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4. MÉTODOS E PROCEDIMENTOS

4.3. Instrumentos de Recolha de Dados

Para proceder à recolha de dados foram utilizadas técnicas próprias da investigação qualitativa (Denzin, 2003), como a observação descritiva, não estruturada (notas de campo), a observação estruturada (através de grelhas de observação), documentos escritos (resultantes das atividades realizadas pelos alunos), seguidos de reflexão crítica, questionários e análise de documentos oficiais. Com cada instrumento procurou-se dar resposta a uma ou mais questões do estudo. Neste sentido, para se proceder à recolha de dados relativos às aprendizagens efetuadas e competências

desenvolvidas, recorreu-se ao preenchimento de questionários de avaliação diagnóstica (no início e no final da temática) e questionários de opinião relativos às diversas atividades, conforme anteriormente referido. Com o recurso à observação estruturada (grelhas de observação) e não estruturada descritiva (notas de campo), o investigador / professor teve a possibilidade de avaliar atitudes e competências de comunicação (por exemplo, durante a comunicação oral de resultados obtidos nas mais diversas atividades). Os questionários de opinião representaram uma importante fonte de recolha de informação relativa às apreciações e principais dificuldades sentidas pelos alunos face ao trabalho e estratégia desenvolvidos.

4.3.1. Observação participante

A capacidade de observação é uma das mais preciosas ferramentas utilizadas pelo ser humano para conhecer e compreender as pessoas, os acontecimentos e o mundo à sua volta. Observar é aplicar os sentidos para a obtenção de informação sobre os mais variados aspetos da realidade e, quando subordinada ao serviço dos sujeitos e dos seus processos complexos de inteligibilização do real, fornece dados empíricos necessários à análise crítica (Dias e Morais, 2004). Através da observação, o investigador pode partilhar a condição de humano com os indivíduos que estuda e consegue, assim, melhor compreender o mundo social, pois observa-o a partir do seu interior. Simultaneamente, envolve-se nas mais diversas atividades, obtendo dados espontâneos, de uma forma informal e menos condicionante para os indivíduos estudados (Lessard Hébert, 1996). De acordo com Holloway e Wheeler (1996), na observação participante, o investigador pode desenvolver pesquisas em cenários naturais, de forma a examinar a realidade social. Trata-se de uma forma de recolha de dados empírica, que pode ser validada com o recurso ao planeamento prévio do que observar e como observar.

Nesta perspetiva, para o presente estudo investigativo recorreu-se à observação, sob duas formas distintas: observação descritiva e não estruturada (a partir do registo de notas de campo) e observação estruturada (com recurso a grelhas de observação). Importa referir que a observação não estruturada, com recurso a notas de campo, ocorreu na grande maioria das aulas. O investigador procurou, no final de cada aula, ou sempre que possível, registar dados que considerou fundamentais para a sua investigação. Pelo contrário, a observação estruturada ocorreu em dias planeados, com

recurso a grelhas, capazes de auxiliar o investigador no foco da sua observação. Posteriormente, a calendarização da observação estruturada será apresentada na Tabela 3.

Relativamente ao papel assumido pelo investigador, este desempenhou sempre uma função que Dias e Morais (2004) definem como ”participante” (p.50), pois participou sempre de algum modo nas atividades do observado. Esta forma de observação participante pode ser subdividida em participante ativa e passiva, em função da sua maior ou menor intervenção, respetivamente. A observação passiva ocorre num primeiro momento da pesquisa em que o investigador define o espaço da pesquisa, questiona, faz anotações e situa-se no ambiente a ser pesquisado. Por outro lado, a observação ativa ocorre num segundo momento em que o investigador, com o campo ou espaço já definido e com as informações que lhe são necessárias, imerge no campo, estabelecendo uma interação intensa com os participantes da pesquisa (Spradley, 1980). Nesta observação participante e ativa, o investigador interage com o objeto de estudo, simultaneamente afetando-se e sendo afetado por ele (André, 2003). Importa referir que é fundamental, nesta forma de observação, encontrar um ponto de equilíbrio entre a ação junto do objeto de estudo e a recolha de dados, no sentido em que a própria recolha de dados pode ser prejudicada, quando se verifica excesso de participação ou participação desordenada (André, 2003). Naturalmente, como professora, a participação foi geralmente ativa, mas procurou-se criar momentos de observação participante, menos ativa, nas apresentações dos trabalhos pelos alunos, em alguns momentos de trabalho em grupo na sala de aula e em momentos fora da sala de aula, em que se procedeu à observação dos alunos sem qualquer intervenção. 4.3.2. Questionários

Os questionários são instrumentos de recolha de dados que permitem a obtenção de informação de uma forma muito rápida (Johnson & Christensen, 2004). O recurso aos questionários permite a recolha de dados diversos, nomeadamente dados relativos aos conhecimentos, atitudes, valores e comportamentos da população em estudo. Construir um questionário consiste basicamente em traduzir os objetivos da pesquisa em questões específicas. As respostas às questões construídas proporcionam os dados que o investigador necessita para testar as suas hipóteses ou esclarecer o seu problema investigativo (Gil, 2007). Com efeito, é essencial atender ao que se pretende

avaliar e como se pretende avaliar, devendo haver rigor na seleção do tipo de questionário a aplicar de modo a aumentar a credibilidade do mesmo. O conjunto de questões deve ser muito bem organizado e conter uma forma lógica para quem a ele responde, evitando uma estrutura confusa e complexa, ou ainda questões demasiado longas (Muñoz, 2003). No presente estudo em particular, a linguagem utilizada nos questionários constituiu um importante desafio na medida em que a população em estudo era constituída por estudantes do 8.º ano do ensino básico, por vezes com dificuldades manifestas na linguagem e com uma agitação inerente à idade.

No que concerne à tipologia de questionários, tradicionalmente são definidos três tipos: questionário aberto, fechado e misto. O questionário do tipo aberto é aquele que utiliza questões de resposta aberta, possibilitando respostas livres por parte dos alunos. No entanto, a interpretação e o resumo deste tipo de questionário é mais difícil dada a variedade de respostas que se pode obter, dependendo diretamente da pessoa que responde ao questionário. O questionário do tipo fechado é constituído por questões de resposta fechada, permitindo obter respostas mais facilmente comparáveis com a informação recolhida através de outros instrumentos de recolha de dados. Este tipo de questionário facilita também o tratamento e análise da informação, na medida em que requer menos tempo. Por outro lado, a aplicação de questionários do tipo fechado apresenta uma desvantagem, pois facilita a resposta para um sujeito que não saberia ou que poderia ter dificuldade acrescida em responder a uma determinada questão. O outro tipo de questionário que pode ser aplicado, tal como já fora dito, são os questionários de tipo misto, que tal como o nome indica são questionários que apresentam questões de diferentes tipos: resposta aberta e resposta fechada (Amaro et al, 2005).

Os questionários utilizados no contexto da presente investigação foram constituídos por respostas fechadas (rápidas e objetivas, construídas de acordo com a escala de Likert) e por respostas abertas. Em determinadas questões foi solicitado aos mesmos que justificassem as suas escolhas, para garantir que a resposta não fosse aleatória (Amaro et al, 2005). Adicionalmente, os questionários aplicados foram individuais e sempre no final das principais atividades investigativas, visando a obtenção de informação relativa ao modo de funcionamento dos grupos, principais aprendizagens, dificuldades sentidas e perceção do trabalho desenvolvido individualmente e em grupo. Solicitou-se aos alunos que respondessem a dois

questionários de opinião que procuravam incidir em aspetos relativos aos trabalhos sobre o Aquecimento global e as Chuvas Ácidas. Estes questionários, sendo constituídos por perguntas maioritariamente abertas, que fomentassem a exposição das ideias dos alunos sobre os conhecimentos que apropriaram, sobre a relevância que a atividade assumiu, aspetos mais e menos positivos, principais dificuldades e aspetos que gostariam de melhorar ou ter feito diferente. Os referidos questionários serviram para o investigador como importantes fontes de informação acerca da perceção dos alunos em relação ao seu trabalho (dos próprios alunos), em relação ao desempenho dos colegas e ainda em relação ao trabalho do próprio professor.

4.3.3. Documentos escritos

Para efeitos de estudo investigativo foram considerados como documentos escritos todos os registos escritos produzidos pelos alunos, desde as respostas escritas na atividade de diagnóstico, aos trabalhos apresentados ao longo das atividades até ao teste sumativo. A análise dos referidos documentos foi feita atendendo aos critérios de avaliação estabelecidos para cada documento, procurando-se averiguar as principais dificuldades sentidas pelos alunos, os fatores de maior interesse, as aprendizagens apropriadas e as competências desenvolvidas no decurso das atividades.