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3. METODOLOGIA

3.3 Instrumentos de Coleta de Dados

Para a pesquisa qualitativa, a metodologia utilizou-se de dois instrumentos de coleta de dados primários: entrevista semiestruturada e formulário.

A utilização da entrevista (Apêndice A) teve o objetivo de conversar com lideranças quilombolas, a fim de obter um panorama geral da estrutura e organização da comunidade quilombola, da pluriatividade e sua relação com o mercado. Segundo Manzini (2004), uma das características da entrevista semiestruturada é a utilização de um roteiro previamente elaborado e um planejamento de questões, porém com um ambiente aberto de diálogo com a pessoa entrevistada.

A utilização do formulário (Apêndice B) teve o objetivo de captar as características sociais, econômicas e ambientais da comunidade por meio da percepção dos quilombolas que estão envolvidos com a pluriatividade e com o mercado. O formulário foi selecionado por ser inclusivo, pois inclui pessoas alfabetizadas e analfabetas como participantes na pesquisa, sem distinção. Houve esse cuidado tendo em vista a população-alvo de estudo ser uma comunidade tradicional, pois as perguntas seriam lidas para o participante, não havendo problemas ou constrangimentos se a pessoa não soubesse ler ou escrever.

A pesquisa de campo teve início pelas entrevistas. O roteiro de entrevista semiestruturada continha 12 perguntas. O roteiro foi construído com temas sobre o processo de formação do quilombo e titulação, também sobre a sua produção e comercialização, organização coletiva, bem como a forma do quilombo se relacionar com o mercado.

O roteiro de entrevista foi aplicado a três indivíduos. Foram selecionadas para a entrevista uma liderança quilombola e duas mulheres atuantes na área do artesanato (Quadro 1). A escolha das pessoas a serem entrevistadas se baseou na representatividade na comunidade e por participar em atividades de produção e comercialização. As entrevistas foram gravadas em áudio, com a autorização dos participantes, e posteriormente transcritas.

ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA (E)

Participante Características

E1 Liderança, homem, adulto, bananicultor, aposentado rural Área de atuação: Banana orgânica

E2 Mulher, idosa, agricultora, artesã, aposentada rural Área de atuação: Artesanato

E3 Mulher, adulta, estudante de Pedagogia e artesã Área de atuação: Artesanato

Após o término das entrevistas, deu-se início a aplicação de formulários. O formulário continha 40 perguntas (questões abertas) e foi dividido em três blocos: aspectos sociais, econômicos e ambientais. O formulário foi aplicado a 10 indivíduos (Quadro 2). O critério de escolha dos indivíduos para serem entrevistados partiu do princípio de estarem envolvidos

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

com a produção e comercialização de algum produto ou serviço. A escolha dos participantes ocorreu de forma aleatória e foi baseada em indicações da Coordenação de Turismo de Base Comunitária da comunidade de Ivaporunduva.

Quadro 2. Características dos indivíduos participantes da pesquisa com formulário.

FORMULÁRIO (F)

Participante Características

F1 Homem, adulto11, produtor rural

F2 Mulher, adulta, agricultura, monitora ambiental, dona de casa

F3 Homem, idoso, produtor rural, monitor ambiental, aposentado

F4 Mulher, adulta, produtora rural, monitora ambiental, prestadora de serviços

F5 Mulher, adulta, produtora rural, monitora ambiental, prestadora de serviços, dona de casa

F6 Mulher, adulta, produtora rural

F7 Homem, adulto, produtor rural

F8 Homem, adulto, produtor rural, monitor ambiental, prestador de serviços

F9 Mulher, adulta, produtor rural, monitora ambiental e prestadora de serviços

F10 Homem, adulto, produtor rural, monitor ambiental, aposentado

11

Segundo o IBGE, a idade pode ser classificada em: Jovem (0-17 anos); Adulto (18 a 64 anos); e Idoso (acima de 65 anos) (IBGE, 2018).

O tipo de amostragem foi não probabilística, pois é aquela em que o amostrador, para simplificar o processo, procura ser aleatório sem, no entanto, realizar propriamente o sorteio usando algum dispositivo aleatório confiável (MANZATO; SANTOS, 2012).

Dentre os tipos de amostragem não probabilística, a selecionada foi a amostragem por acessibilidade ou por conveniência, que segundo Gil (2008), constitui o menos rigoroso de todos os tipos de amostragem, e, portanto, é destituída de qualquer rigor estatístico. Nesse tipo de amostragem, o pesquisador seleciona os elementos a que tem acesso, admitindo que estes possam, de alguma forma, representar o universo. Aplica-se este tipo de amostragem em estudos exploratórios ou qualitativos, onde não é requerido elevado nível de precisão (GIL, 2008). O total de participantes da pesquisa foi de 13 indivíduos.

3.4 Análise de dados

A partir do material produzido pelas entrevistas semiestruturadas e os formulários, foi realizada uma análise qualitativa utilizando o método de Análise de Conteúdo (BARDIN, 1977).

A Análise de Conteúdo é um conjunto de instrumentos metodológicos que se aplicam a “discursos” (conteúdos e continente) extremamente diversificados. Enquanto esforço de interpretação, a análise de conteúdo oscila entre os dois polos do rigor da objetividade e pela fecundidade da subjetividade. Nas pesquisas qualitativas, o referencial é a presença ou a ausência de características de um dado fragmento da mensagem, ao passo que nos estudos quantitativos, o referencial é a frequência (dados estatísticos) com que aparecem determinadas características do conteúdo (BARDIN, 1977).

Além disso, pode dizer-se que o que caracteriza a análise qualitativa é o fato de a inferência ser fundada na presença do índice (tema, palavra, personagem), e não sobre a frequência da sua aparição, em cada comunicação individual (BARDIN, 1977).

Para a análise qualitativa, ao longo do texto, houve a transcrição de alguns trechos das falas obtidas das entrevistas e manteve-se, sempre que possível, a forma oral, para preservar a qualidade da mensagem de uma pessoa da comunidade quilombola. Não houve nenhuma referência à identidade dos entrevistados.

Também houve a categorização dos temas trabalhados nos formulários. Segundo a autora, classificar elementos em categorias, impõe a investigação do que cada um deles tem em comum com outros. O que vai permitir o seu agrupamento, é a parte comum existente entre eles (BARDIN, 1977).

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