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Os seis instrumentos utilizados no presente estudo estão descritos a seguir:

5.6.1 Instrumentos para caracterização sócio-demográfica e perioperatória

O instrumento para caracterização sócio-demográfica e perioperatória (APÊNDICE D) foi composto por informações sobre: data de nascimento e data da entrevista (a partir desses dados foram calculados a idade do sujeito em anos), sexo, escolaridade, situação conjugal (casado, viúvo, separado, solteiro) e situação profissional (desempenho de atividades remuneradas ou não). Para compor a caracterização perioperatória os dados coletados foram: data de internação hospitalar, data da entrevista (para cálculo do tempo de internação em dias, e acompanhamento do período pós-operatório também em dias),

presença de comorbidades (como hipertensão arterial, diabetes mellitus, obesidade – por meio do cálculo do índice de massa corporal (IMC), insuficiência renal, dislipidemias), classificação do estado de saúde antes da cirurgia pelo escore ASA (escore da Sociedade Americana de Anestesiologistas – American Society of Anesthesiologists – ASA)3, tempo de duração da cirurgia, tempo de permanência na sala de recuperação pós-anestésica, desenvolvimento de complicações pós-operatória, data da alta hospitalar (para cálculo do tempo de internação em dias), necessidade de reoperações e necessidade de reinternações. As informações quanto ao período perioperatório foram coletadas tanto no período pré- operatório como pós-operatório.

5.6.2 Escala analógica visual de recuperação (VAS recuperação cirúrgica)

A escala analógica visual é composta por uma linha horizontal de 100 mm, com âncoras nas duas extremidades, na âncora da direita está o descritor Totalmente recuperado e na outra o descritor Nada recuperado. Os sujeitos foram encorajados a indicar a magnitude de quão recuperado sentiam-se no momento da entrevista, marcando ao longo do comprimento da linha com um ponto. Com uma régua foi quantificado o nível de recuperação em uma escala entre 0 e 100 mm. Destaca-se que todas as quantificações ocorreram com a mesma régua (APÊNDICE E).

A VAS é muito conhecida em sua forma de mensuração de dor na qual é amplamente utilizada, porém de acordo com Da Silva e Ribeiro-Filho (2006), também pode ser usada para mensurar outros constructos, empregando âncoras diferentes, como o que ocorrerá neste trabalho.

5.6.3 Quality of recovery – 40 item (QoR-40)

O QoR-40, instrumento validado neste estudo, foi detalhado no capítulo anterior. Os autores das versões brasileira do QoR-40 e original concederam a autorização para sua

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American Society of Anesthesiologists (ASA) – A Physical Status Classification System 2005 (em: www.asahq.org/clinical/physicalstatus.htm)

utilização nesta pesquisa (ANEXOS C e D). Destaca-se que o QoR-40 é de utilização gratuita.

5.6.4 Short-Form Health Survey (SF-36v2®)

O SF-36® é um instrumento genérico de mensuração da qualidade de vida relacionada à saúde e multidimensional, originalmente construído por Ware e Sherbone em 1992. Em 2000, foi revisado por Ware, Kosinski e Dewey originando a segunda versão, denominada de SF-36v2®.

É composto por 36 itens agrupados em oito dimensões, sendo: capacidade funcional (10 itens), aspectos físicos (quatro itens), dor (dois itens), estado geral de saúde (cinco itens), vitalidade (quatro itens), aspectos sociais (dois itens), aspectos emocionais (três itens) e saúde mental (cinco itens), além de uma questão comparativa da qualidade de vida do indivíduo no momento atual e há 12 meses (WARE; KOSINSKI; DEWEY, 2000). As dimensões capacidade funcional, aspectos físicos, dor e estado geral de saúde resultam na mensuração sumária da saúde física; as dimensões vitalidade, aspectos sociais, aspectos emocionais e saúde mental resultam na mensuração sumária da saúde mental (WARE; KOSINSKI; DEWEY, 2000). Após a normatização dos domínios o escore em cada um varia de 0 a 100, sendo que valores mais próximos de 100 indicam melhor qualidade de vida relacionado a saúde (WARE; KOSINSKI; DEWEY, 2000).

Trata-se do instrumento de mensuração da qualidade de vida relacionada à saúde mais empregado em todo o mundo (GARRATT et al., 2002), já foi traduzido e adaptado culturalmente para a utilização em mais de 60 países, e validado para uso em mais de 200 tipos de doenças ou condições de saúde, principalmente artrite reumatóide, hipertensão arterial, dor lombar crônica, condições musculoesqueléticas, procedimentos cirúrgicos, trauma, transplantes, entre outros (WARE; KOSINSKI; DEWEY, 2000). Diante disso, considera-se que este instrumento possue adequadas propriedades psicométricas.

Na versão SF-36v2® há melhora quanto as instruções para utilização do instrumento, redação de alguns itens, layout das questões e respostas e alterações nos níveis de resposta para algumas escalas (WARE; KOSINSKI; DEWEY, 2000). Esta é a versão usada neste estudo, cuja licença para utilização foi obtida junto ao Quality Metrics Incorporation (ANEXO E).

Ressalta-se que o SF-36® foi empregado em uma população de pacientes prostatectomizados em 2005 por Gacci et al., sendo analisado para esta população a consistência interna por meio do alfa de Cronbach com resultados entre 0,84 e 0,91 para os domínios do instrumento, que são considerado bons para este tipo de análise, demonstrando fidedignidade adequada deste instrumento para esta população (FAYERS; MACHIN, 2007; GACCI et al., 2005; STREINER; NORMAN, 2008; TERWEE et al., 2007).

5.6.5 Instrumento para identificação das características definidoras do diagnóstico de enfermagem Recuperação cirúrgica retardada (00100)4

Este instrumento foi empregado para identificar a presença de cada característica definidora do diagnóstico de enfermagem Recuperação cirúrgica retardada (00100) (APÊNDICE F), foi composto pelas características definidoras apresentadas pela NANDA-I para o referido diagnóstico e também das características definidoras levantadas durante o estudo de validação de conteúdo (APPOLONI, et al., 2013), além das respectivas definições operacionais. Para o registro da presença ou ausência das características definidoras existe um questionamento com respostas dicotômicas (sim/não), no qual a resposta afirmativa determinou a presença da característica. Ao final da análise determinou-se a ocorrência ou não do referido diagnóstico de enfermagem.

5.6.6 Instrumento para identificação do diagnóstico de enfermagem Recuperação cirúrgica retardada (00100)4 pelo paciente

Este instrumento possui a finalidade de identificar a ocorrência do diagnóstico de enfermagem Recuperação cirúrgica retardada na perspectiva do paciente (APÊNDICE G). Neste, há o conceito do diagnóstico tal como apresentado na NANDA-I (HERDMAN, 2012)

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HERDMAN, T.H.; KAMITSURU, S. NANDA International Nursing Diagnoses: Definitions and Classification, 2015-2017. Wiley-Blackwell, Oxford, 2014, 483p.

HERDMAN, T.H. NANDA International nursing diagnoses: definitions and classification, 2012-2014. Wiley- Blackwell, Oxford, 2012, 606p.

e o questionamento que foi ser respondido pelo próprio paciente: Você acha que sua recuperação cirúrgica está tendo aumento no número de dias de pós-operatório?

Esta abordagem quanto a identificação da ocorrência do diagnóstico sob a perspectiva do paciente foi empregada em estudos de validação clínica de diagnóstico de enfermagem (CHAVES et al, 2011) e também para validação de constructo de instrumentos de mensuração da recuperação pós-operatória, uma vez que nesses estudos os sujeitos eram questionados quanto ao nível de recuperação que se encontravam (ALLVIN et al., 2011; MYLES et al., 2000). Diante da complexidade característica do processo de recuperação cirúrgica, há envolvimento de aspectos clínicos como melhora ou alívio da dor, diminuição de fadiga, cicatrização da ferida operatória, retomada ou melhora da habilidade para desempenhar o autocuidado, melhora da mobilidade física, entre outros que permitem a mensuração por meio de instrumentos específicos e também por meio de avaliação clínica feita pelo profissional. Porém, existem aspectos subjetivos inerentes a este processo como sensação de ser capaz de desempenhar atividades de trabalho, emprego ou outras atividades e sensação de que necessita de mais tempo para se recuperar, diante desses importantes aspectos subjetivos a análise da ocorrência do diagnóstico embasado no relato do paciente é justificado, por englobar a análise destes parâmetros subjetivos.

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