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4 HIPÓTESE

5.7 Instrumentos de avaliação

A coleta de dados foi realizada pelo pesquisador responsável com ajuda de uma equipe de profissionais de saúde devidamente treinados para tanto, de forma individual com cada participante, no próprio serviço, em sala reservada ou na casa do participante. Para tanto, foram utilizados os seguintes questionários e instrumentos:

Questionário sociodemográfico e clínico – questionário sociodemográfico, de

condições de trabalho e saúde: trata-se de um questionário elaborado pelos pesquisadores para registrar os dados sociodemográficos, de trabalho e saúde e, assim, caracterizar a população em estudo. Continha 20 questões que contemplavam as seguintes variáveis: Idade; Sexo; Cor da pele; Escolaridade; Estado civil; Religião; Tempo de serviço no Serviço; Número de vínculos empregatícios; Horário de trabalho; Com quem mora; Número de filhos; e Afastamento do trabalho no último ano. Além disso, levantou também dados do prontuário do paciente (como auxiliar nas informações necessárias ao estudo), por exemplo: diagnóstico, número de episódios anteriores ao início do estudo, medicações, tentativas de suicídios, uso de substâncias.

Escala de mania de Young (YOUNG) – Esta escala foi construída em 1978 (YOUNG

et al., 1978), sendo o instrumento mais amplamente utilizado em estudos clínicos controlados com pacientes maníacos (VILELA et al., 2000). A escala foi traduzida, adaptada e modificada para a literatura brasileira, sendo denominada Escala de Avaliação de Mania Modificada (VILELA et al., 2000).

Escala de depressão de Hamilton (HAM-D) – A HAM-D foi desenvolvida há mais de

50 anos (HAMILTON, 1960) e, mesmo assim, mantém sua posição de escala de observador mais usada mundialmente para selecionar e acompanhar pacientes em pesquisas de terapêutica para a depressão. É considerada como padrão ouro na avaliação de gravidade da depressão e usada comparativamente com novas escalas de avaliação a fim de verificar a confiabilidade destas (GORENSTEIN; MORENO, 2011).

Escala de Estresse Percebido (EEP) - Perceived Stress Scale (PSS) – Esta escala

mensura o estresse percebido, ou seja, mede o grau em que os indivíduos percebem as situações como estressantes. Foi criada por Cohen, Karmack e Mermelsteinm, em 1983, traduzida e validada para o Brasil por Luft, Sanches, Mazo e Andrade, em 2007 (LUFT et al., 2007). Foi inicialmente apresentada com 14 itens (PSS 14), sendo também validada com dez (PSS 10) e quatro questões (PSS 4). A versão com quatro questões é utilizada em pesquisas por telefone (LUFT et al., 2007). A PSS é uma escala geral que pode ser usada em diversos grupos etários, pois não contém questões específicas de contexto.

Escala de Qualidade de Vida (WHOQOL-brief) – Com o objetivo de disponibilizar

um instrumento que demande menor tempo para preenchimento e com características psicométricas satisfatórias, o Grupo WHOQOL desenvolveu a versão abreviada do WHOQOL- 100, o WHOQOL-brief (THE WHOQOL GROUP, 1996). Este é composto por 26 questões, sendo duas questões sobre a auto avaliação da qualidade de vida e 24 questões representando cada uma das facetas do WHOQOL-100. O WHOQOL-brief possui 4 domínios: físico (7

perguntas), psicológico (6 perguntas), relações sociais (3 perguntas) e meio ambiente (8 perguntas). A escala utilizada é do tipo likert de 5 pontos e o escore é apresentado de zero a 100, sendo zero o pior nível e 100 o melhor nível de QVRS possível (FLECK et al., 2000).

Medida de Adesão ao Tratamento (MAT) – Utilizou-se a versão da escala do tipo

Likert, desenvolvida, adaptada e validada em Portugal por Delgado e Lima (2001). A escala, nessa versão, é composta por sete itens que avaliam o comportamento do participante em relação ao uso diário de medicamentos. O instrumento obtém respostas de forma ordinal, com possibilidade de resposta de um a seis, que se apresentam na forma de ‘sempre’ (1), ‘quase sempre’ (2), ‘com frequência’ (3), ‘por vezes’ (4), ‘raramente’ (5) e ‘nunca’ (6). A primeira versão do instrumento, composta de quatro itens com possibilidade de resposta dicotômica (sim/não), foi desenvolvida por Morisky, Green, e Levine (1986), em estudo com pacientes hipertensos. Diversos estudos foram desenvolvidos para adaptação e validação da escala com uso de cinco itens (SHEA et al., 1992) e seis itens (BROOKS et al., 1994) e posteriormente por Delgado e Lima (2001) com sete itens, na forma Likert.

Os valores obtidos com as respostas aos sete itens foram somados e divididos pelo número de itens de resposta, ou seja, variam de 1 a 6. Posteriormente, os valores foram convertidos em escala dicotômica (‘aderente’ e ‘não aderente’). As respostas ‘sempre’, ‘quase sempre’, ‘com frequência’ e ‘por vezes’ (valores de 1 a 4 na escala Likert) foram consideradas na escala dicotômica como ‘não aderente’. As respostas ‘raramente’ e ‘nunca’ (valores 5 e 6 na escala Likert) foram consideradas como ‘aderente’ (DELGADO; LIMA, 2001).

Nível plasmático de estabilizador de humor – Os níveis plasmáticos de três

estabilizadores do humor (lítio, carbamazepina e ácido valpróico) foram obtidos em laboratório bioquímico do serviço para avaliação da melhora na adesão medicamentosa entre os pacientes do estudo.

5.8 Procedimentos

Após a aprovação do Serviço e do Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/SP, bem como da Secretaria Municipal de Ribeirão Preto. O estudo foi dividido em duas fases. Na fase ativa, os pacientes dos dois grupos experimentais receberam, além do tratamento medicamentoso, intervenção psicoeducacional realizada em suas residências ou na instituição de saúde mental. Essa fase inicial teve duração de 8 semanas.

Na segunda fase, seguimento, foram realizadas avaliações com 6 e 12 meses, após o término da fase ativa, por avaliadores cegos quanto ao tipo de intervenção que os participantes receberam em cada fase.

1) As sessões de Psicoeducação foram baseadas no livro “Psychoeducation Manual for Bipolar Disorder”, de Colom, Vieta e Scott (2006). Nesse livro, os autores descrevem duas versões de Psicoeducação, sendo uma com 21 sessões e uma versão reduzida de oito sessões. A eficácia do programa de Psicoeducação com sessões reduzidas, já utilizada em vários estudos, é semelhante à do programa de 21 sessões (COLOM; VIETA; SCOTT, 2006). Por isso, neste estudo foi utilizada a versão reduzida, com oito sessões.

2) As sessões tiveram o seguinte formato: 15 minutos de introdução em uma conversa informal, procurando manter um ambiente acolhedor, seguro, descontraído e agradável; 30 minutos de exposição em Power Point do tema do dia; 30 minutos de discussão com relação ao tema exposto; e 15 minutos de fechamento, revisando os principais pontos, totalizando 90 minutos. As intervenções psicoeducacionais foram realizadas com métodos didáticos como folders, áudio visual, e orientações verbais. Cabe ressaltar que ambos os grupos de intervenção receberam o mesmo formato e conteúdo de intervenção psicoeducacional.

3) Os instrumentos de avaliação foram aplicados em 4 momentos do estudo, necessitando de 90 minutos para tanto em cada aplicação, divididos nos seguintes momentos: i) Na semana anterior ao início do tratamento; ii) Na semana posterior ao término da Psicoeducação (nona semana); iii) Na fase de seguimento com 6 meses; e iv) na semana de seguimento com 12 meses após termino da intervenção.