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METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO

3.6 INSTRUMENTOS DE RECOLHA DE DADOS

Para a recolha dos “materiais em bruto (…) que formam a base de análise” (Bogdan e Biklen, 1994, p. 149), utilizaram-se nesta investigação instrumentos próprios de uma abordagem qualitativa, como: (a) as entrevistas semiestruturadas realizadas às participantes do estudo e aos dois informadores privilegiados; (b) a observação participante de várias sessões de formação; (c) o diário de bordo da investigadora; e (d) a análise documental, dos portfolios de avaliação elaborados por cada uma das quatro professoras formandas (Patton, 1990). Para além dos dados assim recolhidos, foram

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também consideradas as primeiras impressões, reunidas, de modo informal, à medida que a investigadora se foi familiarizando com o estudo, e que foram posteriormente apuradas e reajustadas (Stake, 2007) (Quadro 3).

Quadro 3

Dados recolhidos durante o Estudo Professoras e Formadores Nº de Entrevistas às Professoras Nº de Sessões de Aulas/ Aulas Observadas N.º de Sessões de Grupo Observadas Nº de Sessões Plenárias Observadas N.º de Portfolios Analisados Nº de Entrevistas aos Formadores Carla 2 2 2 1 1 1 Dora 2 2 1 Matilde 2 2 2 1 1 Sara 2 2 1 3.6.1 As Entrevistas

Para que a investigadora desenvolvesse “intuitivamente uma ideia sobre a maneira como os sujeitos interpretam aspectos do mundo” (Bogdan e Biklen, 1994, p. 134), foram efectuadas duas entrevistas semiestruturadas a cada uma das professoras formandas e uma a cada um dos formadores, na qualidade de informadores privilegiados.

A entrevista semiestruturada permite “obter dados comparáveis entre os vários

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serem especificados os tópicos e as questões a abranger antecipadamente, num esquema geral. Optou-se por este tipo de entrevista por permitir a recolha dos mesmos dados, de forma mais ou menos sistemática, de cada participante, ao mesmo tempo que possibilita um discurso mais natural e que cada participante destaque os factos que considera mais pertinentes (Burns, 2000; Tuckman, 2005).

As primeiras entrevistas às professoras participantes (E1) foram realizadas depois de terminado o primeiro ano de frequência do Programa de Formação, em Julho de 2008. O guião desta entrevista incluía questões relativas à caracterização das participantes e do seu percurso pessoal e profissional na área do ensino experimental das ciências; à concepção das participantes sobre a natureza da Ciência, sobre o ensino, a aprendizagem e a integração do ensino experimental das Ciências nas actividades de sala de aula e sobre a formação contínua; e ao significado que as participantes atribuíram ao programa de formação no conhecimento e desenvolvimento profissional do professor (ver Guião no Anexo 1). Estas entrevistas tiveram a duração aproximada de uma hora e decorreram num ambiente informal. Por conveniência quer das entrevistadas quer da investigadora, estas entrevistas decorreram apenas em duas escolas, uma de cada agrupamento. Cada uma destas escolas era a que reunia, na altura, melhores condições de trabalho: disponibilidade de espaço e ambiente mais calmo.

Como já foi referido, também se realizou uma entrevista semi-estruturada a cada um dos formadores (EF), com o objectivo de compreender o seu papel enquanto agente responsável pela implementação de uma estratégia de desenvolvimento profissional das quatro professoras formandas (ver Guião no Anexo 2). Estas entrevistas foram também efectuadas no fim do primeiro ano de formação. Tiveram uma duração aproximada de quarenta minutos e realizaram-se numa sala da Instituição de Ensino Superior responsável pela formação no distrito, num ambiente descontraído.

As segundas entrevistas (E2, ver Guião no Anexo 3) às formandas foram realizadas no ano lectivo seguinte, entre Dezembro de 2008 e Janeiro de 2009. Estas entrevistas realizaram-se nas escolas em que cada professora exercia a sua actividade profissional. Este facto implicou, em duas situações, algum ruído de fundo, pois, apesar

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de se realizarem em salas distintas, o isolamento acústico não era bom e o ruído proveniente das salas onde decorriam as actividades extra-curriculares fazia-se sentir, o que se veio a reflectir principalmente na qualidade das gravações efectuadas. A sua duração foi de 20 minutos aproximadamente. Pretendia-se, com estas entrevistas, aprofundar e clarificar alguns dos aspectos referidos na entrevista anterior ou observados em sala de aula (Stake, 2007).

Todas as entrevistas foram gravadas em áudio, posteriormente transcritas e sujeitas a uma análise de conteúdo de tipo categorial (Bardin, 2004).

3.6.2 As Observações

Para complementar os dados recolhidos e “confirmar ou não várias interpretações que emergiram das entrevistas (…), para procurar encontrar ocorrências surpreendentes” (Tuckman, 2005), foram efectuadas várias sessões de observação. O Programa de Formação de professores do 1.º Ciclo em ensino experimental das ciências prevê a realização, ao longo do ano, de três tipos de sessões de formação: sessões plenárias, sessões de grupo e sessões de sala de aula. Assim, e por terem objectivos diferentes, realizou-se a observação de duas sessões de sala de aula de cada professora formanda, a observação de duas sessões de grupo de cada formador e a observação de uma sessão plenária. Estas observações, de carácter naturalista, permitiram recolher dados no ambiente usual dos participantes, assumindo a investigadora uma posição de observadora participante (Bogdan e Biklen, 1994), tendo o cuidado, contudo, de procurar não influenciar aquilo para que estava a “olhar”. Nas sessões de sala de aula interagiu com os alunos; nas sessões de grupo, com os professores formandos.

A investigadora procurou, acima de tudo, recolher dados que completassem a informação obtida através das entrevistas, nomeadamente, sobre o conhecimento das professoras acerca: (a) das finalidades e dos objectivos do ensino e da aprendizagem das ciências, pelo tipo de abordagem, estratégia e materiais utilizados; (b) do modo como os

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alunos compreendem a ciência, designadamente da identificação e esclarecimento de concepções alternativas dos alunos; e (c) sobre os instrumentos e procedimentos específicos de avaliação.

No final de cada sessão de observação foi mantida uma conversa informal, com vista à compreensão do sentir dos professores formando e formador sobre a sessão realizada. Estas observações foram transpostas, logo que possível, para o respectivo “relato escrito daquilo que o investigador ouve, vê, experiencia e pensa no decurso da recolha” (Bogdan e Biklen, 1994, p. 150), constituindo as notas de campo da investigadora.

No fim das primeiras sessões de observação da formação em sala de aula, a investigadora conversou informalmente com alguns alunos para perceber o sentido que estes atribuíam a estas sessões.

3.6.3 A Análise Documental

A análise documental efectuada focou-se nos portfolios de avaliação elaborados pelas participantes no fim do primeiro ano de formação. Procurou-se informação adicional relativa a reflexões pessoais sobre a formação frequentada e o respectivo contributo para o desenvolvimento pessoal e profissional de cada formanda, reforçando- se, assim, também a triangulação de métodos de recolha de dados.