uma alternativa melhor.
Quando me pedem para fazer qualquer coisa insisto em saber a razão.
Quando me pedem para fazer alguma coisa que não compreendo para que irá servir, eu procuro saber o porquê.
Redação original Redação proposta
Há ocasiões em que procuro uma boa e vigorosadiscussão.
Existem momentos no trabalho em que é importante conversar sobre opiniões divergentes.
Luto para, na minha profissão, me sair tão bem como os outros.
Eu procuro progredir na vida tanto quanto a maioria das pessoas em minha posição profissional.
Se um conferencista famoso e conceituado diz qualquer coisa que eu acho inexato, gostaria que o público ouvisse, também, o meu ponto de vista.
Se um conferencista famoso e respeitado na minha área faz uma declaração que penso estar incorreta, procuro expor também o meu ponto de vista.
Sou aberto e franco no que diz respeito aos meus sentimentos.
Procuro expressar meus sentimentos sobre o trabalho, mesmo que negativo, quando acredito ser importante para resolver um problema.
Se alguém espalhou histórias falsas e de mau gosto a meu respeito vou imediatamente procurá-lo para uma explicação.
Se alguém vem espalhando histórias falsas a meu respeito no trabalho, eu o procuro o mais rápido possível para explicar o erro nas suas informações. Apresento queixas quando fico mal servido num
restaurante ou noutro local.
Eu reclamo do serviço quando acho deficiente em alguma situação relacionada ao trabalho.
No cinema, teatro ou numa conferência se há duas pessoas perto de mim a falar em voz alta, peço-lhes que se calem ou mudem de lugar.
Se alguém no meu trabalho estiver conversando alto e atrapalhando o meu serviço, eu comento sobe minha dificuldade e peço para falarem baixo ou para irem conversar em outro lugar.
Alguém que tenta passar à frente numa bicha arrisca-se a ter que me dar uma boa explicação.
Se alguém me atrapalha em relação a uma atividade que preciso realizar, exponho meu descontentamento.
Sou rápido na expressão das minhas opiniões. Costumo expressar minhas opiniões sobre coisas boas e ruins que aconteçam no trabalho, para ajudar a manter a equipe trabalhando bem.
Fonte: Elaboração própria da autora desta dissertação (2018).