• Nenhum resultado encontrado

Para Marconi e Lakatos (2006), a coleta de dados se inicia com a aplicação dos instrumentos elaborados e das técnicas selecionadas. É nesse momento da pesquisa que o pesquisador se entrosa com o objeto e os indivíduos pesquisados. Conforme Sampieri, Collado e Lúcio (2006, p. 286), coletar dados implica três atividades profundamente vinculadas entre si:

a) Selecionar um instrumento ou método de coleta de dados ou desenvolver um;

b) Aplicar este instrumento ou método para coletar dados [...];

c) Preparar observações, registros e medições obtidas para que sejam analisados corretamente.

Nessa fase da pesquisa foi importante estabelecer um contato com a ONG e as ações desenvolvidas nas comunidades, pois a busca por uma aproximação com as pessoas que executam o Projeto fez com que os sujeitos da pesquisa se sentissem mais a vontade para falar o que realmente sentiam em relação ao PGS. Isto proporcionou um maior acesso aos jovens e também aos líderes comunitários. Estes últimos possuem uma atuação fundamental para garantir a consecução dos objetivos traçados. Em comunidades consideradas em grave situação de risco, é importante ter o apoio dos líderes das comunidades, pois estes são pessoas de

confiança daquela localidade, sendo indicados e escolhidos pelos próprios moradores. Constituem-se, assim, em um elo estratégico entre a ONG e as comunidades atendidas.

A ONG Amazona atua nessas comunidades há vários anos com o desenvolvimento de outros projetos e ações; todos, contudo, estão voltados para sua missão que é a prevenção das DST/AIDS. Isto justifica, em certa medida, o motivo pelo qual as Associações e os moradores das cinco comunidades têm confiança no trabalho realizado pela Amazona. Sendo assim, não foram detectadas barreiras expressivas que dificultassem a pesquisa, pois esta recebeu o apoio incondicional tanto do pessoal ligado ao PGS como dos líderes das comunidades onde ele foi aplicado.

A coleta de dados, com esses segmentos de públicos pesquisados, foi realizada através de instrumentos específicos, que foram elaborados a partir de categorias de análise pré- estabelecidas, todas elas construídas com base no modelo de GI de McGee e Prusak (1994), no qual esta pesquisa encontra-se fundamentada.

É importante mencionar, ainda, que foram criados roteiros de entrevistas (APÊNDICES A-D) direcionados para cada grupo de entrevistados, mas todos seguiram as mesmas categorias pré-estabelecidas. Deve-se ressaltar a importância em ter informado aos entrevistados os objetivos da pesquisa, não esquecendo em evidenciar que seu anonimato seria preservado e que todos deveriam também assinar o documento permitindo a utilização das respostas que irão compor os resultados.

Procedeu-se, então, primeiramente, à realização de uma entrevista semi-estruturada direcionando-a para três grupos distintos:

 Dois gestores do Projeto Garotada Solidária;

 Três coordenadores do Projeto, que operacionalizam a ações;

 Cinco líderes comunitários, pertencentes a cada uma das comunidades beneficiadas pelo PGS.

Já no que concerne aos jovens beneficiários do PGS, foram aplicados, individualmente, questionários estruturados (APÊNDICE E) para vinte deles, que pertencem às cinco comunidades. Esse total de vinte foi composto por cinco grupos de quatro jovens pertencentes a cada uma das comunidades atendidas. Vale ressaltar que todos eles tinham, obrigatoriamente, que ter participado de todas as atividades oferecidas pelo PGS aos jovens.

Em seguida foram agendadas as entrevistas com os líderes das comunidades, gestores da ONG e os coordenadores do Projeto. As entrevistas com os gestores e coordenadores do Projeto ocorreram na sede da ONG, respeitando os dias e horários agendados. No que diz

respeito aos jovens, estes foram convidados pelos coordenadores do Projeto para participarem de oficinas, palestras e uma apresentação teatral na sede ONG, onde, após o encerramento dessas atividades, foi reservado um horário para que os mesmos pudessem responder a um questionário.

Houve, também, uma minuciosa revisão de literatura onde se abordou as temáticas que de interesse para a pesquisa, como o terceiro setor, as ONGs, a informação preventiva, o gerenciamento de informação e o trabalho desenvolvido pela Amazona e pelo PGS no entorno da cidade de João Pessoa. Em seguida, foi realizada uma pesquisa documental com o intuito de conhecer com mais profundidade a ONG Amazona e o Projeto Garotada Solidária, com os seus estatutos, diretrizes, normas e regulamentos, que orientam tanto o seu processo de planejamento como as suas políticas e ações.

Para a análise dos dados utilizou-se a técnica de análise de conteúdo, pois esta é um procedimento de pesquisa com base na mensagem e nas categorias de análise. Através de tais categorias é possível entender as indagações suscitadas decorrer da pesquisa, sendo um meio pelo qual o pesquisador classifica as unidades de contexto (palavras ou frases) que se repetem, inferindo uma expressão que as represente. De acordo com o autor:

A análise de conteúdo pode ser considerada como um conjunto de técnicas de análises de comunicação, que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens. A intenção da análise de conteúdo é a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção e de recepção das mensagens, inferência esta que recorre a indicadores (quantitativos, ou não) (BARDIN, 2004, p.38).

Desse modo, esta técnica tem sido empregada com bastante frequência no campo da comunicação e nas ciências sociais e humanas. De acordo com Minayo (2007), este é o método mais adotado nas pesquisas qualitativas que trabalham com a manipulação de conteúdos e formas.

Procede-se a uma organização por categorias que por sua vez devem estar fundamentadas nos objetivos da pesquisa. Conforme Bardin (2004), o processo de explicitação, sistematização e expressão dos conteúdos das mensagens promovidas pela análise deve ser organizado em três etapas:

1. Pré-análise: é o momento em que a pesquisa é organizada através da sistematização das ideias, tendo por base as visitas à ONG Amazona e o conhecimento mais profundo das atividades que compõem o PGS. Nesse período houve também a oportunidade de participar e observar algumas atividades específicas do Projeto, com o objetivo

conhecer todo o seu processo de funcionamento, abordando desde o seu planejamento até à operacionalização de suas ações;

2. Análise do material: consiste na codificação, categorização e quantificação das informações coletadas para que possam ser analisadas. A partir desta fase da pesquisa, já com os dados coletados anteriormente, deu-se início à transcrição das entrevistas. Assim, as informações coletadas foram organizadas de acordo com as categorias a fim de facilitar o trabalho no momento da análise dos resultados;

3. Interpretação e inferência: possibilita propor inferências e adiantar interpretações com a intenção de atingir os objetivos propostos (BARDIN, 2004). Neste momento, organizou-se todo o material a ser analisado e classificado a partir das categorias estabelecidas conforme o modelo de GI adotado.

Para a definição das categorias, foi adotado, como já foi citado, o modelo de gestão da informação de McGee e Prusak (1994). Tal modelo foi escolhido considerando a natureza e os objetivos do PGS que possui como características o fato de ser um Projeto desenvolvido por uma ONG e trabalhar com informação preventiva na área da saúde pública, que o torna, especificamente, distante das experiências em GI realizadas em organizações privadas.

Com o objetivo de verificar e definir como ocorre o processo de GI optou-se por uma fundamentação teórica baseada no modelo de GI traçado por McGee & Prusak (1994), que orientou todo o processo de elaboração do roteiro das entrevistas e a elaboração de categorias, conforme o previsto no referido modelo. O roteiro da entrevista foi dividido em seis categorias, comuns a todos os entrevistados conforme o Quadro 1:

Quadro 1 - Categorias do roteiro de entrevista dos gestores, coordenadores, líderes das comunidades e os jovens

1ª CATEGORIA 2ª CATEGORIA 3ª CATEGORIA 4ª CATEGORIA 5ª CATEGORIA 6ª CATEGORIA

Necessidades de informação Busca de informação Organização da informação Produtos e serviços Disponibiliza ção da informação Analisar o uso da informação Identificação da informação Seleção de informação Tratamento da Informação Desenvolver os produtos de informação Distribuição de informação Avaliar o uso da informação Requisição da informação Obter a Informação Classificação da Informação Desenvolver os serviços de informação Compartilhamen to de informação Analisar a assimilação da informação Armazenamento da Informação

Apresentação da Informação

Fonte: Adaptado de Nascimento (2009).

Destarte, as categorias foram empregadas para que pudessem ser estabelecidas classificações, ou seja, formas de se operacionalizar os elementos constitutivos de um conjunto. A partir do modelo de GI que pauta esta pesquisa foram criadas, então, seis categorias:

1. Necessidades de informação: trata da identificação e da necessidade informacional dos sujeitos envolvidos no Projeto, que vai desde as informações consideradas mais importantes para se estar prevenido contra as DST’s/AIDS, e/ou as que devem ser consideradas como as mais importantes para gerenciar um Projeto desta amplitude. 2. Busca da informação: está pautada em como selecionar e obter as informações,

consideradas mais importantes a partir das diversas fontes que contribuíram para o desenvolvimento do Projeto nas comunidades e no auxílio aos jovens no processo, enquanto multiplicadores de informações preventivas.

3. Organização da informação: aborda o processo de tratamento, classificação, armazenamento e apresentação da informação a ser tratada e organizada para que se possa chegar não apenas aos jovens, mas a toda sociedade de maneira acessível, atraindo, assim, o interesse em como se prevenir contra as DST/AIDS. Esta categoria também abrange a forma como os gestores e coordenadores do Projeto organizam suas informações objetivando trabalhá-las da maneira mais eficiente possível.

4. Produtos e serviços: abrange a análise do desenvolvimento de produtos e serviços de informação que estão presentes na execução das ações e atividades mantidas pelo projeto.

5. Disponibilização da informação: nesta etapa se verificou como as informações são distribuídas e compartilhadas, ou seja, quais são os critérios estabelecidos para que a informação, de fato, cumpra com o papel de conscientizar e informar conforme prevê o Projeto.

6. Análise do uso da informação: neste momento se avaliou o uso e a assimilação da informação por parte dos jovens das comunidades beneficiadas. Nesta etapa, foram aplicados os questionários objetivando conhecer a visão dos jovens em relação ao PGS, visto que eles são os sujeitos mais importantes no processo.

5.5 OPERACIONALIZAÇÃO DA PESQUISA