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6. Dimensão investigativa

6.3. Instrumentos de recolha de dados

Para Caixeiro (2014), “a definição dos procedimentos inerentes à recolha de dados está subordinada ao tipo de informação necessária ao esclarecimento do problema da investigação.” (p.382)

Neste estudo, recorreu-se a um método de recolha e análise de dados de natureza qualitativa e quantitativa, utilizando para isso os seguintes instrumentos:

questionários, notas de campo e grelha de observação, entrevista e grelha de avaliação.

Estes instrumentos foram desenvolvidos e aplicados com o objetivo de responder às questões de investigação deste estudo, apresentadas no ponto anterior.

6.3.1. Questionários

O questionário é um instrumento utilizado para recolher dados de uma determinada população. Angers (1997) define como sendo "uma técnica direta de investigação científica próxima a indivíduos, que permite interrogá-los de maneira orientada e obter uma amostra quantitativa" (p.146), ou seja, permite ao investigador entrar em contacto com os entrevistados por meio de um formulário que contém perguntas de diferentes tipos. O investigador obtém respostas para medir o fenômeno estudado.

Trata-se de um questionário autoaplicável, quando o entrevistado é responsável por responder às perguntas, mencionando suas respostas no próprio questionário.

É um instrumento de aplicação rápida e com baixos custos que garante a recolha de todos os tipos de dados, mesmo as mais pessoais, podendo garantir o anonimato do participante.

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No final da prática de ensino supervisionada, foi aplicado um questionário (ANEXO W), de resposta anónima, que se encontrava dividido em duas partes, sendo a primeira para avaliação das práticas docentes da professora estagiária e a segunda para avaliação do projeto. Este questionário era constituído por dezassete questões, sendo doze questões com 5 opções de resposta de formato Likert, variando entre

“Discordo totalmente” e “Concordo totalmente”, quatro questões de resposta aberta e uma questão de resposta múltipla.

6.3.2. Observação - Notas de campo e grelhas de observação

A observação é uma técnica frequentemente utilizada para realizar um estudo qualitativo. Ela recolhe dados verbais e, principalmente, não verbais, permitindo ao investigador a oportunidade de se concentrar no comportamento de uma pessoa ou grupo, em vez de em suas declarações. O investigador apenas observa o que os participantes fazem e o que dizem.

A técnica de observação possibilita explicar um fenômeno através da descrição de comportamentos, situações e factos. Numa primeira fase, antes da investigação propriamente dita, procura-se descobrir o campo de pesquisa e os participantes da investigação. Quando se começa a investigação, a observação tem como objetivo tornar-se um instrumento feito de acordo com princípios metódicos. Para conseguir isso cientificamente, a descrição da observação deve ser fiel à situação real e é importante fazer relatórios sistemáticos.

Segundo Caixeiro (2014), “(…) o período de observação deve ser suficientemente prolongado ocorrendo no habitat natural do grupo de modo a que investigador possa ver o mundo com os olhos dos sujeitos estudados” (p.386).

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A observação pode assumir diferentes formas, dependendo do estatuto do observador e do grau de integridade do que ele observa, classificando-se em observador participante ou observador não-participante (Angers, 1997).

A observação participante consiste, para o investigador, em fazer parte do contexto em que o comportamento de um indivíduo é estudado, sendo também possível interagir com as pessoas observadas, de forma a recolher informações adicionais. No entanto, o facto de interagir ou estar presente no mesmo espaço dos participantes, pode modificar o comportamento dos mesmos.

A observação não-participante exclui o investigador da estrutura social estudada, não sendo visto pelos participantes, podendo, para isso, recorrer a imagens de vídeo. Esse tipo de observação possibilita não influenciar a situação observada, permanecendo fiel à realidade estudada, o que aumenta a confiabilidade dos resultados. No entanto, não permite que o investigador intervenha, sendo possível perder algumas informações.

Ao longo desta investigação foi realizada uma observação qualitativa, com o investigador a ter um papel de observador participante. Numa primeira fase, antes da investigação propriamente dita, a professora estagiária realizou anotações de forma não estruturada, em notas de campo, acerca do comportamento, atitudes e reações dos participantes, de forma a poder planificar a sua investigação.

Posteriormente, em cada aula, foram preenchidas grelhas de observação (ANEXO Q), com os itens correspondentes aos comportamentos a serem observados entre os participantes: conhecimentos adquiridos, aplicação dos conhecimentos, participação individual, realização das tarefas, criatividade, espírito crítico, comportamento e atitudes, assiduidade e pontualidade.

75 6.3.3. Entrevista

No contexto científico, a entrevista é um instrumento de investigação, onde o investigador procura informações sobre opiniões, atitudes, comportamentos de um ou mais participantes. Este instrumento é considerado um dos instrumentos mais flexíveis de recolha de dados, uma vez que o investigador recolhe os dados entrando diretamente em contato verbal com os participantes.

A entrevista pode assumir diversas classificações, de acordo com a forma como a mesma é estruturada: entrevista estruturada, entrevista semiestruturada e entrevista não-estruturada.

A entrevista estruturada aproxima-se da ideia de um questionário oral, sendo indicada quando se considera necessário minimizar a variação entre as questões colocadas aos diversos participantes. O investigador possui uma série de perguntas e as mesmas são colocadas aos entrevistados, sem liberdade de exploração. Esse tipo de entrevistas permite uma maior uniformidade no tipo de informação recolhida e, consequentemente, uma maior facilidade de análise posterior. Fortin (2003) considera que “a entrevista estruturada ou uniformizada é a que requer o máximo de controlo sobre o conteúdo, desenvolvimento, análise e interpretação da medida” (p. 246).

Na entrevista semiestruturada, o investigador possui um guião preparado previamente que serve para orientar o decorrer da entrevista e para garantir que todos os pontos importantes são abordados, apesar de não existir uma ordem rígida nas questões que são tratadas na entrevista. Pode-se dizer que a entrevista semiestruturada já possui algum nível de estruturação, mas ainda assim mantém um elevado grau de liberdade na exploração das questões.

Por fim, na entrevista não-estruturada, o investigador não possui um guião estruturado, bastando definir os tópicos de interesse, fazendo com que a mesma

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decorra de forma informal, no fluir de uma conversa (Gil, 2008). No entanto, isso não significa que a entrevista não deva ser preparada, já que o investigador conversa com o entrevistado de forma intencional, criando as condições para a realização da entrevista não-estruturada.

De acordo com Gil (2008), as entrevistas não-estruturadas são frequentemente utilizadas quando o entrevistado é um especialista no assunto investigado, possuindo mais conhecimento que o investigador. Desta forma, foi realizada uma entrevista não estruturada ao professor cooperante no final da intervenção, com o objetivo de responder possíveis questões que possam não ter sido conseguidas com a própria observação e obter assim uma avaliação da intervenção pedagógica. Para a realização desta entrevista, foram definidos os seguintes tópicos de interesse que deveriam ser abordados ao longo da mesma:

• Práticas letivas da professora estagiária;

• Relacionamento da professora estagiária com os alunos;

• Metodologia e estratégias utilizadas ao longo da intervenção.

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