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3 Metodologia

3.5 Instrumento de pesquisa

3.5.1 Pré-teste

Os resultados do pré-teste, no qual o IMAE foi aplicado em uma amostra de 33 indivíduos pertencentes ao universo em estudo, indicaram a necessidade de realizar algumas modificações que tornassem o instrumento melhor adaptado ao público em

questão e facilitasse o auto-relato. A seguir, são descritas, detalhadamente, todas as principais modificações realizadas:

Nas questões referentes à atitude, o número de graus da escala foi reduzido de dez para cinco. Embora ao criar o instrumento adotado nessa pesquisa, Lopez Júnior (2005, p. 59) tenha preferido utilizar uma escala Likert de dez graus “em função de sua melhor adequação a população estudada e por a escala de dez pontos [graus] ser culturalmente mais adequada para o contexto cultural brasileiro”; preferiu-se reduzi-las a cinco.

Essa medida foi tomada porque, durante a execução do pré-teste, foi assinalada por diversos respondentes a dificuldade em diferenciar a sua atitude em uma escala tão detalhada como a de 10 graus. Afirmou um deles que ele mesmo não saberia, caso fosse perguntado posteriormente, responder qual número teria marcado: se seis ou sete, por exemplo. Isso porque segundo o mesmo entrevistado, ele havia ficado com dúvidas durante a resposta o que além de provocar aumento no tempo necessário para o auto-relato, também trouxe uma sensação de insegurança.

A opção por utilizar uma escala de 5 graus levou em conta o fato dos respondentes estarem familiarizados com questões desse tipo ao preencherem auto-avaliações de desempenho e pesquisas de clima organizacional realizadas com freqüência na organização. A adoção de uma escala com 5 graus também coaduna com o pensamento de Mattar (2001) para quem mais de sete categorias atrapalham os pesquisados sem melhorar a exatidão da medida. O mesmo autor justifica a preferência pela escala de cinco categorias:

Como em termos de custo e de aplicação, tanto faz utilizar uma escala com três ou cinco categorias, os pesquisadores têm preferido usar escalas de cinco, mesmo porque sempre será possível durante o processamento, se for necessário, reduzir uma escala de cinco pontos para três, enquanto o inverso é impossível. Além disso, uma escala de cinco categorias [graus] permite analisar melhor as nuanças pró ou contra do que uma de três. As escalas de sete categorias são utilizadas apenas para medir situações onde se desejam captar pequenas nuanças na medição de atitudes. (MATTAR, 2001, p. 95)

Destarte, a decisão de reduzir o número de categorias foi amparada pelas observações do pré-teste e visou reduzir a confusão gerada entre os respondentes.

Além das mudanças no número de categorias, também houve modificações para adequar a linguagem do IMAE, visto que o instrumento original fora aplicado em proprietários-gerentes de pequenas empresas e não em funcionários que trabalham em uma grande organização. Essas modificações incluíram pequenas substituições de termos que se referem ao universo dos proprietários-gerentes por expressões mais adequadas ao universo de funcionários de grandes organizações. Tanto o questionário original proposto por Lopez Júnior (2005) quanto a versão final utilizada na coleta de dados estão nos anexos disponíveis no final deste trabalho, respectivamente apêndice C e apêndice B. Os termos suprimidos e as expressões substitutas são mencionadas a seguir:

Termo original Termo substituto Questões afetadas o meu negócio.

do meu negócio.

a empresa onde trabalho. da empresa onde trabalho.

1, 24*, 25, 26, 30**, 31 criar novos serviços. propor à empresa onde trabalho a criação de novos

produtos e serviços. 23 meu ramo de negócio o ramo de negócio da empresa onde trabalho 16 as atividades do meu

negócio

minhas atividades 22 negócios que faço negócios que a empresa onde trabalho faz 33 meu negócio os negócios da empresa onde trabalho 4 futuro de meu negócio futuro dos negócios da empresa onde trabalho. 12 empregados

meus funcionários

membros da (minha) equipe 13, 35 dos funcionários da equipe 36

Quadro 24 - Termos alterados na adequação do IMAE Fonte: O autor.

Como a questão 02 remetia à criação de negócios autônomos pelo funcionário, o que contraria os objetivos do nosso trabalho, foi incluído o termo ‘para a empresa onde trabalho’ ficando a questão 02 assim redigida: “Exploro novas oportunidades de negócio [para a empresa onde trabalho]”. Outra questão que, por causa do mesmo motivo, sofreu tratamento semelhante foi a de número 34 que passou a incluir termos que referissem o risco de investimentos a um contexto de projetos. Isso não só respeitou o discurso usado na organização, mas deixou a questão menos ambígua. Assim, a questão ficou dessa maneira redigida: ‘Calculo os riscos envolvidos em um projeto antes de solicitar que a empresa realize novos investimentos’.

Também foi incluído o termo ‘planejadas’, com o objetivo de aumentar a clareza da questão 14 que passou a ter a seguinte redação: “Utilizo estratégias deliberadas [, planejadas,] para influenciar pessoas”.

Uma vez que a redação original da questão 25, a saber, “Considero-me principal responsável pelo desempenho do meu negócio” (LOPEZ JÚNIOR, 2005, p. 90, grifo nosso), quando aplicado aos funcionários que participaram do pré-teste gerava arrebatados comentários em alguns deles, preferiu-se suprimir a palavra ‘principal’ e seguir a regra apresentada no Quadro 24 “Termos alterados na adequação do IMAE” para o termo ‘meu negócio’. A redação final, embora se possa admitir que tenha ficado menos representativa da variável, está mais adequada à delegação de responsabilidades percebida no grupo pesquisado: “Considero-me responsável pelo desempenho do negócio da empresa onde trabalho”.

Encerrando as alterações na seção de atitudes do questionário, quando o termo ‘empregados’ foi substituído por ‘membros da minha equipe’ na questão 35 foi necessário trocar também a expressão ‘espírito de equipe’ por ‘espírito de cooperação’ e assim evitar a repetição da palavra ‘equipe’. Essa modificação atende ao critério de variedade defendido por Pasquali (1999, apud Lopez Júnior, 2005, p. 57).

Para a coleta dos dados pessoais dos respondentes, como mais uma vez não seria adequado utilizar as questões relativas aos proprietários-gerentes, baseou-se na alteração que já havia sido feita para o trabalho de Depieri (2005, p. 94) que também pesquisou atitude empreendedora em funcionários de organizações.

Por fim, foram incluídas questões acerca da participação no PGP para diferenciar os funcionários que participaram ou não. Todos os funcionários que participaram de pelo menos um PGP foram incluídos no grupo de participantes. A participação apenas no PGI, apesar de registrada, não caracterizou o respondente como pertencente ao grupo dos participantes.