INSTRUMENTO

13_{Com base no censo realizado em 2010 (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E}

ESTATÍSTICA, 2010), os bairros com rendas maiores estão localizadas, em sua maioria, na Zona Sul do município, enquanto os bairros com rendas menores, situados na Zona Norte O Mapa Social leva em consideração seis quesitos: vulnerabilidade familiar, acesso ao conhecimento, acesso ao trabalho, disponibilidade de recursos, desenvolvimento infantil e condições habitacionais.

Como instrumento, foi utilizada a entrevista, considerada uma das fontes mais recomendadas para coleta de dados em pesquisas qualitativas (FUJISAWA, 2000; THOMAS; NELSON; SILVERMAN, 2012). A utilização desse instrumento permite olhar em profundidade os significados que permeiam as ações do sujeito e possibilita, através das falas dos atores sociais pesquisados, a revelação de contextos sobre os fenômenos investigados (SILVA; VELOZO; RODRIGUES JÚNIOR, 2008). Segundo Duarte (2004, p. 215), o uso de entrevistas é fundamental quando se deseja fazer um “mergulho em profundidade”, coletando indícios dos modos como cada sujeito percebe e significa sua realidade.

Para este estudo, o instrumento utilizado foi a entrevista semiestruturada, a qual é guiada por um roteiro de questões que permite uma organização flexível e ampliação dos questionamentos à medida que as informações vão sendo fornecidas pelo entrevistado. Composta por questões norteadoras, oferece ao pesquisado possibilidade de explanar sobre o tema proposto (BONI; QUARESMA, 2005).

Alguns cuidados foram tomados na confecção do roteiro da entrevista, seguindo esclarecimentos propostos por Boni e Quaresma (2005). Primeiramente, buscou-se levantar algumas informações sobre o tema, através de observações e conversas informais com pessoas que possuem tatuagem, a fim de apropriar-se de conhecimentos sobre o contexto que cerca esta marca corporal. Paralelamente, realizou-se uma cuidadosa revisão de literatura, a fim de familiarizar-se com a forma como a tatuagem foi representada no decorrer dos anos e a modificação de olhar sobre a mesma.

Após essa etapa, a entrevista foi confeccionada sendo, posteriormente, submetida à análise de colaboradores, a fim de que verificassem se os itens propostos estavam claros e se seriam relevantes para o tema que se desejava investigar. Os professores que fizeram parte da apreciação do instrumento são considerados referência nos estudos sobre corpo e suas diversidades, no âmbito da Universidade Federal de Juiz de Fora, Minas Gerais. Participaram dessa fase da pesquisa um docente da Faculdade de Educação Física e Desportos, dois do Departamento de Psicologia e um atuante nas duas áreas. Eles foram selecionados conforme competências, sendo: docentes com doutorado e orientadores em programas de pós-graduação (mestrado e doutorado).

Solicitou-se aos colaboradores que verificassem se os termos utilizados eram compreensíveis e adequados à população à qual o instrumento se destinava, se as

questões gerariam dificuldade de interpretação e entendimento por parte dos entrevistados, se o instrumento favoreceria o envolvimento do pesquisado na resposta das questões e se seria adequado para atingir o objetivo proposto. Os professores convidados puderam sugerir a retirada, acréscimo ou modificação de alguns itens, visando ao aperfeiçoamento do instrumento, conforme sugerido por Contandriopoulos et al. (1997) e Lobiondo-Wood e Haber (2001). Após a realização da revisão do instrumento, chegou-se à versão final, que foi utilizada na pesquisa de campo (ANEXO A).

2.4 PROCEDIMENTOS

Em um primeiro momento, os responsáveis pelas instituições em que ocorreu a pesquisa assinaram uma autorização para que ela fosse realizada em suas dependências. Em seguida, a pesquisadora contactou, pessoalmente, pessoas que possuíam tatuagem para início da coleta de dados.

Após apresentação da proposta de estudo e aceitação da participação pelos indivíduos, as entrevistas foram realizadas em locais sugeridos, em que se procurou criar uma atmosfera amistosa para realização das perguntas, conforme sugerido por Boni e Quaresma (2005) e Goldemberg (2004).

Devido à natureza da pesquisa, o número de sujeitos entrevistados foi determinado de acordo com a técnica de saturação (CAREGNATO; MUTTI, 2006). Nessa técnica, os dados são coletados tanto quanto necessários, sendo suspensos quando passam a ser redundantes e a se repetirem. Conforme alguns autores, essa implicação serve de critério para estimar a suficiência dos resultados colhidos na amostra (HIERNAUX, 1997).

As entrevistas foram gravadas e transcritas na íntegra. Além disso, passaram por um processo de “conferência de fidedignidade”, ou seja, a gravação foi novamente ouvida, possuindo o texto transcrito em mãos (DUARTE, 2004, p. 220). Tomou-se o cuidado de ser fiel à fala do pesquisado e apresentar no texto escrito os silêncios, risos e mudanças de entonações de voz, por entender a importância do sentimento arraigado às alocuções do entrevistado (BONI; QUARESMA, 2005).

2.5 ANÁLISE DOS DADOS

As entrevistas foram analisadas e interpretadas com foco no fragmento das falas dos sujeitos pesquisados. Conforme Thomas, Nelson e Silverman (2012, p. 380), essa fase do estudo consiste no “processo de dar sentido aos dados”.

A análise das informações obtidas nas entrevistas foi realizada com base na Análise do Conteúdo, proposta por Bardin (2011). Nessa etapa do estudo, focou-se em comparar, agregar, classificar e contrastar as unidades que eram análogas ou não. A partir daí, iniciou-se a categorização dos dados através das relações e ligações que estavam presentes nas falas dos sujeitos da pesquisa (THOMAS; NELSON; SILVERMAN, 2012).

Esse processo, conforme Bardin (2011, p.125), é de suma importância para a compreensão do objeto de estudo, pois “tem por objetivo tornar operacionais e sistematizar as ideias iniciais, de maneira a conduzir um esquema preciso do desenvolvimento das operações sucessivas, num plano de análise”.

As análises foram feitas tendo como pano de fundo a perspectiva sociocultural. Silva, Velozo e Rodrigues Júnior (2008) afirmam que os estudos realizados sob esse ponto de vista são de suma importância, pois permitem interpretações de questões associadas a costumes, crenças e significados.

2.6 ASPECTOS ÉTICOS

Conforme Thomas, Nelson e Silverman (2012), por envolver um contato direto e pessoal com os participantes, a pesquisa qualitativa deve se atentar de forma esmera aos procedimentos éticos. Segundo os autores, as observações cuidadosas sobre os processos de consentimentos e esclarecimentos sobre a privacidade e anonimato são de suma importância para a realização da pesquisa.

Sendo assim, a coleta de dados só foi iniciada após a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal de Juiz de Fora (CEP/UFJF), sob o parecer número 124/2011 e protocolo número 2374.114.2011 (ANEXO B).

Para participarem da pesquisa, os indivíduos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO C), em que eram elucidados sobre os objetivos e procedimentos da pesquisa. Cada participante recebeu uma cópia do TCLE, que foi impresso em duas vias, ficando uma cópia arquivada pela pesquisadora. Aqueles que concordaram em participar foram informados de que não teriam nenhum custo, nem receberiam qualquer vantagem financeira, podendo retirar sua participação caso desejassem.

A pesquisadora se responsabilizou por tratar a identidade dos pesquisados com padrões profissionais de sigilo, não identificando os participantes em nenhuma publicação que resultar deste estudo. Os dados coletados ficarão arquivados por um período de 5 anos no Laboratório de Estudos do Corpo (LABESC) e após esse tempo serão destruídos, conforme orientação do CEP/UFJF. Por utilizar como instrumento de coleta somente a entrevista semiestruturada, esta pesquisa foi considerada de risco mínimo.

No próximo capítulo, serão apresentadas as interpretações dos resultados à luz da Análise de Conteúdo (BARDIN, 2011), sendo apresentados os perfis dos participantes, seguidos pelas análises das categorias encontradas no presente estudo.