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INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO 38

No documento UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR PRÓ (páginas 34-40)

ambiental, o Brasil traz, no ano de 1993, a criação do Plano de Ação Emergencial

(PAE), que:

[...] estabelecia as ações de emergência a serem executadas no prazo de

dois anos para assegurar a proteção da unidade e iniciar o processo de

integração com seu entorno, até a elaboração de seu plano de manejo.

Desde 1993 até 1995, foram elaborados 26 planos de ação emergencial

(CASES, 2012, p.79).

O IBAMA considera o conteúdo técnico-científico do PAE insuficiente e

produz o “Roteiro Metodológico para o Planejamento de Unidades de Conservação

de Uso Indireto”.

Como foi descrito anteriormente, a institucionalização política administrativa

na proteção do meio ambiente e da natureza aconteceu de forma gradual e lenta no

Brasil. A criação de áreas protegidas com aparato jurídico-legal institucional ocorre

com base em fatores históricos, sociais e com o fortalecimento do estado, com a

institucionalização do SNUC em 2000. O longo tempo ocorrido até a efetiva

concretização deste último “evidencia as dificuldades existentes neste campo em

virtude das disputas cada vez mais acirradas entre os diferentes grupos que atuam

ou têm interesse nesta área no Brasil” (MEDEIROS, 2006, p.57).

A importância desse período se deve à inserção na legislação brasileira dos

primeiros elementos direcionados à garantia de proteção e gestão de áreas

protegidas.

Contudo, o modelo de proteção estabelecido, baseado em categorização e

tipologias, permite, ao menos conceitualmente, tanto a preservação quanto

a conservação através da utilização controlada dos recursos em áreas

específicas, além de se configurar como um modelo que foi cultural e

historicamente inserido na tradição brasileira de proteção da natureza

(MEDEIROS, 2006, p.41).

As Unidades de Conservação surgem como elemento propulsor na execução

de gestão ambiental compartilhada através das ferramentas de planejamento, por

isso, “é inegável o avanço que se processou no Brasil em relação à temática de

proteção da natureza com a instituição do SNUC” (MEDEIROS, 2006, p.39).

SNUC prevê diversas categorias e ferramentas na aplicação de gestão

ambiental participativa, favorecendo as políticas descentralizadoras, democráticas,

assegurando um avanço nas políticas ambientais do Brasil.

O SNUC consiste em “garantir a articulação e a transversalidade

necessárias entre os diferentes níveis governamentais e os setores e

comunidades envolvidas, a fim de que não sejam negligenciadas as

demandas sociais ambientais e econômicas” do Brasil, nos processos de

criação com objetivo ecológico, implementação e gestão das suas UC

(PECCATIELO, 2011, p. 81).

A gestão é instituída com a formação de um conselho consultivo ou

deliberativo de acordo com as categorias. A criação de UC é tarefa do Poder

Público, contudo “está prevista a participação da população local neste processo”

(SNUC, 2000).

Além dos critérios estabelecidos por estudos técnicos, deve haver a consulta

pública (Art.22, Parágrafo 2º), na qual o Poder Público é obrigado a fornecer

informações adequadas e inteligíveis para a população local e outras partes

interessadas (Art.22, Parágrafo 3º) (SNUC, 2000).

Ao consolidar, mesmo que não intencionalmente, as Unidades de

Conservação como tipologia dotada de maior visibilidade e expressão, e dotá-las de

instrumentos mais concretos de gestão, as outras tipologias que ainda continuaram

a existir, mesmo após a criação do SNUC – as APP, as RL, as Terras Indígenas e

quilombolas, as ARIE –, continuaram relegadas aos mesmos problemas históricos

de gestão, não dispondo de instrumentos de integração e articulação com as ações

previstas para as Unidades de Conservação (MEDEIROS, 2006, p.39).

sociedade civil com objetivos de preservação da natureza para as futuras gerações.

São eles: o Plano de Manejo, o Corredor Ecológico, o Mosaico de Unidades de

Conservação e os Conselhos Gestores das Unidades de Conservação. O Plano de

Manejo, editado pelo SNUC, define-se como um documento técnico que, com

fundamento nos objetivos gerais de uma Unidade de Conservação, estabelece o seu

zoneamento e as normas que devem orientar o uso da área e o manejo dos recursos

naturais. Segundo o SNUC, pelo Art.27, §1º, o Plano de Manejo deve ser elaborado

no prazo de cinco anos a partir de sua criação, integrando-se a corredores

ecológicos e promovendo a inserção da vida econômica social das comunidades

vizinhas.

O Corredor Ecológico funciona como instrumento de planejamento de gestão

e ordenamento territorial. Tem como objetivo garantir a manutenção dos processos

ecológicos em conexão com Unidades de Conservação, facilitando a dispersão de

espécies, a recolonização de áreas degradadas, o fluxo gênico e a viabilidade de

populações que demandam mais que o território de uma unidade de conservação

para sobreviver (ICMBIO, 2014).

O mosaico prevê a gestão integrada e participativa de um conjunto de

Unidades de Conservação que estejam próximas, justapostas ou sobrepostas. É um

instrumento de gestão integrada, que tem a finalidade de ampliar as ações de

conservação para além do que o administram limites das UC, compatibilizando a

presença da biodiversidade, a valorização da diversidade social e o desenvolvimento

sustentável no contexto regional (Art.26; SNUC).

O Conselho Gestor é estabelecido, no aspecto jurídico-institucional, como

mecanismo legal de participação social, em caráter de obrigatoriedade pelo SNUC e

pelo Decreto nº 4.340 de 2002, que regulamenta e normatiza seu funcionamento.

Segundo o Art.17 (§1º e §2º) do SNUC, a representação dos órgãos públicos deve

contemplar, quando couber, os órgãos ambientais dos três níveis (municipal,

estadual e federal) e de áreas afins, tais como: de pesquisas científicas,

educacionais, de defesa nacional, culturais, de turismo, paisagísticos, arquitetônicos,

arqueológicos, de povos indígenas e de assentamentos agrícolas.

A sociedade civil deve contemplar, quando couber, a comunidade científica e

as organizações não governamentais ambientalistas, com atuação comprovada na

região da unidade, da população residente e do entorno, além de povos tradicionais.

Este objetiva registrar opiniões, idéias de setores e de populações que tenham

interesse na UC, em busca de participação e integração, respeitando a posição

majoritária. Essa representação dos órgãos públicos e da sociedade civil nos

Conselhos deve ser, sempre que possível, paritária, considerando as peculiaridades

regionais (Art.17, §3º, SNUC).

3.2 AS FUNÇÕES DOS CONSELHOS GESTORES DE ACORDO COM O

DECRETO nº 4.340/2002

Para melhor compreensão da dinâmica do Conselho, citaremos os artigos que

definem as diretrizes e metas da execução e do funcionamento do colegiado:

Art.19. Compete ao órgão executor:

I - Convocar o conselho com antecedência mínima de sete dias;

II - prestar apoio à participação dos conselheiros nas reuniões,

sempre que solicitado e devidamente justificado.

Parágrafo único: O apoio do órgão executor indicado no inciso II não

restringe aquele que possa ser prestado por outras organizações.

Art. 20. Compete ao Conselho de Unidades de Conservação:

I Elaborar seu regimento interno, no prazo de noventa dias,

contadas da sua instalação;

II Acompanhar a elaboração, implementação e revisão do Plano

de Manejo da UC, quando couber, garantindo o seu caráter

participativo;

III Buscar a integração da unidade de conservação com as

demais unidades e espaços territoriais especialmente protegidas e com

seu entorno;

V – Avaliar o orçamento da unidade e o relatório financeiro anual

elaborado pelo órgão executor em relação aos objetivos da unidade de

conservação; VII – acompanhar VI – opinar, no caso de conselho

consultivo, ou ratificar, no caso de conselho deliberativo, a contratação

e os dispositivos do termo de parceria com OSCIP, na hipótese de

gestão compartilhada da unidade; VIII – manifestar-se sobre obra ou

atividade potencialmente causadora de impacto na unidade de

conservação, em sua zona de amortecimento, mosaicos ou corredores

ecológicos; e

IX – propor diretrizes e ações para compatibilizar, integrar e otimizar a

relação com a população do entorno ou do interior da unidade,

conforme o caso. Na gestão ambiental participativa o Conselho Gestor

realiza o papel fundamental na integração da participação da sociedade

na gestão da unidade; como também a importante função na

elaboração, revisão e implementação do Plano de Manejo.

Os Conselhos Gestores contam com espaços participativos adicionais, que

são as Câmaras Técnicas (CT) e os Grupos de Trabalhos (GT). As CT têm caráter

permanente e poderão ser compostas por conselheiros ou especialistas e

instituições não integrantes do CG, com a finalidade de assessorar tecnicamente as

questões especificas. As Câmaras Técnicas têm a função de auxiliar os técnicos da

UC a viabilizarem a execução das ações necessárias para a gestão da UC. Os GT

têm caráter provisório e têm função de auxiliar a gestão em situações especificas

que exigem auxilio técnico (DIRUC/INEMA, 2014).

3.2.1Conduta na formação e recondução dos Conselhos Gestores

Com a Portaria nº 7718, de junho de 2014, no Capítulo III, estabelecem-se

diretrizes e critérios para as UC estaduais:

Art.11 – O INEMA através da Coordenação de Interação Social –

CODIS compete executar, coordenar e gerir de forma descentralizada e

participativa o processo de formação e renovação dos Conselhos

Gestores das UC, em especial:

I Definir a composição e número de vagas atribuídas aos

representantes que comporão o Conselho Gestor;

II Elaborar o Edital de Eleição dos Membros do Conselho Gestor,

observando as diretrizes e critérios desta Instrução Normativa e

validado com a DIRUC; III Mobilizar os três segmentos da UC na

formação renovação do Conselho Gestor;

IV Coordenar as ações e os procedimentos do processo eleitoral dos

representantes dos órgãos públicos da sociedade civil local e dos

empreendedores locais, conforme as diretrizes e os critérios

estabelecidos Nesta Instrução Normativa.

Parágrafo Único – O processo de escolha e credenciamento dos

representantes a que se refere o inciso deste artigo será público, com

ampla e previa divulgação.

Art. 12 - Os mandatos dos Conselheiros terão a duração de 02 (dois)

anos, permitida uma única recondução, por igual período.

Parágrafo Único – A recondução do mandato dos Conselheiros deverá

ser deliberada em reunião plenária de Conselho Gestor, a ser

convocada com item de pauta específico para esse fim, e será

formalizada mediante nomeação dos Conselheiros para novo mandato.

Art. 13 - O processo de renovação dos Conselhos Gestores deve ser

iniciado, no mínimo, 120 (cento e vinte) dias antes do término do

mandato em vigência.

Art. 14 As ações do CG deverão ser avaliadas durante Oficina de

Avaliação, com todos os seus membros para discutir os pontos fortes e

fracos, estratégias para o fortalecimento, estratégias de planejamento

das ações.

Muitos autores consideram a Educação Ambiental como pressuposto na

implementação de gestão compartilhada, como um processo complexo sociopolítico,

sendo classificado como “instrumento” de gestão de UC, possibilitando a

aproximação dos gestores com a comunidade do entorno na preservação e no

manejo dos recursos da natureza efetiva, não se resumindo apenas ao jurídico

instrumento.

4 HISTÓRICOS DE CRIAÇÃO E FORMAÇÃO DO PARQUE METROPOLITANO

DE SALVADOR

No início do século XX, busca-se ampliar e garantir o abastecimento de água

destinado ao consumo humano na cidade de Salvador, pois o atendimento não era

suficientemente adequado para a demanda necessária da época. A planta geral das

obras de abastecimento de água da cidade do Salvador do engenheiro Teodoro

Sampaio (SAMPAIO, 1907), já mostrava o importante papel da represa em um

sistema de abastecimento planejado.

O histórico legal de criação do Parque teve como ponto a delimitação de uma

área verde de 100 hectares ao redor da represa de Pituaçu pela Companhia

Metropolitana de Pituaçu e Esgotos nos anos de 1960 e 1970 (Plano Diretor do

Parque Metropolitano de Pituaçu, 1978).

A metropolização da cidade de Salvador, no ordenamento do solo foi

estruturada em dois eixos; o primeiro que se estende dos bairros do Subúrbio,

cercado pela Baia de Todos os Santos e o centro da cidade e o segundo eixo a orla

(SERPA, 2007). Com o crescimento populacional, Salvador expande-se para o

litoral. Até meados da década de 1970, engloba a um território equivalente a 30% da

área continental do município, se expandido em mais de três vezes com a

implantação dos parques industriais e de novas avenidas (SERPA, 2007).

O Parque Metropolitano de Pituaçu atenderia na década de 1970 a pretensa

metropolização industrial de Salvador integrada ao projeto de desenvolvimento com

a implantação do Complexo Petroquímico de Camaçari e do Centro Industrial de

Aratu. Criado pelo Governo do Estado da Bahia através de decreto estadual nº 23

666 de 04 de setembro de 1973, considerando a necessidade de criação de novas

áreas verdes na região metropolitana de Salvador com a instalação do Centro

Administrativo da Bahia, prevê a preservação da paisagem e dos atrativos

ambientais, integrados ao conjunto a conservação do espaço como valorização do

potencial turístico. Com a instalação de equipamentos e espaços de cultura, lazer,

museus, campings, restaurantes e ambulantes, transformaram-se em um espaço

importante para a população de Salvador. (CONDER, 2004)

As áreas verdes no contexto das grandes cidades entram como um

elemento essencial para o bem estar da população, pois tem a finalidade de

melhorar a qualidade de vida pela recreação, pelo paisagismo e pela

preservação ambiental. (CARLOS, 2005, p28)

Figura 1 – Parque Metropolitano de Pituaçu – Localização

Fonte: Jorge Koene.

No documento UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR PRÓ (páginas 34-40)

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