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Para a coleta de dados, utilizaram-se dois instrumentos. O primeiro (Apêndice E) referiu-se aos dados sócio- demográficos dos sujeitos (nome, idade e data de nascimento, sexo, cor da pele, escolaridade, profissão e ocupação, situação conjugal, renda mensal familiar e número de dependentes desta renda). A classificação da ocupação baseou-se na adaptação realizada por Yamada e Santos (2005) para a proposta de Fonseca (1967). Este modelo engloba cinco níveis de ocupações que variam de acordo com a quantidade de conhecimento formal e o tipo de conhecimento inerente a cada ocupação, ou seja, quanto maior o número da classificação maior a qualificação profissional, conforme apresentado no Quadro1 (Apêndice F).

O segundo instrumento (Apêndice G), destinado à avaliação do hábito intestinal da amostra, consistiu no Hábito Intestinal na População Geral (Bowel function in the community), desenvolvido por Reilly et al. (2000) e adaptado para a língua portuguesa por Domansky e Santos (2007a).

O instrumento é composto de 68 questões, das quais 67 são de múltipla escolha e a última inclui 17 sintomas gerais não relacionados com o hábito intestinal. Embora as questões não sejam agrupadas em domínios, os autores realizaram agrupamentos específicos os quais, no entanto, não prevêem a pontuação com subescores, o que dificulta a sua avaliação quantitativa. Os agrupamentos são:

 Hábito intestinal geral (questões 1 a 15 e 52);

 Presença de incontinência anal definida como “problema com perda de fezes (acidental ou mancha de fezes na roupa devido à inabilidade em controlar a passagem de fezes até chegar ao banheiro)”, no ano anterior (questão 16). Ao ser afirmativa, seguem-se perguntas que visam a

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caracterizar a perda e a medir o grau da incontinência (questões 17 a 28);

 Sintomas urinários (questões 34 a 45 e 51);

 História de doenças anorretais e histórico cirúrgico (questões 46 a 50 e de 53 a 59);

 Uso de serviços médicos (questões 60 a 63);

 Fatores de risco para IA (questões 30 e 64 a 67).

As questões 1 a 67 são de múltipla escolha, devendo o respondente relacionar apenas uma resposta, dentre duas a nove alternativas. Cada alternativa de resposta recebe uma pontuação que varia de 0 a 9.

Por meio da adaptação transcultural, Domansky e Santos (2007a) obtiveram a validação de conteúdo do instrumento, sendo mantida sua estrutura básica, com a manutenção dos agrupamentos conforme propostos pelos autores. Algumas modificações foram realizadas e visaram a atender, principalmente, às equivalências semântica e idiomática, sendo poucas as de ordem conceitual e cultural.

Destaca-se que as modificações de ordem clínica facilitaram a compreensão de termos técnicos e a adequação dos medicamentos usados em nosso meio. Apesar das alterações implementadas, detectou-se maior dificuldade de compreensão entre as pessoas com menor nível de escolaridade, o que certamente contra-indicaria a sua aplicação por autopreenchimento, mesmo sob supervisão.

Desse modo, neste estudo, optou-se pela aplicação por intermédio da técnica de entrevista. Além disso, tal técnica garante um índice maior de respostas, com menor recusa, minimiza erros de interpretação e o entrevistador ainda pode produzir mais informações adicionais através da observação. Outro aspecto favorável ao uso da

entrevista é a viabilização de participação de qualquer indivíduo na pesquisa, independente do nível de escolaridade ou da capacidade física, principalmente em nosso meio (Teixeira-Salmela et al., 2004; Nusbaun et al., 2001; Silveira et al., 2000).

No processo de validação do instrumento em nosso meio, ao ser avaliada a confiabilidade interobservadores, constatou-se que todos os agrupamentos, exceto perda de fezes, e mesmo as questões tratadas isoladamente (29, 31, 32, 33, 68), obtiveram predomínio de índices kappa >0,80, caracterizando bom e excelente nível de concordância entre os observadores, ou seja, entre as entrevistadoras e a pesquisadora principal. Quanto à confiabilidade teste-reteste, as autoras obtiveram apenas 27% (17) das questões com índices kappa >0,60, ou seja, indicadores de boa a excelente concordância. Por outro lado, 33% (21) das questões alcançaram nível moderado de concordância o que, associado aos índices >0,60, poderiam confirmar a estabilidade do instrumento, ao serem discutidos à luz dos resultados similares apresentados por Reilly et al. (2000), em seu estudo original (Domansky e Santos, 2007a).

Considerando que este estudo visa à avaliação do hábito intestinal na população geral, optou-se em utilizar apenas os dados obtidos nos agrupamentos: hábito intestinal, história de doenças anorretais e

histórico cirúrgico e fatores de risco para IA.

Com base na revisão de literatura, considerando-se que a freqüência evacuatória tem sido utilizada como um dos indicadores para delimitação do hábito intestinal normal, as questões que compõem os agrupamentos descritos anteriormente, foram analisadas a partir dos padrões normal, constipado e diarréico, conforme descrito a seguir:

1. Padrão Intestinal Normal (PIN): entre três evacuações diárias a três semanais (Questão1 – repostas 5-8);

2. Padrão Intestinal Constipado (PIC): menos de três evacuações por semana (Questão 1 – respostas 1-4);

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3. Padrão Intestinal Diarréico (PID): mais que três evacuações diárias (questão 1 – resposta 9).

Visto que a consistência esperada para o padrão normal é de fezes formadas e macias, de fácil eliminação e o instrumento não contempla este padrão de resposta, pois a sétima questão trata da eliminação de fezes de consistência líquida ou amolecida e a oitava de consistência sólida e endurecida. Assim, para a análise serão consideradas fezes de consistência normal as respostas um e dois das duas questões, ou seja, ausência ou esporádicas, que significa a ocorrência em menos de 25% das vezes. A opção pela inclusão da resposta dois deve-se ao fato de que alterações no cotidiano, como dieta, atividade física, estresse, entre outros, podem alterar a consistência das fezes.

Outra questão que será analisada sob a mesma ótica é o esforço evacuatório (questão 4), pois se espera que a evacuação aconteça sem esforço, serão considerados normais aqueles que apresentarem as respostas um e dois, conforme justificativa anterior.

Finalmente, é esperado que ao término da evacuação haja o esvaziamento retal completo (questão 9), então quando perguntou-se: você sentiu que havia fezes a serem eliminadas após o término da evacuação, as respostas previstas para o padrão intestinal normal foram a um e dois, ausência ou presença em até 25% das vezes, respectivamente, pelos motivos expostos anteriormente.

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