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CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO

CAPÍTULO 3 – MÉTODO

3.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

Para a coleta de dados usou-se como instrumentos de investigação:

Com os alunos, seis blocos temáticos de pranchas com onze gravuras que se reportam

à temática sexo e sexualidade humana;

Com os pais, um questionário com17 (dezessete) questões sendo 15 (quinze) fechadas

e 2 (duas) abertas;

Com as professoras, uma entrevista estruturada com 9 (nove) perguntas.

3.3.1 Pranchas (Alunos)

Para pesquisar o primeiro objetivo que se reporta a investigar que concepções as crianças do 5º ano do Ensino Fundamental / Séries Iniciais têm sobre sexo e sexualidade, foram criadas pranchas como instrumento de investigação, utilizando-as como aporte ilustrativo visando desencadear a oralidade das crianças, evitando respostas evasivas, pois, quanto maior for a riqueza de detalhes das respostas, maior é a contribuição de dados para serem analisados e refletidos. Para Delval (2002), a utilização de instrumentos ilustrativos constitui uma estratégia útil quando se entrevista crianças.

A ideia das pranchas como instrumento, surgiu inspirada na pesquisa de Jagstaidt (1987), mas construídas a partir de temas contemporâneos relacionados à imagens de diferenças de gênero, namoro, beijo, nascimento, ato sexual, gravidez, entre outros. A aplicação das pranchas foi inspirada no método clínico, envolvendo a entrevista aberta, que de acordo com Delval (2002), requer que o pesquisador disponha de um núcleo básico de perguntas que se refiram aos aspectos fundamentais da pesquisa, procurando atingir todos os participantes envolvidos, para que depois se possam comparar as respostas.

A aplicação das pranchas permite investigar como as crianças pensam, percebem, agem e sentem, procurando identificar o que está por trás da aparência de sua conduta, seja em ações ou palavras. A construção da representação da realidade pelo sujeito tem repercussões práticas, visto que, as pessoas agem a partir destas representações. Assim, apresenta-se uma prancha e observa-se o que a criança percebe e como explica aquela situação. Diante disto, o pesquisador procura entender o que significa para a criança aquela prancha, e na medida em que as respostas vão surgindo, o pesquisador intervém motivado pelas respostas do participante, indagando sobre as respostas da criança, a fim de esclarecer

com detalhes a percepção e o significado que a prancha representa para ela. As pranchas constituem basicamente um apoio para a entrevista.

Para descobrir a natureza das curiosidades das crianças em torno da faixa etária de 10 (dez) e 11 (onze) anos em média, visando nortear o ―núcleo básico de perguntas‖ como é chamado por Delval (2002), realizou-se um levantamento prévio em uma escola pública do Município de Rio Branco por meio de uma dinâmica de grupo com crianças do 4º e 5º ano do Ensino fundamental / Séries Iniciais, para saber quais seriam as perguntas de interesse destas crianças ligadas à temática de sexo e sexualidade. A dinâmica consistiu em as crianças escreverem, individualmente, dúvidas e curiosidades que tinha em relação à sexo e sexualidade, e depois colocarem o papel escrito dentro de uma caixa fechada. Estas crianças foram esclarecidas de que se manteria o sigilo de sua escrita. No começo houveram algumas risadinhas, mas logo elas se concentraram na atividade e participaram ativamente. Deste rico material obteve-se algumas diretrizes para o ―núcleo básico de perguntas‖.

Assim, nesta dinâmica preliminar observou-se na turma do 4º ano composta por 27 (vinte e sete) alunos, que a concentração de perguntas se deu em torno do namoro (36,84%), na sequência o que é sexo e sexualidade (21,05%), e as demais questões variaram entre como a mulher cria o filho; e se fazer sexo aos 10 anos é normal; aproximadamente (15%) não perguntaram. Na outra turma do 5º ano com 32 (trinta e dois) alunos, o número e as especificidades das perguntas foram bem maiores. A curiosidade maior foi em relação a ―como eu fui gerado‖ (17,39%), seguido da pergunta: é normal fazer sexo? (13,04%). As demais perguntas variaram muito como: É normal a criança ou o adolescente ter relação sexual muito cedo?; Homossexualidade é ser gay?; Como se faz sexo?; E perguntas relacionadas à menstruação, virgindade e espermatozóide.

Com estas informações coletadas realizou-se também consultas a materiais pedagógicos vinculados à intervenção da Educação Sexual para crianças, destacando-se principalmente os autores Lopes (2000), Glienke (2007) e Suplicy (1999), os quais deram os elementos essenciais para a elaboração das pranchas previstas.

Assim, depois de todos estes levantamentos foi necessário encontrar um designer gráfico para confecção das pranchas referidas. O designer gráfico Carlos Frederico Silva de Oliveira assumiu esta árdua tarefa, pois os desenhos requereram diversos ajustes buscando ―expressões‖ por um lado de neutralidade, e por outro, clareza do item que se queria pesquisar de acordo com os blocos temáticos associados ao ―núcleo básico de perguntas‖ apontado por Delval (2002).

aumentando o grau de complexidade das gravuras. Os blocos temáticos estão concentrados nas seguintes categorias: 1. Questões de gênero; 2. Mito sobre o nascimento; 3. Namoro e Beijo na Boca; 4. Gravidez e relações sexuais e 5. Diálogo com os pais e, 6. Diálogo com as professores da escola.

Depois de montada uma primeira versão das pranchas, realizou-se um estudo piloto com duas crianças, uma de 10 (dez) e outra de 11(onze) anos de escolas públicas diferentes do Município de Rio Branco, visando ajustar detalhes para posterior efetivação da aplicação das mesmas com as 21(vinte e uma) crianças do CAP- Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Acre.

Levou-se em conta as considerações de Delval (2002, p.99), sobre a importância do estudo piloto ―que consiste em um estudo preliminar sobre um número reduzido de sujeitos, que permite testar o procedimento da pesquisa antes de empreender o trabalho definitivo‖. Isto permite, segundo o autor, verificar a estrutura do instrumento a partir dos objetivos fundamentais da pesquisa, podendo variar as perguntas de um sujeito a outro, e abordar aspectos não previstos inicialmente, mas que surgem em função das respostas dos sujeitos entrevistados. Ver pranchas (Anexo II)

3.3.2 Questionários (Pais)

Para atingir o segundo objetivo que reportou-se à família na figura dos pais da criança, usou-se um questionário fechado acrescido de duas perguntas abertas inspirado em um material de Libório e Koller (2009). Realizou-se um estudo piloto com 3 (três) responsáveis de crianças de 10 (dez) anos, passando o questionário por alguns ajustes até sua forma final.

A própria pesquisadora aplicou o questionário de forma individual e com horário previamente agendado. Optou-se pelo questionário com duas perguntas abertas, considerando que o instrumento possibilita um meio mais rápido e preciso de obter as informações. Ainda segundo os autores, o questionário garante uma maior liberdade das respostas em razão do anonimato, obtendo-se geralmente, respostas rápidas e precisas (BONI; QUARESMA, 2005).

Este questionário aplicado aos pais consistiu em cinco blocos temáticos com 17 questões no total: 1. Dados socioeconômicos (considerando que a entrada no Colégio de Aplicação ocorre por sorteio); 2. Dados sobre a sexualidade infantil; 3. Dados relacionados à Educação Sexual; 4. Dados sobre as maiores preocupações que a temática sexo e sexualidade geram na família e; 5. O que os pais acham que seus filhos e filhas pensam sobre sexo e sexualidade. (Anexo III)

3.3.3 Entrevistas (Professoras)

Para investigar o terceiro objetivo vinculado às professoras utilizou-se a técnica da entrevista. Segundo Boni e Quaresma (2005, p.72) a ―entrevista como coleta de dados sobre um determinado tema científico é a técnica mais utilizada no processo de trabalho de campo. Por meio dela os pesquisadores buscam obter informações, ou seja, coletar dados objetivos e subjetivos‖.

Foram utilizadas entrevistas do tipo estruturada, com um roteiro de perguntas abertas, possibilitando as entrevistadas discorrer sobre o tema proposto com uma cobertura mais profunda acerca do assunto.

Este instrumento foi composto por 9 (nove) perguntas vinculadas às questões: significado de sexualidade, manifestações da sexualidade infantil, educação sexual, formação de professores e a sexualidade como tema transversal a partir da proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs).